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Mostrando postagens com o rótulo literatura

a solidão - sophia de mello breyner - comentário

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                                                                  [ cristo de la expiración - francisco gijón  séc 17 ]            6.  A solidão    A noite abre os seus ângulos de lua    E em todas as paredes te procuro    A noite ergue as suas esquinas azuis    E em todas as esquinas te procuro    A noite abre as suas praças solitárias    E em todas as solidões eu te procuro    Ao longo do rio a noite acende as suas luzes    Roxas verdes azuis.    Eu te procuro.      [ O cristo cigano,  1961 , Sophia de M B Andresen ]    . . . . . .  .  .  .   .   .    . este é o sexto poema de "o cristo cigano".  a ...

rupestre moderno

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                     [ rupestre moderno - versão engraçada feita por i. a. - fev 2025 ] já fui um velho livro esquecido numa biblioteca subterrânea. ninguém sabia quem me escrevera, nem por que me haviam trancado ali. quem me folheou dizia que as páginas mudavam a cada leitura. o texto se embaralhava, era assombroso. às vezes, eu era um romance trágico; em outras, um tratado filosófico. houve quem jurasse ter encontrado fórmulas matemáticas nunca vistas antes, enquanto outros diziam que eu contava segredos de borboletas extintas. vai vendo. todos que leram, morreram. se bem que é normal humanos morrerem.  até aí, as coisas. por séculos, permaneci intocado, até que uma criança  -- chata, com certeza -- desobedecendo às placas de "cuidado" e "sopa de letrinhas fervendo", acabou me encontrando. a tal criança remelenta abriu minhas páginas e, pela primeira vez, eu soube o que era ter alguém que me lesse com curiosidade. e sem ...

a visão das plantas - djaimilia de almeida

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  romance - djaimilia almeida - angola, 2019 cenário é portugal  --   século 19, predominantemente enredo base:  celestino é um pirata idoso retornando a sua casa numa vila, na rua dos choupos.  local estava abandonado e a casa vai sendo recuperada aos poucos, principalmente o jardim, com cravos, roseira, cameleira e outras plantas o início é assim: Noite abençoada. Acordou em casa, restaurado, após uma vida cheia. Mas a casa tinha mudado. Com as portadas trancadas, a mobília coberta com lençóis, a toalha manchada de vinho sobre a mesa, a arca da roupa fechada a um canto, os reposteiros de veludo negro, esgarçados pela traça, tudo era outro e, ainda, o mesmo. Na penumbra, o volume dos móveis insinuava fantasmas. O pó, tornado um ser, animava o espaço, iluminado pela claridade através das frestas das janelas. (...) segundo a narração -- 3a pessoa onisciente -- as plantas não davam a mínima importância às intenções e ações carinhosas, ali no jardim....

o escultor e a tarde - sophia m breyner - comentário

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        1 . O escultor e a tarde   No meio da tarde   Um homem caminha:   Tudo em suas mãos   Se multiplica e brilha.   O tempo onde ele mora   É completo e denso   Semelhante ao fruto   Interiormente aceso.   No meio da tarde   O escultor caminha:   Por trás de uma porta   Que se abre sozinha   O destino espera.   E depois a porta   Se fecha gemendo   Sobre a Primavera.         [ O cristo cigano,  1961 , Sophia de M B Andresen ] este é o poema número 1 de "o  cristo cigano ". importante :  sophia breyner encontrou-se com joão cabral de melo neto, em sevilha, espanha, onde vivia o brasileiro que era também diplomata. lá, ela ouviu a lenda de que o escultor espanhol francisco gijón, no final do século 17, recebera uma encomenda de um cristo em agonia. para este fim, o tal artista buscou uma cena que pudesse ver alguém morrendo para conseguir insp...

canção para ninar menino grande: a escrevivência de conceição evaristo

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  narradora -- numa espécie de prólogo -- explica ao leitor que vai contar histórias de amor e que o processo é difícil.  o relato do livro trata das relações de mulheres com um homem chamado fio jasmim. no presente da história, ele está com 44 anos, casado, vários filhos, da esposa pérola maria e de outras, como dalva, a ruiva. a construção do livro é obra de duas mulheres: a narradora e juventina. outras mulheres que surgirão na narrativa: aurora, dos santos, angelina, dolores, antonieta, tina, dentre outras.  tina é apelido de juventina.  " (...)  a fala suspensa foge da escrita. E mais, a grafia não registra a intensidade de um silêncio intervalar, diante de um renovado estado de estupor (...)   só falarei do brilho das estrelas, das á rvores frondosas que habitam determinada esquin e debulharei as palavras, da sua raiz até suas derivações, se tudo me vier agarrado à vida (...) fui uma das mulheres de fio jasmim (...) não, o moço não me é estranho ...

bala que ficou para trás -- ebook do carneiro

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  d a série " emília e iracema ", deste que vos fala.  um conto -- ou algo assim -- que envolve a cidade de santos, três (ou quatro) mulheres apaixonadas, uma chance de morte, literatura e ... e você precisa ler. é por pagu -- patrícia galvão --, só pra deixar claro. clicando agora aqui   bala que ficou para trás   (clica) -- consiga seu livro!   . . . . . .  .  .   .   .    . veja mais o que escrevi em " meus livros " -- botão acima

em dezembro 2024: o que será ?...

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                                                                  [ legenda por sua conta ]             está          chegando    . . . . . .  .   .    .              clica

carta campinas entrevista professor

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  a plataforma "carta campinas" me convidou para uma conversa. foi ótima!  com glauco, miguel e luís parra trocamos ideias e compartilhamos algumas angústias.  os temas?  política, educação e literatura. se gosta, vale pena ir ao canal deles -- y tbe clique aqu i -- e ver toda a conversa que durou mais de uma hora! se preferir, fiz uma edição resumida, aqui, é só clicar.

escolas literárias - pequeno painel

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  vejam esta: abaixo, do realismo até século 20  . . . . . .  .  .  .  .  .   .    . livro de história da literatura  - clicA conheça a lojinha da amazon  - clicA

dante também está cansado

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                                        [ dante e gérion -- ilustração: carlos h carneiro -- via i.a. ] aqui no sudeste faz frio, venta, multiplicam-se galhos e folhas pela rua. roteiro que lembra um livro lá de florença, itália. é junho. no caminho, inferno a dentro, o poeta dante sente arrepios de pavor diante de despenhadeiros, rios de fogo, poços fumegantes, fora a chance de ser morto por um centauro imenso. é " a divina comédia " , lá do século 14.  não há centauros, lá fora, mas o barulho do vento pela janela incomoda. há notícia de pessoas sem casa ou sem teto. bueiros entupidos, árvore sobre carros e carros boiando em alagamentos. no rádio toca "meu santo tá cansado" ( o rappa ). qual saída? para dante, poeta virgílio o aconselha abraçar-se a gérion, um monstro, meio gente, meio réptil, e assim poder passar de uma parte a outra, na busca de sair do inferno. ou seja,...

vida e morte de m j gonzaga de sá - considerações

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  quando : início do século 20 quem :  augusto machado e gonzaga de sá romance em 1a. pessoa:  augusto machado personagem central : manuel joaquim gonzaga de sá por que ler: livro publicado em 1919 discute realidade brasileira pós-império, no rio de janeiro; expõe males da eugenia e escancara abismo que separa pobres daqueles que têm poder... e  é obra do lima barreto conflito: diferença de classe veja o que falei do livro neste vídeo   . . . . . .  .  .   .   .    .

para viver um grande quadro

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                                    [Vinícius de Moraes, 1938 – óleo –  56 x 47 cm  - Portinari]                             [Maria L Proença, 1938 – óleo –  60 x 73 cm  - Portinari]   durante muito tempo, não soube que cândido portinari tinha feito retrato do poetinha. e ainda jovem. folheando "para viver um grande amor", do vinícius, achei uma crônica em que ele reclama com a filha susana, a posse do quadro. ela, prestes a casar-se, levaria consigo a peça de portinari. a questão era coerente: a nova namorada de vinícius (futura esposa) tinha sido também retratada por portinari: maria lúcia proença. o traço do pintor traz uma sobriedade que talvez não combinasse com ele, mas quem sabe do que se passa em mente de artista? se susana devolveu-lhe o quadro, não sei. só garanto que tenho um tanto ...

portas

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                                                    willtirando quando capitu saiu do rio de janeiro, foi pra suíça, com seu filho ezequiel escobar perto de si. anos mais tarde, o próprio ezequiel, adulto, volta para ao rio em busca de dinheiro, pois faria parte das pesquisas arqueológicas, nas pirâmides do egito. capitu já havia falecido.  o final, você já sabe, ele morre por lá e o enterram, em jerusalém. em 2010, cerca de 111 anos depois de dom casmurro ter sido lançado, pesquisadores suíços descobriram uma porta de 5 mil anos de idade… isso mesmo, na suíça. se estava fechada, não sei. mas para que serve uma porta, se não para abrir? qual porta você tem mantido fechada, ainda? f ico imaginando quem deixaria uma porta tanto tempo trancada.

vida arteira

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arte concepção: carlos h carneiro via microsoft i.a. (2024) anos atrás, d eixei uma tarefa para os alunos que tinha, na época, ensino médio: assistir ao filme "as horas" (stephen daldry), sobre a escritora inglesa virginia woolf. em uma das questões pedia-se que respondessem seguinte: qual chance de uma obra de arte mudar a vida de alguém. s erá mesmo que uma obra de arte, quer seja livro, filme, música ou tela pode mudar os rumos de uma pessoa? e ntão, cabe pergunta: por que se faz arte? entretenimento? terapia? fetiche? vingança?  o lhem, acredito que exista arte para que estejamos em contato com outra realidade. ver a vida, pelo menos, por outro viés. algo como recriar as coisas, os tons, as cores. e mais: diversão e geração de emprego são dois valores de que gosto, quando o tema é a arte. educação política também serve, mas não creio que toda obra de arte deva ser como "vidas secas" (ramos) ou "os miseráveis" (hugo), ou seja, um libelo contra a opressã...

o cais em pessoa : durban dentro dele

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  um dos primeiros portugueses que, oficialmente, deixou sua marca por durban, áfrica do sul, foi bartolomeu dias, em 1488. no mesmo lugar, viveu parte da adolescência, o poeta fernando pessoa. ele chegou em 1896, em função do trabalho do padrasto, o cônsul joão rosa. na cidade de durban, pessoa escolheu um heterônimo: c.r. anon (brincadeira com "anônimo"). em 1905, o português das múltiplas personalidades deixava a áfrica do sul. na cidade, há um relógio em sua memória e uma estátua para bartolomeu dias, a quem pessoa dedicou versos:       Jaz aqui, na pequena praia extrema    O Capitão do Fim     Dobrado o Assombro,     O mar é o mesmo:     Já ninguém o tema!                         (...)                  [in "M ensage m"]    . . . . . . .  .  .  .  .  ....

discutir literatura de homens ou mulheres no vestibular mascara o mais importante

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  figuras importantes da literatura, por aqui, não vêem com bons olhos a escolha de uma lista de leitura composta apenas por mulheres, para o vestibular da usp ( fuvest ), em 2026. de certa forma, uma lista só feminina pode mascarar o machismo inerente à cultura do país, principalmente nos século 19 e 20. concorda-se. direito reconhecido em criticar o que quer que seja, tudo certo também. agora, sinto que se dá importância demais a um exame que não pretende medir o grau de conhecimento de estudantes. se fuvest escolhe este ou aquele, esta ou aquela, não vai alterar o preço do feijão.  a literatura dos homens -- excluídos da lista -- não será excluída do mundo, eles continuarão aí.  vestibular é exame, não é prova. vestibular não premia o bom esudante, a boa estudante. quem passa no vestibular xis só prova que foi bem naquele tipo de exame. passar em vestibulares, por aqui, não é tarefa apenas para quem estuda muito, mas sim, quem treina aquele tipo de prova.    ...

silêncio de um cipreste - cartola - um outro olhar

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  numa primeira postagem ( julho, 2022 ) comentando o samba "silêncio de um cipreste", do rei cartola, afirmei o seguinte:      (...) parece mesmo que existe culpa, nessa letra de cartola. então, a solução para o defeito seria mudar o pensamento – ao invés de tentar fazer alguma coisa. o pensamento, segundo o texto, é folha do cipreste que o vento leva, não tem peso. uma ação, pelo contrário, fica, tem peso, pode ser julgada. (...)       [  clica aqui pra ler o texto todo  ] hoje, releio, estudo, converso, então, resolvo fazer ressalva.  assim: a questão, no texto de cartola, não seria apenas o contraste entre o pensar e o fazer. lidar com pensamento não significa necessariamente deixar de fazer uma ação.  pode ser, mas nem sempre. olhem, a letra é introspectiva, revela arrependimento, é fato. agora, mudar o pensar também pode ser uma maneira nova de encarar o passado, ou seja, rever aquilo que o poeta diz não ter realizad...

dicas de leitura - ensino fundamental e médio

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        LEITURAS PARA SALVAR O MUNDO dentro desse mundo repleto de barbárie, há de se começar por algum lugar e, como trabalho em escolas, achei que poderia compartilhar o que pretendo fazer ano que vem com meus estudantes, todos do ensino médio.  de repente ajuda, no mínimo, a combater essa enxurrada de violência, ódio e racismo. quiçá, mudar o mundo pra melhor, de uma vez.   1. "a vida não é útil" (krenak)  sugestão: 9o (fund2) e ensino médio -- cuidar do planeta -- relação do humano com a tecnologia . . . . . . . . . . .  .  .  .  .  .   .   .  2. "olhos d'água" (conceição evaristo) sugestão: ensino médio - - pelo menos dois contos: o primeiro e mais um -- debate sobre racismo estrutural; amor; passado da negritude . . . . . . . . . . .  .  .  .  .  .   .   .  3. "pequeno manual antirracista" (djamila) -- racismo institucional e estrutural sugest...

quem somos

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[ abolição via vargas - 2021 ]           carlos henrique carneiro , nascido em ribeirão preto, sp - formação: letras, unicamp, 1984 a 88                                              [ aos 17 anos, personagem de "deus me livre", puntel, ed ática ] inciou profissionalmente no colégio graphos, 1986, nas cidades de são josé do rio pardo, mococa, itapira e esp. s. pinhal, todas no estado de são paulo. professor de literatura e redação. trabalhou na rede objetivo, em campinas, mogi-mirim, mogi-gauçu e bragança paulista, tudo isso entre 1986 e 95. por quase vinte anos, trabalhou no colégio visconde de porto seguro -- 1992 a 2010 ( coordenador e professor ), em valinhos.  desde 2020, é professor de literatura e história da arte, no curso alethus, rede poliedro, valinhos. mora em campinas.  escritor:    " poeta em construção ", 1982 ;...