domingo, 21 de abril de 2024

céu líquido

 


[ ilustração por carlos h carneiro via i.a. ]


em "vestido de noiva" (n rodrigues), a personagem alaíde sofre alucinações em cama de hospital, vê figuras do passado, revive realidades... a criatura de "frankenstein" (shelley) com certeza deve ter sofrido um tanto, antes de abrir os olhos amarelos, na alemanha. há outros tantos, na estante, sofrendo do mesmo mal, como naziazeno (os ratos), luís (angústia), quixote (d quixote), mersault (o estrangeiro), sidonio rosa (venenos de deus, remédios do diabo) ou mesmo hamlet, que dispensa comentário. tudo povo alucinado. depressivo.
a depressão é a primeira curva na estrada das alucinações, não sei como se viraram esses personagens, porque estão sempre na curva, encostados, uns nos outros, na estante do quarto, um empurra-empurra secular, às minhas costas, agora, enquanto escrevo. não é boa a sensação, quando se tem á mente "a queda da casa de usher" (poe) ou "fantasma de canterville" (wilde)... Isso parece não ter fim. mas é só literatura.

terça-feira, 16 de abril de 2024

o que é seu fica nos livros

 



o que é seu, fica nos livros. a frase é minha mesmo, pode aparecer em alguma publicaçao, de repente… depende de muita coisa, mas a frase é boa. nicolau é o nome de hoje. polônia, maio de 2010, finalmente fizeram enterro oficial dele, o nicolau copérnico (1473-1543), chamado pai da astronomia. não é bem certo, porque os gregos, os egípcios ou os incas já faziam muitas coisas bem antes de nicolau engatinhar, mas como tudo na vida é marketing, alguém ficou dizendo ele era o pai, então fica sendo.

o polonês, além da formação em matemática, também estudou medicina e foi ordenado padre. a questão, para quem não sabe, é que nunca se conheceu, ao certo, o local, na igreja, onde estaria o corpo do matemático. ele estaria na catedral de frombork, junto a dezenas de outras pessoas, sem identificação precisa, desde o século 16. então, fuçando em algumas ossadas e combinando com dna encontrado num livro que ele manuseava – havia fiapo de cabelo nele –, chegou-se a uma conclusão: alguns ossos encontrados, em 2010, na catedral de frombork, polônia, eram mesmo de copérnico.
o que era dele, tinha ficado nos livros.

 


quarta-feira, 10 de abril de 2024

água corrente: a fonte que salva

 


concepção arte: carlos h carneiro
 via i.a. (2024)

um arquiteto italiano, lá no século 18, dirigiu e organizou a construção da famosa fonte de água, em roma. a tal fontana de trevi. muitos arquitetos trabalharam ali por trinta anos, até ficar tudo pronto. a fonte não só refresca a vida de quem passa por ali, como inspira as pessoas a pensar a respeito dos símbolos erguidos: cavalos, mitos, colunatas de inspiração grega... ah, o nome do italiano: nicola salvi. foi quem começou a coisa. 

pois é, aqui, no país tropical, o calor castiga. não há muito o que salvar, nem reclamar porque, lá atrás, avisaram. queimadas, especulação imobiliária, ganância, combustíveis fósseis etc, tudo traria problemas graves. é o que estamos vivendo.
no conto "a terceira margem do rio", do rosa, um homem sobe num barquinho reles e parte para o meio da água para nunca mais voltar. dizem que foi o cansaço da vida em terra. outros falam do calor... alguns citam loucura. outros afirmam que era cruzeirense. não importa. eu queria mesmo é a fonte.


quinta-feira, 4 de abril de 2024

para viver um grande quadro

 

                                  [Vinícius de Moraes, 1938 – óleo –  56 x 47 cm  - Portinari]

                            [Maria L Proença, 1938 – óleo –  60 x 73 cm  - Portinari]

 

durante muito tempo, não soube que cândido portinari tinha feito retrato do poetinha. e ainda jovem. folheando "para viver um grande amor", do vinícius, achei uma crônica em que ele reclama com a filha susana, a posse do quadro. ela, prestes a casar-se, levaria consigo a peça de portinari. a questão era coerente: a nova namorada de vinícius (futura esposa) tinha sido também retratada por portinari: maria lúcia proença. o traço do pintor traz uma sobriedade que talvez não combinasse com ele, mas quem sabe do que se passa em mente de artista? se susana devolveu-lhe o quadro, não sei. só garanto que tenho um tanto de inveja desses anos 1930, 40, 50, no rio de janeiro, por onde passaram figuraças da música, arquitetura, cinema, literatura… de drummond a guimarães rosa, de vinícius a tom jobim... também clarice, maria martins, niemeyer, garrincha, cariocas ou não, estavam por lá, através do mundo da política, arte ou simplesmente pela boemia. dizem que tempo bom é o que a gente faz, então me acalmo… daí, não penso mais em um retrato meu, feito por portinari… difícil. primeiro, o pintor está morto; segundo, vinícius não me emprestaria a camisa rosada.

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 [ supreenda-se com uma personagem de lobato no meio de tudo ]