Postagens

Mostrando postagens com o rótulo dante

dante também está cansado

Imagem
                                        [ dante e gérion -- ilustração: carlos h carneiro -- via i.a. ] aqui no sudeste faz frio, venta, multiplicam-se galhos e folhas pela rua. roteiro que lembra um livro lá de florença, itália. é junho. no caminho, inferno a dentro, o poeta dante sente arrepios de pavor diante de despenhadeiros, rios de fogo, poços fumegantes, fora a chance de ser morto por um centauro imenso. é " a divina comédia " , lá do século 14.  não há centauros, lá fora, mas o barulho do vento pela janela incomoda. há notícia de pessoas sem casa ou sem teto. bueiros entupidos, árvore sobre carros e carros boiando em alagamentos. no rádio toca "meu santo tá cansado" ( o rappa ). qual saída? para dante, poeta virgílio o aconselha abraçar-se a gérion, um monstro, meio gente, meio réptil, e assim poder passar de uma parte a outra, na busca de sair do inferno. ou seja,...

pedaços de anjo recuperam dante do inferno

Imagem
                                                                                                            [ roberto ferri , séc 21 ] um poema do italiano dante alighieri ( séc 14 ) é versão lírica -- provocante -- daquilo que mary shelley faria, no século 19, quinhentos anos depois. um milagre, dirão uns. ficção, sussurrarão outros. veja: Tanto gentile e tanto onesta pare la donna mia, quand'ella altrui saluta, ch'ogne lingua deven tremando muta, e gli occhi no l'ardiscon di guardare. Ella si va, sentendosi laudare, benignamente e d'umiltà vestuta; e par che sia una cosa venuta dal cielo in terra a miracol mostrare. Mostrasi sì piacente a chi la mira, che dà per li occhi una dolcezza al core, che 'ntender nolla può...

no meio do caminho é poema sóbrio e inquietante

Imagem
  NO MEIO DO CAMINHO No meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra. Nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minhas retinas tão fatigadas. Nunca me esquecerei que no meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho no meio do caminho tinha uma pedra. [ carlos drummond de andrade ] poema saiu em 1928, pela primeira vez, na revista de antropofagia ( oswald de andrade ). em 1930, passa a integrar o livro "alguma poesia".  o texto se liga a "nel mezzo del camin", soneto parnasiano de bilac, mas que também acena para dante alighieri e o início de sua divina comédia: "nel mezzo del camin di nostra vita...", séc 14. no caso de bilac, soa como crítica ao artificialismo sem sal do estilo parnasiano. o poema de drummond revela uma característica de um eu lírico tomado de certa covardia. é um eu poético que se apequena e isso se dá em outros livros, como "claro...