um dos pilares da desmotivação de professores e professoras, por aqui, é a percepção de que se está aprisionado em um sistema "fordista" de trabalho em sala, ou seja, a divisão sumária do processo de ensino em categorias engessadas de aulas, como "matemática", "gramática", "geografia" etc... ou seja, para cada educador, só resta a tarefa de reproduzir o material didático sem poder se voltar a temas atuais (racismo, política, preservação da natureza, homofobia, interrupção de gravidez etc) -- mesmo que relacionados à matéria -- sob pena de atraso no conteúdo. é triste.
sobram poucas opções:
1. reconsiderar o número de aulas por matéria (melhora até planejamento)
2. rever o material didático
3. chorar
olhem, no limite, também é possível propor tarefas extraclasse aos estudantes envolvendo aqueles temas citados que geralmente ficam de fora da sala por conta desse aprisionamento de agenda e conteúdo.
para isso, necessário é uma sintonia afinadíssima com a coordenação pedagógica.
ideia trazida de um dos países mais conservadores do ocidente -- os estados unidos -- uma bolsa que tranca telefones celulares de estudantes, nas escolas, está em vigor, por aqui. olhem, é tremendo erro proibir celulares sem educar. mas isso é coerente com o ritmo da nossa educação. ela sempre foi conservadora. questões como bullying, violência contra mulher, respeito à comunidade lgbt ou mesmo o racismo, raramente entram em sala. no máximo, numas postagens em mídia eletrônica ou nas pífias reuniões com professores, antes do ano letivo começar. nossas escolas ainda respiram o ensino jesuítico do brasil colônia e império: professor é autoridade. pune. e ponto. olhem, vou insistir: não resolve proibir, porque a relação professor-estudante não irá mudar só com isso. é esta relação, aliás, que faz estudantes quererem escapulir daquele ambiente, daquela rotina. por quê? porque a maioria dos assuntos tratados em sala não corresponde à realidade de humanos jovens. há muita erudição, diletantismo, nos currículos. assuntos que fariam sentido para quem já estivesse na universidade. para além de assuntos distantes da realidade, é urgente que outras ações entrem em sala também, como estas que listei acima: bullying; cidadania, política, meio ambiente etc.
pra quem não entendeu: não prego a liberação total de uso dos tais aparelhos durante as aulas, mas sim discutir e argumentar com estudantes por que os aparelhinhos devem ficar na mochila ou desligados. precisa ser simples. muitos educadores não querem este trabalho e preferem apenas proibir. cansa.
governo do estado de são paulo, neste agosto de 2023, baixou portaria determinando que diretores devem observar aulas de professores(as) duas vezes por semana, pelo menos. a direção deve enviar relatórios à secretaria de educação. a portaria, no entanto, não diz o que será feito depois que tais relatórios chegarem à secretaria... olhem, sabidamente, a escola é alvo da extrema-direita há séculos. a escola ou quem estuda. vide casos como giordano bruno, galileu, graciliano ramos, aracy rosa (esposa de g. rosa), rachel de queiroz, lelia gonzalez e tantos e tantas outras que ousaram usar o cérebro para melhorar vida de pessoas e transmitir conhecimento. questões básicas como combater o racismo, combater violência contra mulher, valorizar acolhimento e respeito à comunidade lgbt são alvo sim desse povo que se diz "por deus" ou "pela família". tenebroso. infelizmente, não é maioria que está pela democracia e educação, em são paulo. são poucos, mas precisam de apoio. principalmente educadores e educadoras. verdade, ciência, história e arte são coluna vertebral de cidadania. se isso for cerceado -- como nas ditaduras militar e vargas --, teremos um grande passado pela frente. este governador é sim apoiado por essa gente preconceituosa, ignorante e antidemocrática.
professores e professoras de são paulo, por favor, lutemos.
não existem duendes que atacarão seu pudim de leite, assim como inexistem fórmulas mágicas para melhorar a vida de estudantes, em sala ou fora dela. quando a questão é deficiência de aprendizado, muito se lê sobre desatenção, timidez ou livros com poucas figuras. pode ser, pode não ser. e a avaliação, como vai? e a relação professor(a)-estudante existe?
numa viagem sem planejamento, todo motorista é cego.
cego ou aventureiro. penso assim:
reuniões entre áreas; canal aberto, direto entre professores e direção, entre professores e coordenadores de nível (médio/ fundamental). existir avaliação de todo corpo docente e direção.
toda a comunidade precisa estar ciente das metas e objetivos das aulas de cada matéria. quando tudo se expõe, no início do ano, todos ganham. dar voz ao aluno é básico. não há quem suporte meia dúzia de aulas apenas anotando e ouvindo. o professor deve interagir com sua sala, transmitindo um mínimo de segurança, baseando seus conceitos na ciência e na cidadania. tratar de temas como ética, gênero, democracia e saúde é dever de todos. não deve haver prato proibido no restaurante da educação.
maçã, na mesa do professor é imagem gasta mas
infelizmente duradoura, na rotina iconográfica das escolas. maçã caiu na cabeça de newton,
dizem os românticos. pura lenda. pouca gente acredita nisso. isaac tinha mais o que
fazer do que ficar debaixo de um tufo de folhas, comido por formigas, alvo de
uma maçã, provavelmente podre, em sua testa glabra. claro que vou lembrar o "gênesis", da bíblia, a quem a maçã é símbolo
de pecado, prazer e sabedoria. mas isso é outra conversa. o que é um professor? o emissor de conhecimentos? pessoa que garante a disciplina da sala? o chato que não dá nota boa? há muito desrespeito com educadores, sim senhor!
nas escolas é preciso fazer provocação sim,
fazer perguntas sobre a vida cotidiana, desde como economizar água, até o caminho
para as próximas eleições, sem melindres. professor é herói sim e precisa ser agregador. contudo, há solidão demais no
processo educativo, porque os professores pouco falam entre si. só a maçã
não alimenta.
de onde vêm professores e professoras de nossos ensinos fundamental e médio? recém-formada (às vezes nem isso), a pessoa
chega numa escola básica e, com sorte, consegue estágio, o que equivale a dar algumas aulas de graça e ser observado, às
vezes, apenas por alunos... quem sabe um outro professor de folga. e a vida
segue.
autodidatismo e susto são uma norma, na vida escolar de quem quer
iniciar vida profissional, em sala de aula. até a pessoa pegar o jeito da coisa, lá se vão anos. alguns passam a vida de costas a seus alunos dando aula para si mesmos, apagando e rabiscando lousa...
já pensaram se fosse assim com seu dentista ou ginecologista? se eles
precisassem errar um tanto por anos, arriscar novidades no escuro, solitários, até achar o
jeito?...
recomedação: os mais velhos na casa ou os de mais idade devem sim oferecer apoio, dicas, assistir aulas daquele(a) que está iniciando. e o iniciante poderia sim estar aberto a esse tipo de relação... sei que é difícil pra muita gente essa coisa de empatia, humildade... fica bem nos livros... ou numa croniqueta chata dessas. fui.
meu professor polvo, documentário na plataforma netflix. lançado em 2020, é produção sul-africana. indicação da natália carneiro.
direção : pippa ehrlich e jamess reed
o documentário trata dos mergulhos de craig foster que acompanha a rotina de um polvo fêmea, suas aventuras com tubarão, métodos de caça, maneiras de se camuflar e, principalmente, a relação que ela cria com o mergulhador.
tudo isso em mais de trezentos dias.
tempo mais que suficiente para que craig descubra -- em sua relação com a natureza --, o lado instintivo de existir e, também, a sintonia necessária para perceber que o oceano pode ser uma grande mente.
na escola, sugerir que estudantes -- desde o meio do ensino fundamental 2 até o médio -- façam uma resenha, um comentário e descubram que não se trata apenas de uma temática científica. não é algo específico da área de biologia, por exemplo.
conceito de inteligência; tempo para respirar; ciclo da natureza a se respeitar; métodos de comunicação...
filosofia, sociologia, produção de texto, arte, educação física, matemática, praticamente todas as áreas podem explorar o documentário em suas aulas... sugerir atividade interdisciplinar e também combinar esse documentário com o livro "ideias para adiar o fim do mundo", do ailton krenak, poderia ser a salvação de tudo, juro.
muitos professores de áreas chamadas "exatas" e "biológicas" reclamam que estudantes, via de regra, pecam na interpretação de texto. na escola, muito comum, produções de texto em aulas de português, redação, às vezes, literatura, às vezes nas aulas de língua estrangeira. é pouco.
agora, por que apenas o professor de português precisa fazer este exercício de trabalho com leitura e produção com estudantes? teria o professor de redação de fazer toda a tarefa da área de física, matemática ou química, por exemplo? é comum encontrar professores de produção de texto, em geral, estafados com o descaso de muitos estudantes com o ato de redigir. por quê ? porque não é comum, não é cotidiano, nas escolas, a produção de texto. apenas professores de portguês -- e suas variantes -- seriam responsáveis por gerenciar atividade de produção de texto. é pouco. está na hora de rever planejamentos e desencaixotar essas matérias todas, principlamente nas séries finais do ensino fundamental 2 e médio. pelo menos duas vezes ao ano, outras áreas deveriam pedir um pequeno texto sobre determinado assunto. uma crítica, um comentário, nada profundo não. estudantes em geral poderiam ser mais motivados a produzir texto, diário, blog... são raras as escolas que rumam nessa linha de lidar com área digital. e olhe que estamos perto de 2021 e, muitas das vezes, as redes sociais de uma escola estão na mão de um prestador de serviço que gerencia fotos do pátio ou de uma reunião de professores. nada de alunos protagonistas. não é por acaso, muitos professores enfrentam o descaso e o silêncio de estudantes, durante este período de aulas via computador. silêncio que castiga professores. mas é um castigo em função do que não foi feito, para os alunos, nestes útlimos quatrocentos anos. ele -- o estudante -- nunca foi protagonista. e, então, nesse momento, o jovem tem o controle na mão. ele decide se quer ou não o que vai ser ofertado. e, pelo visto, não quer. culpa desse aluno? em parte sim. em parte pelo que se plantou nessa relação professor-aluno.
converso com estudantes, colegas, nesse mundo da educação.
sou professor de ensino médio e pré-vestibular. em 2021, serão 35 anos em salas de aula. a idade e a diversidade de escolas, me fizeram conhecer muita gente e suas realidades.
para não me alongar: o estudante, no brasil, nunca foi protagonista. o tipo de ensino ainda é estilo jesuítico, ou seja, um fala, os demais escutam e têm de agradecer. quase nunca podem questionar. e o que for diferente disso é exceção.
nesta pandemia, em 2020, fica claro que o jogo virou para o aluno.
o esquema de estudo via internet torna o estudante protagonista porque ele pode, agora sim, decidir por ficar ou não diante da tela que transmite a aula. é dele o controle.
o sistema de interação escola-estudante está capenga. já disse meu amigo joão ardoino que nosso sistema educacional equivale a uma parede mofada. tentamos pintar, mas logo o mofo retorna... precisa limpeza. raspar. começar de novo.
começa por melhorar a aula. não vou cair na armadilha fácil que é criticar a escola simplesmente. isso qualquer um faz. digo priorizar o estudante, durante os anos dele na escola. dialogar.
melhorar a aula não é fazer estratégias mirabolantes, dentro de sala, como se atenção dos alunos (leia-se "silêncio") fosse sinônimo de aprendizado. nada disso. dialogar, propor atividade ligada à comunidade em que se está, permitir que haja movimento físico, que estudantes falem, se organizem para um debate, depoimento, arte, esporte, experiência científica, mesmo que seja apenas ir a um pátio olhar o azul do céu e falar sobre eclipse, pássaros, fotossíntese, terra redonda, o básico.
professor, professora, educadores, precisamos ligar o alerta!
valores passados em sala, ultimamente, não são respeitados mais. por quê? porque são valores que só servem ali, na sala, para a prova da semana seguinte. nada contra as fases da meiose, a terceira lei de newton ou o conceito de barroco. tudo importante. mas e a realidade? o racismo, a cultura indígena, violência contra mulher, a questão do aborto, floresta amazônica, sistema prisional, drogas, como ficam? o respeito às diferenças, comunidade lgbt, como ficam? não é para tratar disso? hoje, 2020, a eugenia em curso: deixar morrer a periferia, onde fica geralmente a população negra. o que têm a dizer professores? nada? falam de trigonometria e a queda do império romano, é isso?...
pedir ajuda, professor, professora! isso melhora relação entre alunos, alunas e o que precisa ser aprendido. não só o sistema de rotação da terra ou a extensão do rio nilo que são importantes, tudo bem. mas há a realidade desse estudante e a do professor que merecem respeito.
saiu da boca do eleito, neste 2018, que professores devem ter suas aulas filmadas. professor deve ser constrangido e dizer apenas o que seguidores de jair querem. e a gente sabe bem o que se quer: calar a verdade e censurar espírito crítico. veja o que fazer.
primeiro: ninguém pode filmar aula do professor sem autorização. é crime. se filmar e ainda publicar com críticas -- sem autorização -- é calúnia, passível de pena. é crime. segundo: em caso de ameaça ou ofensa, registre o episódio, assegure-se de testemunhas, comunique direção da escola e faça boletim de ocorrência. procure ajuda jurídica do sindicato de sua região. e eu aqui lembrando quantos professores e professoras conheci que jogavam -- e ainda jogam -- pedra no sindicato... voltando: tenha perto de si o telefone do sindicato. evite sair da sala se seu pedido para não filmar não for atendido. algumas instituições de ensino possuem câmeras, na sala, o que facilita essa relação. terceiro: se o pedido para não ser filmado não surtir efeito, não saia da sala: peça a que outros alunos chamem alguém da coordenação ou direção. quarto: caso seu pedido para ser filmado não tenha sido atendido, faça boletim de ocorrência; pior ainda se professor(a) não tenha percebido que foi filmado e teve imagens divulgadas sem autorização. isso é calúnia. crime. trocar ideia é a base da relação entre pessoas civilizadas desde as cavernas. porém, há pessoas que querem simplesmente calar a história, censurar o debate sob argumento de que combater autoritarismo é doutrinação. fascismo, não! vejam, a tendência é que o discurso sobre criacionismo, versão militarizada para o golpe de 1964 ou mesmo ensino de catolicismo nas escolas, tudo isso volte. é ruim para a humanidade o retrocesso científico e histórico. pior: com respaldo de amadores, sub-coronéis ligados à direita e á criminalização da pobreza, muitos educadores podem se sentir constrangidos sim.
o espírito crítico diante da sociedade ocidental não para. o próprio sistema vem produzindo tragédias sociais. não entender que fascismo, nazismo, racismo ou homofobia são um mal é atestado de incompetência intelectual e também resvala no crime. repito : professor, professora, há respaldo para seu trabalho! procure o sindicato de sua região e informe-se. muitos fazem até o atendimento via internet. informe-se. cabeça erguida.
professores, educadores, pais e famílias conscientes, leiam :
é comum, na área do ensino, aqui pelo meu mundo, o desconforto da clientela com determinado professor, professora. muitas das vezes a culpa é do próprio aluno, porque quem tem a última palavra é sempre o adulto da relação, pelo menos como pede a carteira de identidade.
quando alunos se dispersam ou vão mal nas avaliações (que muita gente insiste em chamar de prova) é comum cravar que a culpa é do aluno.
olhem, se a maioria, na sala, usa de artifícios para fugir da aula, mesmo de corpo presente, há algo errado sim com a aula e os métodos de quem a ministra. se a maioria vai mal numa avaliação, é preciso considerar umas tantas variáveis para se achar a causa, como: não se reforçou a data do evento; as questões tratadas na avaliação foram retiradas de manuais de vestibular (nada de própria autoria); professor(a) não explicou como estudar o conteúdo; professor(a) nunca fez ou propôs tarefas condizentes com os objetivos das aulas ou a emília, do sítio, embaralhou as perguntas e todo mundo ficou confuso.
insisto: melhorar a relação professor-aluno implica diretamente em rendimentos melhores, não só na sala de aula como nas avaliações -- caso elas se mostrem coerentes, diga-se.
não falo de relações subjetivas, pessoais, como ir ao churrasco da galera, jogar vôlei no intervalo ou dar carona aos alunos em dia de chuva. é a relação dentro da sala, em linguagem de dia-de-semana, perguntando, chamando atenção, mantendo a plateia unida a seu conteúdo.
é difícil? talvez, quando a maioria dos professores, professoras, ignora os alunos e dá aula independente da postura deles... muitos usam da avaliação seguinte como arma para ameaçar seu público, afirmando que o assunto é conteúdo de avaliação, como se isso mudasse a situação dos imigrantes sírios ou a gravidade em saturno.
se o professor, professora não sabe como lidar com essa relação, é preciso dividir com colegas, fazer reunião de professores e não com professores. pedir ajuda à coordenação, cobrar mais proximidade com departamento pedagógico, mas não vale desistir do aluno. por favor.
quando o assunto é sala de aula, no brasil, sabe-se que há muita gente que se arrepia. incluindo professores. não vou posar de olimpo e ditar regras de sucesso nesse campo. mas, por estar nele desde 1986, dá pra sugerir algumas coisas
1. disciplina
pedir ajuda ao centro pedagógico ou orientação quando perceber dispersão ou desmotivação; dividir a inquietação com colegas e, necessariamente, mudar a estratégia de aula
sugestão: o foco deve ser o aluno, mais do que aquilo que se está tratando; aula-palestra não produz, necessariamente, aprendizado; questione seus alunos a cada momento da aula, pergunte o que acham, se estão entendendo, se estão com material sobre as mesas etc etc...
um dos motivos da desmotivação e dispersão é a aula ruim, isso é fato. não exite aula interessante por si só. é preciso conquistar isso, ao invés de demonizar a família, o fato da aula acontecer no fim da tarde ou a culpa é das estrelas. professor precisa sim encarar seus alunos e colocá-los como agentes, em qualquer que seja o tema da aula, pode ser números complexos, império romano, semana de arte moderna ou reprodução dos anfíbios. o professor precisa manter essa ligação com os alunos o tempo todo. pedir que escrevam algo também ajuda. pode ser a partir de um exercício do material didático ou simplesmente o professor(a) pede uma síntese do que foi vivido, na aula.
IMPORTANTE : muitos professores reclamam que os jovens não são mais os mesmos, que as
famílias não são mais as mesmas e ainda sentem, estes professores, saudades de
um aluno que nunca tiveram: sério, dedicado, submisso e, nem sempre, emitindo uma pergunta. uma catástrofe. muita gente sabe que o par ensino
/ aprendizagem é mesmo para funcionar numa via de mão dupla. daí a
questão: como o professor age para que alguma relação exista, em sala? berra
por silêncio? ameaça? continua falando apenas para os interessados
(reforçando a seleção de quem ganhará nota e quem ficará no breu do
desconhecimento)? usa de seu poder e autoridade e expulsa alunos de sala?
insisto: interagir, questionar, aguçar curiosidade. o tempo todo.
2. avaliação
perrenoud (2000): “certas aprendizagens só ocorrem
graças a interações sociais, seja porque se visa
ao desenvolvimento de competências de comunicação ou coordenação, seja
porque a interação é indispensável para provocar aprendizagens que passem
por conflitos cognitivos ou formas de cooperação”
esta lista de ações é também do sociólogo perrenoud:
a. organizar e dirigir situações de aprendizagem;
b. administrar a progressão das aprendizagens;
c. conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação;
d. envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho;
e. trabalhar em equipe;
f. participar da
administração da escola;
g. informar e envolver
os pais; h. utilizar novas
tecnologias;
i. enfrentar os deveres
e os dilemas éticos da profissão;
j. administrar sua própria formação contínua.
uma boa avaliação não deve se comportar como um exame que, no mínimo, elimina, ceifa os feitos do estudante até aquele ponto... de novo: avaliação mede. exame excluí, como naquele de motorista ou concurso vestibular.
pedir a refacção de avaliações é importante, porque aí a prova começa, de fato: na devolutiva. corrigir a avaliação, comentar etc.
olhem, numa avaliação dissertativa, é impossível ser coerente quando se tem cinco perguntas com o mesmo peso para cada questão. para se atingir nota 10, digamos, o professor(a) elege, para cada questão, dois pontos. como assim?
se tenho perguntas sobre o livro "iracema", por exemplo, veja que não se deve considerar de igual peso (dificuldade/profundidade) essas duas abaixo:
I. como foi a relação entre martim e iracema, ao longo da narrativa? dê exemplo.
II. caracterize o tipo de narrador e sua linguagem.
claro está que a questão I requer mais conteúdo para se alcançar resposta ótima quando comparada á questão 2. é de se esperar, portanto, que as questões não tenham validade igual.
o mesmo para uma questão sobre reconhecer tal figura de linguagem numa tirinha e, na mesma avaliação, uma questão sobre diferenças entre linguagens dos personagens (variação linguística) da tira.
é muito cômodo fazer dez questões, numa avaliação e delimitar um ponto para cada uma. cômodo e trágico. se o professor não sabe resolver essa equação ligada ao peso das notas, deve pedir ajuda aos pares, à coordenação... e, claro, cabe ás instâncias superiores supervisionar essas posturas durante o processo avaliativo. isso vale para português, biologia, línguas, tudo, qualquer tema. tudo.
deixo alguns vídeos relacionados à educação e leitura. de repente, ajudam!
não é de hoje que se sabe que o processo educativo vem sendo solapado pelo tecnicismo, pela setorização do conhecimento. e não me venham com história que a rede privada é melhor que a pública porque não cola. a rede particular, na real, é quem perde mais porque menos autônoma que a pública. mal e mal, a pública pode viver de projetos. mas isso é outra conversa.
professores das duas últimas gerações -- anos 1980 e 2000 -- omitiram-se demais na questão social, ética e cidadã. não bastou o exame nacional do ensino médio (enem) ter cobrado, em suas redações, temas humanitários como violência contra mulher, poder da leitura, inclusão ou indivíduo frente a ética ... etc... não bastou porque muitos professores, coordenadores, diretores e afins se recusaram a lidar com trabalhos interdisciplinares, não promoveram café filosófico, não fizeram seminários para tratar do cotidiano da comunidade jovem preferindo insistir na importância do movimento uniformemente variado, as funções da conjunção integrante ou a fórmula de bhaskara. há exceções. mas são quase nada, num país com tantas instituições rarefeitas. insisto: nada contra gramática, fórmulas disso, regra daquilo ou as marcas de estilo do poeta gonçalves de magalhães. seria legal se tudo viesse unido a um modus vivendi que agregasse humanidade, preocupação social, respeito ao outro, preocupação com a coletividade, como melhorar seu bairro, porque mobilidade urbana não melhora, como entender a internet para divertir e aprender,educar pelo esporte, essas coisas.
deveria ser simples. a omissão da classe educativa é proporcional ao crescimento de muitos canais de educação, tv, internet, que se esmeraram em propor modos novos, interessantes, quase lúdicos para se aprender a fórmula do sal, as funções do "que" ou cálculo estequiométrico. mas ainda faltava a cidadania. ainda faltou a humanidade.
é inacreditável que, de 2016 pra cá tenhamos, visto tanta violência contra arte, contra educação e liberdade como agora. o ataque é contra a escola. vide essa incoerente e débil proposta de "escola sem partido", como se falar contra o nazismo, a escravidão ou ditadura fosse ter um "partido". bizarro, absurdo, nojento, odioso, triste.
com a omissão da classe educativa, abriu-se espaço para esse evangelismo doutrinador anti-liberdade, abriu-se espaço para um conservadorismo egoísta e agora essa gente que gosta de pobre morto está nos canais de televisão, no congresso, na imprensa, no supremo e... de repente, até nas escolas.
precisamos sim de ação. precisa ser logo. do contrário, amanhã vamos acordar numa caverna e fugindo dos dinossauros, pedindo socorro ao australopitecus.
esta
é uma imagem típica dos século 21 e vem servindo de sustentação para discursos
geralmente conservadores que demonizam a juventude e, por consequência, a
tecnologia. vamos direto ao ponto. por que o senso comum vai afirmar que a partir desta imagem os jovens nada querem saber da arte e sim da internet? porque há adultos com preguiça de entrar nesse debate. é sempre assim? sempre alunos com preguiça? respondo: os estudantes só irão se distair se não houver projeto, se não houver motivo para sustentar ida ao museu. antes do educador reclamar do possível descaso com a arte, deixar claro o que será feito nesse museu. de início, parar de chamar a atividade de "passeio" e sim "estudo do meio". bolar atividade para o dia da visita e outra para a sala de aula. dá trabalho. isso se chama "educar".
outra
coisa: é bem possível que, na imagem acima, os alunos estejam completando um
trabalho a pedido da escola. eles têm um blog? rede social? eles podem sim
estar trabalhando em função do estudo, ora pois. por que sempre crer que há algo errado, na imagem descontextualizada? pode ser que estejam distraídos? sim, pode. mas já adianto: responsabilidade do educador. toda. e não me venham dizendo que a saída é sequestrar os celulares. eles não terão como se distrair com celulares, disco-voadores ou a porta de saída se tiverem um projeto. como foi montado o estudo? um simples "vamos ao museu!". errado, lógico.
perdoem
a franqueza, mas a ideia aqui é ajudar: professor(a), melhore sua aula.
procure
colega, coordenação, livros, experiências similares, pelas redes sociais. não
sabe o que fazer em um museu com seus alunos? comece propondo que definam a
função de um museu, após toda a visita. peça que reflitam sobre a função da
arte. Se o foco for algum artista específico, proponha pesquisa, uma questão
específica sobre seu estilo ou o da época.
só reclamar
de alunos desinteressados é sofrer depois quando eles, já crescidos, forem
fechar exposições de arte.
narrativa curta um conflito o debate está na corrupção, na delação e no modo como o professor conduz seu processo educativo pilar é o narrador e recorda um momento vivido, na escola, quando tinha por volta de 10 anos ou nove. a relação professor-aluno é posta em xeque. a relação custo-benefício da corrupção também. o que dizer, depois de centena de anos? o que mudou na escola ? saiba mais assistindo-me !
nunca gostei da autoajuda.... primeiro porque é um eufemismo da religião ocidental que, nada, nada, conduz a pessoa... limita, prevê derrotas se não seguir o caminho xis, enfim, mais doutrina que liberta.
segundo porque cria outros problemas (chamados "metas") para o indivíduo continuar sempre procurando um novo livro....
expressões como "sucesso"; "vitória" ou "felicidade" são como um mantra, nessa sub-literatura que, nada, nada, é isso mesmo, má ficção.
ler esse artigo só fez melhorar minha consciência a respeito disso
aplaudi de pé
se vc curte autoajuda e afins, melhor não abrir o link abaixo
nesses tempos em que muito se fala sobre corrupção, vale a reflexão a respeito desta que é uma das mais tradicionais da vida de um estudante: a cola. a mim, está claro que a cola é mais um recurso para conseguir vantagem em um exame que, claramente, está mal feito. uma avaliação cujas respostas cabem entre os dedos da mão ou em bilhetes milimétricos não merece respeito mesmo. professores e orientadores devem sim colocar na ordem do dia a avaliação como meio e não como fim de um processo de aprendizagem. colar não é só a consequência de uma avaliação feita sem critério, mas também em função do espírito de nossa classe média a quem interessa apenas o benefício próprio pelo menor esforço. a classe média, em geral, não gosta de estudar e nem sabe governar-se. dá pena. eles sofrem o tempo todo, falam em crise, corrupção, mas estão sempre prontos a sonegar impostos, parar carro em fila dupla, comprar produtos sem nota ... uma tristeza.