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2008 um ano pra lembrar ou esquecer?

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                                                   [ criação por carlos h carneiro em i. a. ] pessoas, fiz este texto em 2008, achei que podia colocar aqui, então vai. 2008. século 21. homenagens estão sendo feitas a três escritores importantes, de nossa língua: pessoa ( 1888-1935 ) , guimarães rosa ( 1908-67 ) e machado de assis ( 1839-1908 ) . ano de 2008 é data redonda para se relembrar gigantes da literatura. relembrar, reler, mas não colocá-los em disputa, como fez a folha de s paulo, neste domingo, 22, com um caderno em que opinaram umas dezenas de supostos críticos, alguns até querendo fugir do páreo e conclamando euclides da cunha ( era melhor então não ter aceitado convite do jornal ). nem vou dizer quem venceu a enquete, seria dar corda à falta de pauta do jornalão. gente, vale a pena comparar rosa e machado? paulinho da viola e noel? mário faus...

memória pop - gonçalves dias e kate bush

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  gonçalves dias fez um sabiá voar pelos versos do hino nacional, assim como em "sabiá", naquele festival internacional da canção, em 1968. o poema do maranhense dias é publicado em 1843, trata de sentimento nacionalista, a questão do exílio, a saudade... o brasil de 1968 era de um tempo terrível. chico e  tom compuseram e cantaram "sabiá", tristíssima, um contra-hino, merece lembrança sempre. eles cantaram mesmo debaixo de vaia, com aquelas burocráticas cynara e cybele. tom e chico, pra mim, equivalem a esta dupla da foto, gilmour e bush. sério. acho isso mesmo... olhem, já no final dos anos 1970, só a tevê cultura, aqui por são paulo, passava "clips" musicais. era o tv2 pop show. o que mais me chamou atenção, pra sempre, foram duas imagens: o police, em "every breathe you take", e a também inglesa kate bush, uma descoberta de david gilmour. agora, os três temperamentais do "police" até que se reuniram e passaram pelo rio de janeiro, e...

pedras e albert camus

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  tiziano - séc 16 leio em camus que ser árvore ou galinha é algo mais lógico pois, nesses casos, seríamos o próprio mundo, tal como a árvore, galinha ou um riacho besta, perto da rodoviária. próximo disto, somos um estorvo. olhem, não somos o mundo, fazemos parte dele. devia ser uma tragédia essa constatação, mas o humano faz questão de descolar-se desta equação e querer parecer mais do que o óbvio... daí, por que deveríamos manter a própria vida, se ela, em si, parece esquisita, num mundo de aves, borboletas ou pedras? não há nada que se pareça a um humano, nem mesmo saguis, do parque aqui ao lado. camus é um alberto caeiro sem ressaca. o livro, alguns conhecem, "o mito de sísifo", um ensaio sobre o absurdo. coloco aqui um nervo exposto porque esta é a razão de minha existência. certeza. ouça: "(...) toda a ciência desta terra não me dará nada que possa certificar-me de que este mundo é meu ". no mesmo capítulo, o existencialista e passional camus vai dizer que, c...

marlon brando sempre atual

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  há dois filmes marcantes, na linha da necessidade de superação, quer seja ante a máquina ou diante de opressores de carne e osso. um é "tempos modernos" (chaplin), 1936. outro, é "sindicato de ladrões" (on the waterfront), 1954, com o impagável marlon brando em seu melhor papel. a tradução, em português, ficou uma bomba, mas reina mesmo por aqui mania de destruir os títulos originais. brando faz terry maloy, irmão de um alto escalão na máfia portuária, mas que, desde o início da narrativa, se mostra sensível. câmera em movimento, apelo à trilha sonora e belíssimo figurino, "sindicato..." tem a seu favor, não só a boa mão do diretor elia kazan, mas a denúncia da época do macartismo. parte do filme se passa no alto de um prédio, local de criação de pombos-correio, viveiro pertencente ao operário morto no início. simbólico o momento em que, após denunciar seus opressores (ex-amigos da máfia sindical), maloy (brando) volta ao prédio e vê os pombos que cu...

professor desmotivado é quase rotina

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  um dos pilares da desmotivação de professores e professoras, por aqui, é a percepção de que se está aprisionado em um sistema "fordista" de trabalho em sala, ou seja, a divisão sumária do processo de ensino em categorias engessadas de aulas, como "matemática", "gramática", "geografia" etc... ou seja, para  cada educador, só resta a tarefa de reproduzir o material didático sem poder se voltar também a temas atuais ( racismo, política, preservação da natureza, homofobia, interrupção de gravidez etc ) -- mesmo que relacionados à matéria -- sob pena de atraso no conteúdo. é triste. sobram poucas opções: 1. reconsiderar o número de aulas por matéria (melhora até planejamento) 2. rever o material didático 3. união com outras áreas para lidar com atualidades 4. chorar  olhem, no limite, também é possível propor tarefas extraclasse aos estudantes envolvendo aqueles temas citados que geralmente ficam de fora da sala por conta desse aprisionamento de age...

a ilustre casa de ramires: livro injustiçado

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  romance da fase final da vida literária de eça de queiroz (1845-1900), " a ilustre casa de ramires " propõe uma espécie de paráfrase -- com algum humor -- para a trajetória política e econômica de portugal, desde a idade média, até o século 19. personagem central, gonçalo mendes ramires , é o último fidalgo descendente de uma geração de ramires que sempre estiveram próximos da nobreza lusitana. ao final, o próprio joão gouveia, personagem, afirma que gonçalo é a representação de portugal. por que injustiçado?  porque leitores e leitoras do século 21 têm pressa. livros do século 19 -- em prosa -- não se encaixariam nessa ansiedade das gentes do tal século.  há muitas descrições ? sim. isso torna a narrativa lenta ? sim! e o que fazer ?  ler com calma.  agora, se ficar insuportável, basta deixar de lado e procurar outra horta. nçao tem jeito. se quiser, pode ver o vídeo que fiz sobre o livro, logo aqui baixo.  olhem,  é cultural da época, é do estilo d...

carta campinas entrevista professor

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  a plataforma "carta campinas" me convidou para uma conversa. foi ótima!  com glauco, miguel e luís parra trocamos ideias e compartilhamos algumas angústias.  os temas?  política, educação e literatura. se gosta, vale pena ir ao canal deles -- y tbe clique aqu i -- e ver toda a conversa que durou mais de uma hora! se preferir, fiz uma edição resumida, aqui, é só clicar.

resumo das notícias do dia

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                                                        [ ilustração por c h carneiro - via i.a. ]         resumo das notícias do dia            vamos morrer            mas não agora

poesia falada é slam

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  alê barreto (slam capão, s paulo) em 2009, a amiga julia ciasca estava na alemanha. de lá, ela me falaou do p oetry sla m, evento literário que então acontece uma sexta feira por mês, desde 1997. ocorre em bares e clubes, dentre outros espaços. a coisa toda, na alemanha, se chama s t atz nach vor n , algo como "frase adiante". existe classificação, júri e prêmios. fico pensando em incluir poesia nas próximas olimpíadas, já que pela grécia essa atividade artística -- o versejar -- era sempre exaltada. são três minutos que o ser humano tem para transmitir seu texto. não pode música. nem figurino específico. eu ganharia fácil do gabriel, o pensador, certeza. pois então fica uma dica excelente, nos mundos da poesia orgânica e ao vivo... se você já ouviu falar em "sarau", pode atualizar. obrigado ju ciasca.  slam incorporado com sucesso.      . . . . . . .  .  .  .  .  .   .   .   .    .    ...

escolas literárias - pequeno painel

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  vejam esta: abaixo, do realismo até século 20  . . . . . .  .  .  .  .  .   .    . livro de história da literatura  - clicA conheça a lojinha da amazon  - clicA

dante também está cansado

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                                        [ dante e gérion -- ilustração: carlos h carneiro -- via i.a. ] aqui no sudeste faz frio, venta, multiplicam-se galhos e folhas pela rua. roteiro que lembra um livro lá de florença, itália. é junho. no caminho, inferno a dentro, o poeta dante sente arrepios de pavor diante de despenhadeiros, rios de fogo, poços fumegantes, fora a chance de ser morto por um centauro imenso. é " a divina comédia " , lá do século 14.  não há centauros, lá fora, mas o barulho do vento pela janela incomoda. há notícia de pessoas sem casa ou sem teto. bueiros entupidos, árvore sobre carros e carros boiando em alagamentos. no rádio toca "meu santo tá cansado" ( o rappa ). qual saída? para dante, poeta virgílio o aconselha abraçar-se a gérion, um monstro, meio gente, meio réptil, e assim poder passar de uma parte a outra, na busca de sair do inferno. ou seja,...

mão na cabeça, freud!

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  dizem que terapia é exercício para cérebro, mas nos últimos tempos tem sido mais que isso. pra começar, não caio na armadilha do "corpo e alma", como se uma coisa existisse por si só, separada dessa outra ( anima ) sem forma nem definição. fim da idade média. o humano, desde aristóteles, é animal racional e, aí, já entramos noutro problema com palavras. por que só ele o racional? uma coruja elabora seu trajeto até o ninho, depois até a presa, prepara seu vôo, ataca, enfim, está usando algum tipo de lógica, seu insitinto, digamos, racional. qualquer bicho articulado (com exceção do macunaíma) elabora, pensa e age de acordo com seu meio também, mesmo que seja para mudá-lo, como os castores e os humanos. pensar não dói. olhem, tanto lou marinoff quanto marc sautet  defendem o bem-estar do homem pela fiolosofia. se ainda não conhece, deveria ler "mais paltão, menos prozac", do primeiro, e "um café para sócrates", do segundo.  

a letra líquida: novo livro chegando

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                                                             [ centro de ciência da luz ]                                     uma das ilustrações do livro -- via i.a. -- por mim mesmo sim, tem novo livro saindo. depois de "abolição via vargas", em 2021, agora vem "letra líquida". estou com a editora viseu, desta vez.  trabalho claro, acolhedor e desperta confiança . bom, qual é a história? narrador e amigo se vêem ligados a uma moça chamada moema.  século 21. por um tempo, os três moram juntos, depois descobrem que a tal moça, na verdade... olhem, vou colocar  um trecho:    . . . . . . . . . .  .  .  .  .  .   .   .    .    (...) O começo de tudo foi assim:...

vida e morte de m j gonzaga de sá - considerações

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  quando : início do século 20 quem :  augusto machado e gonzaga de sá romance em 1a. pessoa:  augusto machado personagem central : manuel joaquim gonzaga de sá por que ler: livro publicado em 1919 discute realidade brasileira pós-império, no rio de janeiro; expõe males da eugenia e escancara abismo que separa pobres daqueles que têm poder... e  é obra do lima barreto conflito: diferença de classe veja o que falei do livro neste vídeo   . . . . . .  .  .   .   .    .

céu líquido

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[ ilustração: carlos h carneiro via i.a. ] na peça "vestido de noiva" ( n. rodrigues ), a personagem alaíde sofre alucinações em cama de hospital, vê figuras do passado, revive realidades... a criatura de "frankenstein" ( shelley ) com certeza deve ter sofrido um tanto, antes de abrir os olhos amarelos, na alemanha. há outros aqui, na estante, sofrendo do mesmo mal, como naziazeno ( os ratos ), luís ( angústia ), quixote ( d. quixote ), mersault ( o estrangeiro ), sidonio rosa ( venenos de deus, remédios do diabo ) ou mesmo hamlet, que dispensa comentário. tudo povo alucinado. angustiado. a depressão é a primeira curva na estrada das alucinações, não sei como se viraram esses personagens, porque estão sempre na curva, encostados, uns nos outros, aqui na estante do quarto, um empurra-empurra secular, às minhas costas, agora, enquanto escrevo. não é boa a sensação, quando se tem na estante "a queda da casa de usher" ( poe ) ou "fantasma de canterville...

o que é seu fica nos livros

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  o que é seu, fica nos livros. a frase é minha mesmo, pode aparecer em alguma publicaçao, de repente… depende de muita coisa, mas a frase é boa.  nicolau é o nome de hoje. polônia, maio de 2010, finalmente fizeram enterro oficial dele, o nicolau copérnico (1473-1543) , chamado pai da astronomia. não é bem certo, porque os gregos, os egípcios ou os incas já faziam muitas coisas bem antes de nicolau engatinhar, mas como tudo na vida é marketing, alguém ficou dizendo ele era o pai, então fica sendo. o polonês, além da formação em matemática, também estudou medicina e foi ordenado padre. a questão, para quem não sabe, é que nunca se conheceu, ao certo, o local, na igreja, onde estaria o corpo do matemático. ele estaria na catedral de frombork, junto a dezenas de outras pessoas, sem identificação precisa, desde o século 16. então, fuçando em algumas ossadas e combinando com dna encontrado num livro que ele manuseava – havia fiapo de cabelo nele –, chegou-se a uma conclusão: a...