por que ler: livro publicado em 1919 discute realidade brasileira pós-império, no rio de janeiro; expõe males da eugenia e escancara abismo que separa pobres daqueles que têm poder... e é obra do lima barreto
casa velha é narrativa relativamente curta, em prosa, e chamamos de "novela". o trabalho de machado saiu na revsita "estação", entre 1885 e 86.
o que tem nessa história:
rio de janeiro: 1839 é o tempo da narrativa. um casarão já antigo -- a casa velha -- com antônia, a viúva do ministro de d pedro I, no comando do lugar. há uma capela, no espaço externo.
destaques: padre narrador - 32 anos félix - filho de antônia, cerca de 20 anos antônia - viúva, dona da casa cláudia - 17 anos, órfã, vive com tia mafalda, educada na casa velha vitorino - moço humilde pretendente de cláudia (lalau) sinhazinha - futura esposa de félix
a trama: padre narrador quer escrever uma história sobre política nos tempos de pedro I. por indicação, vai até uma casa velha porque lá há documentos que podem ajudar a pesquisa, uma vez que o dono da casa, já falecido, foi ministro do rei. na casa velha, o padre desconfia de um amor entre félix (filho de antônia) e cláudia (lalau). leitor fica sabendo que a mãe de félix não quer a relação pelo fato da moça ser pobre. por insistência na liberação da relação entre ambos, o padre acaba descobrindo -- via d. antônia -- que os jovens podem ser irmãos, porque o tal ministro teve um caso extraconjugal com mãe de lalau. os jovens tomam ciência do fato, ficam tristes, separam-se.
mais tarde, o padre faz novas pesquisas e acaba sabendo que o filho que o minsitro teve com a mãe de cláudia faleceu com meses de idade. não era lalau, então, a irmã de félix: ela já era nascida quando o caso extraconjugal do marido de antônia se deu. tudo parecia resolver-se, quando o padre descobre que antônia inventou mesmo a história da possibilidade dos jovens serem irmãos justamente para separá-los. antônia tinha noção de que lalau não era irmã de félix... o tal padre narrador tenta reaproximar os dois, mas não dá certo: a jovem prefere ficar longe da casa pois o tal ministro envergonhou sua família. fim.
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a "casa velha" pode sim ser uma representação figurada do império brasileiro da época. existe a dona do espaço (antônia), existe o clero (narrador) e existe um pedro II querendo a maioridade (félix).
assuntos como a guerrados farrapos e a maioridade iminente do filho de pedro I permeiam a narrativa, é bom saber: eles são citados sim, daí ser relativamente fácil fazer o paralelo entre o casarão de antônia e o império brasileiro.
há uma outra questão importante, envolvendo padre narrador e sua personalidade, por conta da citação de um livro, visto dentro da casa: "storia fiorentina" e mostra uma nova visão sobre a relação do religioso com os dois jovens -- o que torna a capa do livro, no alto deste post, bem mais significativa.
esta "storia" pode também revelar contraste na postura do ministro, anteriormente, ou seja, livros religiosos ao lado deste, considerado depravado, na época. então, o ministro que levava vida recatada, também agia de modo condenável, quando de seu adultério com mãe de claudia. se bem que esta versão, a mim, parece simples demais em se tratando de machado. enfim.
agora, pra saber tudo, você precisa ver o vídeo abaixo.
DELÍRIOS DE UM PARAÍSO VERMELHO [ acadêmicos do salgueiro ]
Ei, psiu Salgueiro, eu te sigo (eu te amo) De todos os amores que eu tenho É com muita honra e com muito orgulho Salgueiro, a minha maior paixão
Vermelha paixão salgueirense Que invade a alma Tá no sangue da gente O morro desce na batida do tambor Nesse delírio que o artista se inspirou No toque sublime de amor O profeta pintou o paraíso Intenso vermelho que tinge a emoção Tá no meu coração, Salgueiro A vida em perfeita harmonia A plena liberdade de viver Mas a tentação que seduziu Adão e Eva Fez o pecado florescer Quem será pecador? Quem irá apontar? Há um olhar de querer julgar Se cada um tem seu jeito Melhor conviver sem preconceito No meu sonho de rei, quero tempo de paz Guerra, fome e mazelas nunca mais A minha Academia anuncia Da escuridão, raiou o dia Bendita redenção Os excluídos libertando suas dores Embarque pro renascer dos seus valores Basta de violência e opressão Chega de intolerância A luz da eternidade acende a chama Festejando a igualdade Que a felicidade emana Resplandece a beleza do meu rubro paraíso Proibido é proibir, aviso Pelas bênçãos de João Nessa noite de magia O meu samba é a revolução da alegria No toque sublime de amor O profeta pintou o paraíso Intenso vermelho que tinge a emoção Tá no meu coração, Salgueiro A vida em perfeita harmonia A plena liberdade de viver Mas a tentação que seduziu Adão e Eva Fez o pecado florescer
Vermelha paixão salgueirense Que invade a alma Tá no sangue da gente O morro desce na batida do tambor Nesse delírio que o artista se inspirou Feliz é aquele que tem o Salgueiro no coração Tá surdo?
ENREDO Edson Pereira
COMPOSIÇÃO DO SAMBA-ENREDO Moisés Santiago / Líbero / Serginho Do Porto / Celino Dias / Aldir Senna / Orlando Ambrosio / Gilmar Silva / Marquinho Bombeiro
a partir da postura do carnavalesco joãosinho trinta (assim mesmo, com "s"), desenvolveu-se o enredo da "acadêmicos do salgueiro", rio de janeiro, para 2023. o texto está pronto desde junho 2022. o samba veio pouco depois.
você encontra referência, no enredo, sobre ele como "joão 30:90", sugerindo um tom quase divino ao carnavalesco de muito sucesso, no século 20.
a alegoria do paraíso bíblico é usada para ilustrar o universo brasileiro envolvido pelo preconceito, raiva e ignorância. "se cada um tem seu jeito / melhor viver sem preconceito", diz um dos versos. e mais: a tentação que atacou adão e eva permite questionar quem seria o pecador. "quem vai julgar ?" anuncia um outro verso. me parece que a questão do errar pode ser vista como algo inerente ao humano que não é perfeito. desta forma, pode-se questionar: quem criou a maçã? quem criou o desejo? quem é mesmo, de verdade, responsável pelos atos de adão e eva ? enfim, segue o samba exaltando a redenção. os que foram banidos do paraíso podem voltar a viver. aqui, claro, referência à negritude e àqueles condenados por seu jeito de viver o prazer. portanto, é preciso festejar a iguladade e, como diz o samba: a partir de joão, celebrar a alegria.
entendeu ou tá surdo?
eu não devia mas vou: "surdo" é também instrumento musical.
estilo nascido no samba, na esteira da aproximação "erudito-popular" que fizeram, por exemplo, pixinguinha e villa-lobos, anos antes. estilo predominantemente lírico, temas cotidianos e um ritmo que por vezes se aproxima do jazz, mas com marca brasileira por excelência. saber mais? assista-me!
agora, o passeio é em angra dos reis, aqui no continente, nada de ilha grande, mas um recanto com vista legal.
aqui, na praia vermelha.
preparando vídeo sobre literatura interdisciplinar e outro sobre o grupo de rock "angra".
já vi tartaruga na água esverdeada dos cariocas. espero encontrar alguma garrafa boiando com mapa de tesouro dentro, tem um monte de ilhas aqui, uma inclusive com água doce -- a do "sandri" --, bem destacada, na foto abaixo. e isso favorece a existência de pouso para corsários...
pois que vi no noticiário que exumaram o corpo do revolucionário e terno vanguardista dali, morto em 1989.
descobriram que seus bigodes estavam intactos. tem quem goste. tiraram o coração do santos dumont, do pedro primeiro, cabelos do napoleão... e do rasputin... ah, esquece.
inaugurado em 1884, o palácio foi palco da assinatura da tal lei áurea, em maio de 1888. em abril, uma festa foi organizada para alforria de muitos escravos, na região. é petrópolis, chamada de "cidade imperial". o palácio é de ferro fundido, uma encomenda à fundição de dom gastão, por acaso, genro de pedro segundo, conhecido, o gastão, como conde d'eu. ele, o sogro, a esposa isabel, estão em tumbas na catedral são pedro de alcântara.
não é a primeira nem a segunda vez que passo pela serra carioca. hoje, em itaipava (petrópolis), me preparando para um novo vídeo sobre alguns monumentos da cidade, principalmente, o museu imperial. férias escolares, mas a cabeça ferve de ideias.
o rio de janeiro continua cantando. cento e um anos de samba, em 2017. "pelo telefone", de donga, é um marco na história da música negra no país e, por acaso, continua linda.
amor. conto que pertence ao livro "laços de família", conta história de ana, uma dona de casa que vive no conforto da tradição mais clichê possível, para classe média da época (década de de 1960) : marido, filhos, apartamento na via urbana do rio de janeiro. narrativa simples, direta. ana está no bonde com suas compras. enxerga um cego, no ponto de ônibus, mascando chiclestes. assustada com tamanha autononia, deixa cair as compras... ovos se quebram. desce no ponto errado. vai parar no jardim botânico. a natureza lhe parece hostil. ela medita sobre a segurança de seu lar, tudo planejado, desde antes de seu nascimento. nascer, crescer, ter filhos, morrer. e o que estava acontecendo? uma vida, finalmente, lhe era apresentada. com medo do perigo de viver, ana se recompõe e volta pra casa. é recebida por seu filho. vai para a cozinha, prepara jantar, afastando-se do perigo de viver. no quarto, deita-se e apaga a luz para dormir. quer saber mais ? assista-me!
a revista vogue editou imagens dos modelos cleo pires e paulo vilhena para que representassem atletas paralímpicos, cujas competições começam em setembro próximo. uma avalanche de críticas se deu, por conta da falta de sensibilidade da revista porque simplesmente não escolheram atletas especiais de verdade... retiraram, via edição de imagens, partes do corpo desses modelos para chamar atenção do público-alvo (gente branca, classe média, que não enfrenta situações como a de cadeirantes ou com deficiência visual, por exemplo). não contente com as críticas (típico de gente mimada), um dos modelos disse que quem criticou a campanha era preconceituoso. terrível. a pessoa (um dos modelos citados) acredita que achar que se faz um bem com uma campanha dessas é correto e definitivo. confundir opinião com argumento é de uma ingenuidade atroz.
"memórias póstumas de brás cubas" é marca histórica na obra de seu autor, machado, assim como de toda nossa história literária. saiu em 1881, no rio de janeiro, terra natal do autor. inaugura, para muitos, nosso realismo. contudo, desde seu início, sabemos das firulas literárias de seu estilo, apresentando delírio de morte, teoria científica efêmera, frases curtas e a tal metalinguagem. está mais pra pré-modernismo do que qualquer outra coisa. enfim, a vida vale a pena ler e me assistir, por que não?
clarissa lima, carioca, professora, negra. seu livro "cor de pele" é leitura fundamental para quem se interessa pela educação, pela cultura racial e quer mais debate positivo a respeito da negritude, hoje, nas escolas. estive com ela, maio de 2016, no rio de janeiro. li seu livro, entrevistei autora. imperdível. não vou me esquecer.