- "augusta" é o nome do marido falecido, "augusto"
filha do português dionísio pinto lisboa e da brasileira antônia clara freire, dionísia nasceu no rio grande do norte, em 1810. morreu na frança, em 1885.
no início de "opúsculo humanitário", nísia expõe o modo como mulheres foram tratadas em épocas distantes, como na grécia, pérsia e egito, por exemplo, antes de cristo. passa pelos pensamentos de platão, sócrates, cita dario, safo, perictione (mãe de platão), aspasia, indo à idade média, chegando até -- mais recente --, a cornelia bororquia.
vale explicação: "cornelia bororquia" é nome de um livro anticlerical, do final do século 18, com subtítulo: "a verdadeira história da judith espanhola". o livro é de luiz gutierrez, um ex frade
entre os capítulos 1 e 7, apenas alemanha é citada de modo positivo, no que diz respeito ao modo como educam mulheres, vejam:
"Os alemães (...) concederam à mulher privilégios reais, baseados
na educação sólida desse povo por demais profundo e morigerado,
para compreender toda a importância da mãe de famílias, da matrona esclarecida edificando os filhos e o sexo com exemplos de uma
sã moral, (...) O legislador alemão, quando estabeleceu no casamento a igualdade entre os sexos, compreendeu, melhor que nenhum outro, a sabedoria do Eterno, doando ao homem e à mulher a mesma inteligência." (cap 6)
ao tratar de sociedades como as citadas (grécia, alemanha etc), o "opúsculo" de nísia se esmera em citar figuras acadêmicas importantes destas sociedades, a maioria homens. com o reino unido não é diferente. shakespeare, bacon, raleigh e outros fazem fila no discurso de nísia ilustrando a visão laudatória da brasileira sobre os ingleses. estamos no capítulo 8. vejam:
"O povo inglês (...) não podia deixar de facultar à mulher a liberdade e os meios do segui-lo nos progressos da civilização moderna. (...) Assim também, compreendendo melhor que as suas ilustradas
vizinhas do continente a importância dos sagrados deveres de esposa
e de mãe, a mulher inglesa não vê, como geralmente aquelas, no casamento um estado que as liberta do jugo de solteira, e lhes permite
uma liberdade, de que nem sempre fazem bom uso. Pelo contrário, é
neste novo estado que começa para ela a prática de todas as virtudes
da vida doméstica. Pode dizer-se que o primeiro dever maternal e
inato à mulher inglesa, a quem, a civilização nada tendo feito perder
do sentimento que o ordena, não foi necessário um "Emilio" de Rousseau para indicar-lho. (...)A mulher Inglesa, educada nos severos princípios de uma sã e
esclarecida moral, dá provas desde sua mais tenra mocidade de uma
discrição e modesta altivez, que as mulheres das outras nações não
lhe podem disputar." (cap 8)
nísia compara inglesas e francesas e detona a terra de rousseau. venera o modo de vida das mulheres britânicas. vejam a ironia com as francesas: "ilustradas vizinhas" e "liberdade de que nem sempre fazem bom uso". vale notar que o livro de rousseau trata da educação e a visão aí é iluminista. parece que nísia não se liga muito às liberdades expostas nos tempos após a revolução francesa. e mais: o final do século 18, na frança, expôs uma necessidade de separar igreja de estado. como se vê, a fé católica de nossa escritora faz com que essa história toda de "libertè", "igualitè" e afins seja inferior à vida na terra de darwin.
os capítulos 11 e 12, por sua vez, admitem que a figura feminina tem seu destaque:
"Se a severidade de uma página da legislação francesa exclui a mulher da supremacia de que gozam as mulheres das duas nações de que
falamos ultimamente, o império do espírito, em cujo trono ela se assenta como absoluta soberana, prodigamente a indeniza dessa parcialidade, depondo em suas mãos, como por vezes tem acontecido de uma
maneira indireta, os destinos dessa bela nação. (...) as virtuosas
Maintenon, Antoinette e Adelaide, esclarecida conselheira de Luiz
Philippe, tem dirigido, mais que os reis, o governo da França.(...) a
mulher francesa não se limitou somente aos exemplos da coragem,
que deu a Joanna d’Arc a glória de libertar a pátria do poder dos ingleses, (...)
ao final do cap 13, a citação de michelet (1798-1874), sem contextualizar:
“Etre aimée, enfanter, puis enfanter moralement, élever
l’homme, (ce temps barbare ne l’entend pas bien encore); voilá
l’affaire de la femme"
tradução: Ser amada, dar à luz, depois dar à luz moralmente, elevar o homem (este tempo bárbaro não o
entende bem ainda); eis o papel da mulher.]
ou seja, procriar e ser submissa à figura masculina.
a seguir, nísia trata da américa:
"Passemos à América, essa poderosa rainha que se apresenta por
último no palco da civilização, grandiosamente ataviada de todos os
ricos dons da natureza e pulsando-lhe no peito um coração superabundante de nobres e virginais sentimentos."
repara que nosso continente é tratado rigorosamente na visão eurocêntrica: só se considera que existe américa após chegada das gentes europeias e civilizadas. triste isso. mas segue:
"Todos sabem que quanto mais ociosa é uma nação, tanto maior
é o espírito de galanteio que a domina: os importantes trabalhos que
ocupam os americanos do norte não lhes deixam tempo para a polidez dos franceses."
mais uma pancada nos franceses. e o que seria uma nação "ociosa" ?...
resposta: aquela que não foi invadida, colonizada por europeus... claro está que, indiretamente, o conceito de civilização mora na essência do viver europeu e nada resta aos nativos desta américa, a não ser obedecer e aceitar novos costumes e leis. é triste.
segue:
"Esperamos somente que os
zelosos operários do grande edifício da civilização, em nossa terra,
atentem para os exemplos que a história apresenta, do quanto é essencial aos povos (...) o associarem a mulher a esse importante trabalho. (...) Entretanto sigamos o exemplo do pobre e corajoso explorador de nossas virgens florestas, exposto aqui e ali à mordedura de
venenosos répteis, para rotear um campo, que outros terão de semear
e colher-lhes os saborosos frutos....(cap 18)
gente! a construção de uma sociedade boa, na concepção de nísia, é a de que a floresta é pra ser explorada mesmo. ponto. azar de quem vivia dela, desde as pinturas rupestres, cerca de 100 (cem) mil anos atrás. olhem, difícil crer que -- neste livro -- nísia floresta estabeleça necessidade de respeito com nativos anteriores à chegada de europeus, sinto muito.
agora preparem-se para este trecho que cita família indígenas:
"Isto posto, indaguemos, à vista do estado atual da educação das
nossas brasileiras, quais os meios que se têm empregado, há mais
de três séculos, para promover o seu desenvolvimento, em ordem a
conseguir os resultados felizes que dela se deve esperar, quando dirigida por instituições sábias e liberais."
pausa: brasileiras existem há três séculos?? é isso?? sim, é o que está escrito, ou seja, contando no dedo pra ficar claro: séculos 16, 17, 18 e pedacinho do 19. segue:
"Retiremos por agora os olhos das tristes páginas de nossa história concernentes à situação da mulher indígena, depois que o farol
do cristianismo veio esclarecer esta mais deliciosa porção do novo
mundo. Nós a analisaremos em lugar competente e com o coração
profundamente compenetrado da sua sorte!
Tratemos primeiramente das mulheres a quem os homens da
civilização, entre nós, denominam brasileiras, isto é, as mulheres não
indígenas, que nascem de famílias livres, ou aquelas que a bondade
dos pais resgata, na pia batismal, do triste selo da escravidão!"
por "esclarecer", entende-se a violação de cultura e imposição do cristianismo e o que mais se sabe que veio junto. aqui, civilidade significa a vida dos brancos europeus, ponto. existe sim a ressalva da escravização, mas repara novamente: a negritude escravizada será salva depois de se converter ao cristianismo, na "pia batismal". ou seja, nada de respeitar as tradições afro. esquece.
mais sobre a mulher indígena, no brasil:
"Quereis ver a esposa terna, previdente, dedicada e fiel? Contemplai a célebre Paraguassú captando para o esposo as simpatias e os
favores da sua tribo, ajudando-o em sua missão civilizadora, e civilizando-se ela mesma para amenizar-lhe os dias, privado como se achava
ele das comodidades europeias. Circunspecta e fiel aos seus deveres,
quando passou a França e apresentou-se na corte de Caterina de Médicis, que lhe deu seu nome servindo-lhe de madrinha, ela atraiu a
admiração de todos, por seu tipo americano, suas graças ingênuas e sua
dedicada afeição pelo esposo, com quem voltou à Bahia, no mútuo e
constante empenho de utilizar aquela nascente colônia. Quereis admirar o amor em toda a sua espontaneidade e na
grandeza da abnegação pessoal? Vede Moema; a sensível e infeliz
Moema, lançando-se ao mar, seguindo a nado o navio que lhe levava
o homem por quem só prezava a existência e por quem queria morrer não podendo com ele viver! ..." (cap 59)
socorro. todos conhecem a história de paraguaçu (assim, com cedilha, como manda o figurino) e do navegante português diogo álvares correa (apelidado "caramuru"). o caso amoroso entre ambos se dá no século 16, bahia. ela é tupinambá. foi rebatizada "catarina álvares paraguaçu". moema seria sua rival, digamos. se bem que no caso de moema, há quem afirme que ela é ficção, que só existe no livro de durão. aconselho você que me lê a ir em "meus livros", aqui acima. clica em "letra líquida". lá, trato dessa questão de moema e o que o sentimento amoroso pode fazer com alguém.
no capítulo 21, contudo, há espaço para ilustração de uma situação prejudicial à vida das mulheres no mundo acadêmico, que é de uma portuguesa, no século 16:
"Citaremos Públia Hortênsia de Castro (1848-95), que, sob os trajes masculinos, frequentou com seu irmão a Universidade de Coimbra, onde obteve os grandes conhecimentos, que excitaram a admiração dos homens de sua época, inclusive Filipe II.
vejam o início do capítulo 50:
"Boas mães e esposas fiéis, eis aqui duas qualidades preciosas
comuns às nossas indígenas, dois vínculos santos que ligam e enobrecem a família, vínculos que sabem, no estado selvagem, respeitar apresentando exemplos que bem merecem ser considerados pelas
mulheres civilizadas de todos os países."
os elogios à mulher indígena são inerentes à sua postura submissa, não só a um homem, mas a uma cultura que não era a dela. parece que o sonho de toda figura humana -- segundo a escrita de nísia -- é viver como europeus.
já o capítulo 60 traz alguma luz da coerência social:
"Quando, por sábio decreto de um rei justo e humano, a revoltante escravidão dos nossos indígenas foi abolida, e a introdução dos
infelizes africanos veio substituir o vergonhoso tráfico, que em todo
o Brasil se fazia com aqueles, julgou-se conveniente procurar exterminar os que acabavam de libertar-se, de direito que não de fato,
porquanto a perseguição continuou debaixo de outro caráter; e ainda
em nossos dias, com horror o sabemos! Caçam-se os selvagens em
suas matas como animais ferozes, para apreendê-los e arrancar-lhes
as mulheres e filhos, que se retêm e fazem servir como escravos... em
muitas roças e casas do interior das províncias!"
mas... mas... ainda no capítulo 61, lemos:
"Do pouco que havemos expandido relativamente às qualidades
naturais da mulher indígena, queremos concluir que ela é digna de
ocupar outra posição em nossa terra; e que o desprezo, com que foi
sempre, e continua a ser olhada a sua raça pelas nossas outras populações, é um abuso antinacional, anticristão, que os nossos governantes
e o nosso clero devem fazer desaparecer, empregando, por bem da
pátria e da igreja, meios mais próprios e seguros para consegui-lo. A
humanidade e a civilização reclamam imperiosamente deles convenientes medidas para arrancar essa pura, digna porção do povo brasileiro à vida em que vegeta, e torná-la útil como incontestavelmente
pode ser a uma e a outra."
pois é... indígenas "vegetam"; indígenas devem ser arrancados de onde estão para o bem da pátria.. deveriam ser "úteis". ahã.
o capítulo 62 é o último e termina assim, com um pedido aos governantes do brasil:
"Não vos diz a consciência que a mulher nascida nesta vigorosa
terra superabundante de magnificências naturais, respirando sob um
céu radiante, no meio da poesia de tão admirável natureza, não se
pode limitar ao papel que tem até hoje representado?
Não sentis que a sua missão nesta parte da América civilizada (...) não deve ser a de recolher
factícios triunfos tributados à matéria, quando o seu espírito pode e
deve pretender a elevar-se a mais dignas e nobres aspirações promovendo na terra o bem do seu semelhante? À providência, colocando-vos tão vantajosamente, pareceu chamar-vos a comandar um dia os destinos de toda a América do Sul,
assim como aos filhos da União os de toda a América do Norte.
Eia! Se, com mais rico solo do que o dos Estados Unidos, faltou-vos a mola principal – a educação, para a par deles marchardes,
preparai-vos ao menos a satisfazer dignamente a parte essencial da
grande missão que vos fora destinada.
Educai para isto a mulher, e com ela marchai avante na imensa
via do progresso, à glória que leva o renome dos povos à mais remota
posteridade!"
"balada de amor ao vento" -- romance, 1990, moçambique - paulina chiziane
- narração predominantemente em primeira pessoa, figura feminina: sarnau - existe, principalmente, nos capítulos 7, 15, 16 e 17, a presença de um narrador onisciente
"o passado persegue-nos e vive consosco cada presente" (...) eu tenho um passado, esta história que quero contar"
mambone, às margens do rio save, começo de tudo. no início da história, ela revela que ali aprendeu a amar a vida e os homens.
"Tudo começa no dia mais bonito do mundo, beleza característica do dia da descoberta do primeiro amor. (...) Eu estava bonita com a minha blusinha, cor de limão (...). Coloquei-me na rede para ser pescada, e por que não? Já era mulherzinha e já tinha cumprido com todos os rituais. As mulheres atarefadas giravam para cá e lá no preparo do grande banquete. O aroma das carnes excitava o olfacto, fazendo crescer rios de saliva em todas as bocas (...)"
sarnau era provocada pelas outras garotas -- e diziam que sarnau precisava arrumar namorado, mas ela era "pau de carapau, nem curva no peito, nem curva no rabo".
sarnau se aproxima de mwando. descobre que ele quer ser padre. mesmo assim, à beira do rio save, eles se revelam. "Emudecemos de repente. As mãos encontraram-se. Veio o abraço tímido. Trocamos odores, trocamos calores. Dentro de nós floresceram os prados. Os pássaros cantaram para nós, os caniços dançaram para nós, o céu e a terra uniram-se ao nosso abraço e empreendemos a primeira viagem celestial nas asas das borboletas."
mwando em conflito: quer ser padre mas está ligado a sarnau; o padre do colégio descobre carta que mwando escrevia para a moça. é expulso
sarnau revela a ele que está grávida, mas mwando já está de casamento marcado com moça que a família dele arrumou
sarnau entra em agonia. descobre, em seguida, que irá casar-se com nguila, da família zucula. família de sarnau foi lobolada. ou seja, o lobolo é uma espécie de compra de casamento: ofertam-se bens à família da noiva: aqui, foram 36 vacas e mais algum dinheiro
casada, separada da família, tem sensações conflitantes: vai absorver os benefícios da riqueza material do marido, mas sabe que terá função de ser dócil e agradável o tempo todo
por ter liderança nobre, nguila pode ter outras mulheres: poligamia. mas por ter chorado de ciúme ante postura nguila com uma das outras esposas, ela acaba tomando pontapé e soco. sangra, perde dente. a sogra insiste que ela deve obedecer e que será feliz assim.
mwando, por sua vez, casara-se com sumbi mas a relação deteriorou-se. ele fazia as vontades dela e era criticado até pelos anciãos. o casamento termina
a morte do rei de mambone faz ascender ao trono nguila, o filho -- marido de sarnau
mwando ressurge a aborda sarnau; eles se declaram, se amam, ela fica grávida
graças a feitiços e fé nos mortos, sarnau consegue que seu marido tenha relações com ela, enconbrindo assim a gravidez adúltera. nasce zucula, filho de sarnau com mwando; phati -- a preferida do rei -- flagra encontro entre mwando e sarnau: conta tudo a nguila, o marido delas: o rei diz que matará ambas -- phati e sarnau
mwando e sarnau fogem; phati é morta
pouco tempo depois, no local onde se refugiam, surge nhambi, amigo de infância, para matar mwando a pedido do rei: mas mwando consegue um tempo para voltar para casa e decide fugir
ele vai par angola... lá, é conhecido como padre-moçambique e vive em meio a degredados e a desgraça da vida do povo que trabalha na lavoura.
quinze anos depois, ele volta para moçambique, em busca de sarnau -- ela agora vive de vender legumes numa feira, já havia se prostituído, perdera um ovário -- eles trocam juras de amor; contudo, ela diz que pode ficar com ele, mas contanto que pague: ela explica que teve de se prostituir para viver e que ele a traiu, causando sofrimento -- sarnau insiste que para ficar com ele é necessário pagamento: o preço de vinte e quatro casamentos, fruto do lobolo que envolveu trinta e seis vacas -- no passado --, animais estes que puderam gerar outros casamentos além do dela, na época
mwando parte porque não tem como pagar o que sarnau exige. tempos depois, ele ressurge, pede para ficar e é aceito
foto da stefania bril, em 1974, do elevado "costa e silva" -- o general ditador, que bancou o AI - 5, dentre outras atrocidades.
o minhocão foi rebatizado "joão goulart", tempos depois.
a foto, hoje, é tragicamente poética. e necessária. para frear a sanha ambiciosa e violenta desta extrema direita é necessário algo simples: votar. daí, fica fácil respirar. basta reconhecer, em sua cidade, políticos (homens, mulheres) que apoiem a natureza, educação e democracia. o básico!
então, eleger essa gente!
no dia da eleição, lembrar que política é do povo e para ele, e não um prêmio pra supostas celebridades.
gosto dessa foto. mais ainda da que está por dentro, é um rosto de buda. a flor na foto dentro da foto é a mesma do vaso, acho que dá pra ver.
é apartamento de carolina, filha do meio, são paulo, região do tatuapé.
as duas fotos fui em quem fez. a maior, agora, em dezembro 2024, a que está dentro, há anos. carol sempre carregou o quadrinho por onde morou
o ano foi intenso, denso, cheio de altos e baixos. mas não foi tão brutal como 2023, quando tive crise de ansiedade fortíssima, em julho. hoje, continuo na luta contra o sobrepeso, contra a sequela do câncer de próstata (retirado em 2018) mas acho que vou conseguir... família perto sempre acolheu tornando tudo bem leve, isso dá confiança. é amor que fala?
dezembro é mês de recesso escolar, então haverá chance de regular planos para o sobrepeso e mais terapias, vamos ver... também estou mais perto de quem carrega os fardos e algumas delícias, isso importa. bia, filhos, irmão renato e quatro, cinco amigas e amigos.
mas eu tinha começado esse texto pra desejar feliz ano novo pra família.
então, faço: feliz ano novo, família! amo! obrigado!
narradora -- numa espécie de prólogo -- explica ao leitor que vai contar histórias de amor e que o processo é difícil. o relato do livro trata das relações de mulheres com um homem chamado fio jasmim. no presente da história, ele está com 44 anos, casado, vários filhos, da esposa pérola maria e de outras, como dalva, a ruiva.
a construção do livro é obra de duas mulheres: a narradora e juventina. outras mulheres que surgirão na narrativa: aurora, dos santos, angelina, dolores, antonieta, tina, dentre outras. tina é apelido de juventina.
"(...) a fala suspensa foge da escrita. E mais, a grafia não registra a intensidade de um silêncio intervalar, diante de um renovado estado de estupor (...)só falarei do brilho das estrelas, das árvores frondosas que habitam determinada esquin e debulharei as palavras, da sua raiz até suas derivações, se tudo me vier agarrado à vida(...) fui uma das mulheres de fio jasmim (...) não, o moço não me é estranho , como as mulheres que estiveram com ele também não. eis o motivo de minha preocupação em escutar todas. são muitas, plurais e diversas as vozes que me provocavam a escrevivência"
depois, a narrativa se inicia com o mal estar de juventina. dores no peito. assusta as amigas que a acolhem e pedem que ela levante os braços e que cante, para ativar os sentidos, melhorar a dor, mostrar que está bem. ela canta "canção para ninar menino grande".
o livro é composto por episódios que narram encontros de fio jasmim com mulheres, nas cidades em que o trem para. na juventude, ele foi auxiliar de maquinista e tinha sido educado para se envolver sexualmente com mulheres. "pai (...) ensinando ao filho, quando ele ficou rapazinho, como conquistar as mulheres". fio jasmin, crescido, conquistava, seduzia -- ou era seduzido -- e depois seguia adiante com o trem, abandonando tudo, até mesmo mulher grávida. a masculinidade de jasmim -- atrelada ao apoio dos dois maquinistas mais velhos -- é cruel, toxica, misógina. ele se comporta como um corpo que carece de satisfazer os desejos e é motivado a isso pelos homens em seu entorno, incluindo a memória de seu pai que o incentivava a provar virilidade. existe o episódio do "príncipe", na escola: criança, não o deixaram fazer o papel de príncipe, por ser negro.
numa das passagens da história, dolores dos santos recebe um envelope e descobre, dentro dele, foto de jasmim com pérola maria e seis filhos. era uma mensagem avassaladora: ele realmente mentira para ela. dolores tinha duas filhas com jasmim: rubia e safira. dolores teve ódio. certa vez, olhando novamente a foto, percebeu no rosto de pérola as faces de outras mulheres, parentes mais velhas, sofridas, "uma gama de mulheres, um universo feminino em ebulição, mesmo quando aparentemente estático. eram muitas as mulheres. e foi então que dolores dos santos percebeu que matar aquela mulher seria se matar também".
reparar os nomes das cidades: vila azul, ardência antiga, nova ardência, chegada feliz, fé rompida, dois laços, águas infindas, dias felizes... -- dentre outros nomes peculiares que indicam, sugerem um cenário ligado ao prazer, ligado ao relacionamento de jasmim com as mulheres em cada lugar.
juventina (tina) - - aquela que viveu com fio jasmim por trinta e cinco anos, mesmo ele sendo casado com pérola, claro.
é de tina a obra musical "canção para ninar menino grande": ela fez para ele.
os nomes das mulheres são colocados por inteiro. reforçam identidade e tiram possibilidade de que sejam tratadas só por apelido ou pela função na história. a narrativa é marcante, pela sororidade. fio jasmim, em determinado momento, vai descobrir que amor não é apenas o sexo.
o último episódio do livro começa assim: "busquei escrever a história que tina me contou".
um conto -- ou algo assim -- que envolve a cidade de santos, três (ou quatro) mulheres apaixonadas, uma chance de morte, literatura e ... e você precisa ler. é por pagu -- patrícia galvão --, só pra deixar claro.
romance "letra líquida" é obra que mistura elementos de ficção, crítica literária e referências culturais em uma narrativa fluida.
o romance explora interações entre personagens fictícios com elementos da cultura literária e popular.
o enredo gira em torno de moema, uma personagem que parece ter saído diretamente das páginas de um livro clássico, especificamente de "caramuru", do frei santa rita durão.
a índia tupinambá moema é retratada como figura enigmática, quase mitológica. ela interage com outros personagens: gaspar e o narrador, tanto num mesmo apartamento, como na biblioteca da universidade. esta, por vezes, um lugar caótico, onde livros e versos se misturam de modos inesperados... o motivo? só lendo mesmo.
a trajetória de moema na narrativa pode ser vista como um processo de acúmulo e descarga de influências literárias... e sobra sensualidade nisso tudo. juro.
"letra líquida" é obra que se destaca pela sua prosa lírica e enredo dinâmico. romance.
a narrativa demonstra domínio da linguagem, alternando entre prosa e versos envolventes. personagens são densos, bem desenvolvidos, refletindo complexidade das experiências amorosas. amor existe? desejo e impermanência da vida são temas básicos aqui. o livro nos convida a refletir sobre a perenidade da arte. é literatura.
marcelino freire já disse: "escrevo pra me vingar".
gostei da frase. então fica.
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no alto da página clca em "meus livros" - conheça o que já cometi
laurent schwarz, três anos de idade e mancha de cores umas telas que seus pais dão a ele. é alegre e lúdico o movimento do quase-bebê. estamos em 2024.
o menino começou a pintar no fim de 2023.
os rabiscos coloridos passaram a valer milhares de euros com a disseminação das imagens do garotinho lambuzando telas e a si mesmo, neste 2024.
foi chamado de "míni picasso". não é. trata-se de uma criança e não um técnico em arte plástica. não viveu ainda para discernir entre trabalho artístico e a diversão. o que ele faz é brincandeira de criança. simples assim.
é possível lucrar com essas manchas todas? claro. basta ter quem queira gastar. agora, tratar isso tudo como "novo picasso" é ridículo.
vejam abaixo
o próprio pai, na matéria que coloco a seguir, afirma que é apenas uma criança se divertindo. e é apenas uma criança se divertindo. juro.
texto de milly lacombe, plataforma uol, outubro de 2024
Em nome de combater a corrupção privatiza-se tudo. Como se a corrupção fosse um acontecimento puramente estatal. Nada para ver nas análises fiscais das Lojas Americanas que levaram milhares ao desemprego e à falência e beneficiaram os bilionários de sempre. Circulando. A corrupção é o tecido que liga o setor econômico ao político no mundo. (...) Ela está em todos os lugares. É um falso debate esse que estamos travando: melhor o estado cuidar da energia ou melhor entregar para o sacrossanto gestor privado? É um debate falso na medida em que ele existe para que não foquemos no que importa: o bem comum não pode ser regido pela lógica do lucro. (...) Uma distribuidora de energia não existe para lucrar; existe para entregar. Entregar para todos. (...). Entregar sem falhas. É preciso gastar e investir e nunca, jamais e em tempo algum, embolsar o que sobrou. (...)Trata-se de um golpe dado contra a população e que começou com Fernando Henrique, que saiu privatizando tudo e disse que ia criar agências reguladoras que fiscalizariam. Arrãm.(...)
triste demais acompanhar esse show de horrores, em são paulo, neste segundo semestre de 2024. e olhe que esse tal nunes foi para o segundo turno da eleição para prefeito! a população de são paulo é uma das mais conservadoras do país, a gente sabe. elite e classe média não gostam de estudar. e há uma parte que é completamente desassisitda, mas há uma outa que luta contra a corrente para sobrevida da democracia e afins: são os chamados "de esquerda". que seja.
essa gente que rema precisa de um prêmio! sério. os demais, eu já nem sei que adjetivo dar. manter nunes é ir para o caos.
romance regionalista, modernista. folclore rural, narração em primeira pessoa, une misticismos e denúncia social.
vejam estas perguntas. tente fazer. gabarito no final
"(...) casamento que começa com foguete, acaba com porrete. Esse não acabou com porrete, mas foi muito pior. Um guainumbi, um beija-flor, de papo branco entrou no quarto no dia do casamento. No começo era bom, mas depois o marido virou festeiro e ia para todas as farras com Seu Pereira. Mas Sinhá não brigava, casou contra a vontade dos pais. Pode até ser que brigasse, mas era escondido ou nunca aconteceu. A soberba ajudou Sinhá a sofrer calada.(...)"
[ Água funda, Ruth Guimarães, 1946 ]
A. O que o ditado popular “casamento que começa com foguete acaba em porrete” sugere sobre o relacionamento de Sinhá e Sinhô?
a) casamentos festivos são sempre felizes b) casamento começou bem e mudou demais depois c) as brigas foram frequentes desde o início d) o casal não deveria ter se casado tão cedo e) casamentos precisam de celebração sempre
B. Qual o papel do guainumbi de papo branco no trecho?
a) símbolo de felicidade e prosperidade para o casal. b) representação da liberdade que ambos sentem c) presságio de dificuldades que viriam d) sinal de sorte que marcou de ambos e) elemento místico que trouxe harmonia
C. A atitude de Sinhá em relação ao comportamento de Sinhô pode ser interpretada como:
a) submissão e falta de reação b) resignação e aceitação c) indiferença e medo d) esperança e paz e) desejo de vingar-se