dizem que terapia é exercício para cérebro, mas nos últimos tempos tem
sido mais que isso. pra começar, não caio na
armadilha do "corpo e alma", como se uma coisa existisse por si só,
separada dessa outra (anima) sem forma nem definição. fim da idade
média. o humano, desde aristóteles, é animal racional e, aí, já entramos
noutro problema com palavras. por que só ele o racional? uma
coruja elabora seu trajeto até o ninho, depois até a presa, prepara seu vôo,
ataca, enfim, está usando algum tipo de lógica, seu insitinto, digamos,
racional. qualquer bicho articulado (com exceção do macunaíma) elabora, pensa e
age de acordo com seu meio também, mesmo que seja para mudá-lo, como os
castores e os humanos. pensar não dói.
olhem, tanto lou marinoff quanto marc sautet defendem o
bem-estar do homem pela fiolosofia. se ainda não conhece, deveria ler
"mais paltão, menos prozac", do primeiro, e "um café para sócrates", do segundo.
sim, faz tempo que seres humanos estão na caverna de platão.
mito da caverna -- séc VI a.C. -- dá conta de pessoas que enxergavam sombras projetadas no fundo de uma caverna... estando presas, essa gente acreditava que as sombras eram a realidade e não uma projeção. alguém conseguiu sair e, lá fora, viu que outros seres é que produziam as sombras. voltou à caverna para contar o que viveu. esse alguém foi punido por ter mostrado algo diferente.
não é muito distante a refelxão quando o assunto é "prometeu acorrentado", do ésquilo. mais ou menos mesma época do filósofo.
voltando: sim, estamos na caverna porque muita gente delega aos mitos as responsabilidades de seus atos ou de suas omissões. é triste. ciência na berlinda. muito achismo. notícia falsa. até violência.
se escolas lidassem mais com ações práticas como prevenção ao uso indevido de drogas, orientação sexual, primeiros socorros, mais feiras de ciência e arte, combate à fome etc, talvez tivéssemos menos políticos ultra-conservadores à solta dentro de congressos... e menos fundamentalistas dinheiristas com canal de televisão para enriquecê-los.
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veja mais sobre "mito da caverna" com profhenrique subi - -
seguindo a linha aberta, com
sucesso, por sautet (um café para sócrates), Marinoff procura seduzir o leitor
com a tentação do momento : filosofia. filosofia aplicada ao cotidiano,
assinala o subtítulo.
logo
de cara, o filósofo diz a que veio :
"na
medida que as instituições religiosas estabelecidas perdem cada vez mais a sua
autoridade e que a psicologia e a psiquiatria excedem os limites de sua
utilidade na vida das pessoas (e começam a fazer mais mal que bem), muitas
pessoas estão passando a ser dar conta de que a especialização filosófica
abarca lógica, ética, valores, racionalidade, tomada de decisão em situações de
conflito ou rico e todas as vastas complexidades que caracterizam a vida
humana. (...) durante todo este século [XX], um grande abismo se abriu debaixo
de nós quando a religião retrocedeu, a ciência avançou e o significado se
extinguiu."
marinoff
defende a ideia de que a filosofia deveria fazer parte de todo processo de
educação. na verdade, hoje, recuperar valores comuns, mínimos de convivência
entre pessoas e o próprio meio-ambiente parece não ser tarefa fácil, no
ocidente voltado apenas para a estrada do "compro-vendo-financio".
nesse
ritmo, o grande embuste do século vinte, a psicologia, colaborou para que se
fizessem, no máximo, relatos de posturas, síndromes ou justificativas (quase
sempre superficiais) para suicídio, depressão, dificuldade em se relacionar ou
facilidade para fazer contas mentalmente. daí a brincadeira com "prozac"... marinoff traz relatos de como a filosofia ajudou, de fato, pessoas a resolver
conflitos como separação matrimonial, postura ética na escola, dúvidas sobre
opção ideológica (vida comum ou monástica, por exemplo), o que vem a ser
"o bem", essas coisas. o crescimento de cafés
filosóficos e aconselhamentos, tanto informalmente como em clínicas, numa
tentativa — segundo marinoff — de superar as limitações de trabalhos
psicoterápicos, tornou-se uma tônica, nesse mundo cheio de catástrofes, como as
guerras, exploração econômica ou verticalização de conhecimento como sinônimo
de progresso.
o livro é pretensioso, direto,
defende bem o peixe do autor e ainda ataca a ferida de muita gente ligada às
humanidades, na medida que contrapõe filosofia e psicologia. e esta última fica
devendo a que veio.
livros para dar de presente. ou receber. fiz pequenina lista de três livros que acho legais para farras natalinas, amigo escondido, aniversário, algum chamego ou dar uma lição no presenteado. vai por mim: são livros legais. confere no vídeo!
é possível definir o mal?
e aqui, mal com "L", por favor.
muita gente crê que o mal venha a ser o contrário do bem. considero tal ideia de um simplismo quase infantil.
se considerarmos razoável que o "bem" seja uma abstração, uma sensação prazerosa, então, o mal seria uma coisa, um objeto, já que se admite ser ele o contrário do bem. se é o contrário de uma ideia, então é uma coisa, um ente orgânico. talvez a maçã! talvez o asteroide que dinamitou dinossauros... vai saber.
bom, eu tentei dizer o que penso a respeito do mal. veja-me!