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quarta-feira, 23 de abril de 2025

amor é um fogo que arde sem se ver - camões - comentário

 

                                 
                                    [ luiz vaz de camões 1524 - 80 ]


  
Amor é um fogo que arde sem se ver;
  É ferida que dói, e não se sente; 
  É um contentamento descontente;
  É dor que desatina sem doer. 

  É um não querer mais que bem querer;
  É um andar solitário entre a gente; 
  É nunca contentar-se e contente; 
  É um cuidar que ganha em se perder;

  É querer estar preso por vontade; 
  É servir a quem vence, o vencedor;
  É ter com quem nos mata, lealdade. 

  Mas como causar pode seu favor 
  Nos corações humanos amizade,
  Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

     . . . .  .  .    .     .

soneto publicado no livro "rimas", século 16. luís vaz de camões (1524-80)
texto mais famoso da língua portuguesa, até aqui. não arrisco dizer que é o melhor, mas o mais famoso sim.

e o que há neste poema? a busca de definição do amor. repleto de antíteses e paradoxos, o poema reúne contradições, opostos, para definir o sentimento amoroso que, no limite, seria algo turbulento, uma  mistura de razão e emoção. nas três primeiras estrofes, há uma lista de contradições. daí, a última estrofe traz a pergunta retórica instigante: se o amor é tão repleto de contradições, como alguém é capaz de buscar amizade (sossego) dentro dele? ou seja, como procurar serenidade em algo tão intensamente contraditório?
muitas leituras críticas deste poema insistem em afirmar que o texto não traz uma definição do amor porque o poeta está cheio de dúvidas. errado. os versos afirmam! o tempo todo afirmam que é uma comunhão de opostos! logo, a definição do amor está dada: é um jogo de contrários. o amor -- segundo o poema -- é um conjunto de sensações contraditórias. simples assim.

    .  .  .  .   .    .    .     .

  saiba mais


terça-feira, 8 de agosto de 2017

sete anos de pastor - luís de camões




                                

 Sete anos de pastor, Jacob servia Labão

 Pai de Rachel, serrana bela

 Mas não servia ao pai, servia a ela

 E a ela só por prêmio pretendia


Os dias, na esperança de um só dia

Passava, contenda-se com vê-la

Porém o pai usando de cautela

Em lugar de Rachel, lhe dava Lia


Vendo o triste pastor que com enganos

Lhe fora assim negada sua pastora

Como se a não tivera merecida


Começa de servir outros sete anos

Dizendo: mais servira se não fora

Para tão longo amor, tão curta a vida


      [ Rimas, 1595 ]

                                               Luis Vaz de Camões [1524-80]

NÃO SE PERCA

sete : número místico para os cristãos, que envolvia a quantidade de pecados capitais
e também a de planetas, até então, conhecidos... ainda na mitologia cristã, foi o tempo
total que deus gastou para fazer o mundo... incluindo o dia de descanso,
porque ninguém é de ferro.

 


PARA SABER MAIS

soneto de intensidade lírica expõe personagem que seria capaz de ultrapassar

os limites da seara do tempo e do trabalho para ficar com seu amor.

num efeito de linguagem amorosa, afirma-se, no início, que jacob não servia

ao sogro, enquanto trabalhava nas terras da família, mas sim a rachel, seu

prêmio por tamanho esforço. o final do ciclo de trabalho prometia, então, bem mais do que isso.

no início da trama, foram sete anos apenas contentando-se com vê-la. ai,
quanto platonismo. na real, mais trabalhoso que vencer o tempo, neste caso, era encarar a inhaca da irmã.
apesar de nomeados e datados os personagens, o poema ganha contorno
universal por conta do seu tema: a submissão ao amor; o desejo que faz
o amado superar dilemas, enfim, resquícios do lirismo medieval.
não se esqueça: decassílabos com predominância do acento na sexta
e décima sílabas (heroico).




sábado, 29 de abril de 2017

leonardo da vinci




rei do pop, gênio, irreverente, melhor de todos, pai da mona lisa, muitas são as referências a este italiano do norte. mas ele foi mesmo um pintor engenheiro, um estudioso, humanista, sensível. um clássico. 

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