livro de caráter dinâmico, voltado a um público juvenil, "até que a morte nos ampare" trata de tema polêmico sem estereótipos e de forma leve.
recomendo!
livro de caráter dinâmico, voltado a um público juvenil, "até que a morte nos ampare" trata de tema polêmico sem estereótipos e de forma leve.
recomendo!
criação arte: carlos h carneiro
na
crônica "sobre morte e morrer", machado registra: "qualquer
de nós teria organizado este mundo bem melhor do que saiu". é a
primeira linha. queria ter escrito isso, embora todo mundo diz tal
coisa com outras palavras, gestos ou até silêncio. organizar
o mundo é necessário, a começar pela vida própria. e pensar na morte esvazia um
pouco a ansiedade, acreditem. dá ideia de que algo pode ficar como legado. algo bom ou ruim, não importa. falando nisso, mortes na literatura: pode-se
começar por aquela quase suave em "iracema"; ou a sanguinolenta de
"a hora a e a vez de augusto matraga" ou ainda a intensa de madalena,
em "são bernardo". há outros tantos textos que passam pelo assunto
“morte”, como em "o cortiço" (efeitos da miséria), "noite na
taverna" (efeitos do álcool) ou "nove noites" (efeitos da
angústia).
numa
outra crônica "considerações sobre o suicídio", o mesmo machado
dispara: "(...) a questão do suicídio é antes resolvida no sentido da
fraqueza que no da coragem. é um problema psicológico fácil de tratar entre o largo do machado e o da carioca. se o bond for elétrico, a solução é achada em
metade do caminho".
discordo. quem bota fim na existência tem muita coragem.
uma
pilhéria ácida esse machado de assis (1839-1908).
* o nome "largo do machado" faz referência ao oleiro andré machado que, no século 18, era dono de terras no lugar
. . . . . . . . . . . . . .
lojinha do carneiro alivia angústias - clica
[ parceiro amazon ]
conto do livro "morangos mofados" do caio f abreu.
Rói as unhas no momento em que abro a porta, a bolsa comprimida contra os seios. Como sempre, penso, ao deixá-la passar, cabeça baixa, para sentar-se no mesmo lugar, segundas e quintas, dezessete horas: como sempre. Fecho a porta, caminho até a poltrona à sua frente (...)
. . . . . . . . . . . . . . .
a paciente conta um episódio que antecede sua chegada ao consultório, que é o tropeço em um caixão de defunto. ela estava entretida com suas ameixas, comendo com vontade, dobra uma esquina e topa com o caixão saindo da casa. a paciente e o psicanalista fumam vários cigarros, durante a sessão.
. . . . . . . . . . . . . . .
(...) então eu vinha caminhando devagarinho as ameixas eu não conseguia parar de comer, sabe, já tinha comido acho que umas seis estava toda melada quando dobrei a esquina aqui da rua e ia saindo um caixão de defunto do sobrado amarelo (...) foi bem na hora que eu dobrei não deu tempo de parar nem de desviar daí então eu tropecei no caixão e as ameixas todas caíram assim paf! na calçada (...)
. . . . . . . . . . . . . . .
mais um caso de violência em escolas, neste 2023. mais uma morte.
em abril deste ano, escrevi:
se a criança não se sente acolhida pelo mundo adulto, a internet acolhe, óbvio. e o que fazer? proibir celular, internet? não. é ingenuidade, sinto muito. educar é mais seguro, porque tudo se esclarece quando se tem certeza daquilo com que estamos lidando. então, educadores, educadoras, por favor, tratem de questões envolvendo bullying, uso da tecnologia, funções da comunicação... não se omitam!
- clica para ler o texto todo -
o país não sabe lidar com essa profusão de casos de violência porque culturalmente homem não fala de sentimento, nem em casa, nem na escola. em lugar nenhum. é um tabu. por isso, é necessário sim que haja profissional de saúde para lidar com a questão mental, nas escolas. a responsabilidade é também do governo do estado. claro que as escolas podem minimizar a situação na medida que educadores e educadoras tratem do tema "violência", em sala de aula. educadores e educadoras devem lidar mais com a questão das redes digitais em todos as áreas. urgente. está provado: omissão causa morte sim.
[ moon & ba ]
a idade chega e a gente acaba pensando o que é morrer de fato; o que é esse fim, quando vai ser, essas coisas. acho que sempre pensei na morte, mas, ultimamente, com mais regularidade. é da vida pensar na morte, então acostuma-se. deve ser a idade.
2022 - cem anos da "semana" mais famosa da história das artes brasileiras; a soma dos números dá seis, o que quer que isso signifique
ÁGUA - lugar onde os peixes transam; reflexo do céu e um dos principais componentes do corpo humano. é usada estupidamente para lavar carro no domingo e poodle de madame. também serve para tornar a história “a terceira margem do rio” (guimarães rosa) bem mais simbólica.
ABREVIATURA - ato de se abrir um carro de policia.
ALGUMA POESIA – livro de estreia de poeta mineiro (drummond) cheio de referências prolixas à paisagem mineira, definida por ele mesmo como “besta”. Conjunto de poemas pretensamente irônicos onde só se salvam “outubro 1930” e “nota social”, sendo este último a prévia do que seria o próprio poeta no futuro: a cigarra era justamente manoel de barros.
alencar – escritor nacionalista brasileiro que adorava imitar o modelo europeu de folhetins; ficou famoso por ter inventado iracema, a virgem dos lábios de mel, da tribo tabajara... o nome da índia, aliás, é anagrama de “américa”, mas isso você já sabia. famosa mesmo é jesuína, a primeira figura da literatura nacional a se apaixonar por outra mulher, assim, sem rodeios... está lá, em “lucíola”... e dizem que romântico é moralista. eita, cearense porreta!
alopatia - dar um rápido telefonema para a irmã da mãe.
ansiedade – um passo para a vitória, meio passo para a angústia eterna
amizade - ligação
entre pessoas que se respeitam. transparência, bom senso e liberdade compõem o
mínimo que um termo desse carrega. tem gente que acha que “amizade” é enviar,
pela internet, aquelas baboseiras sobre anjos, frases feitas sobre amor ou
mesmo deus... e ai daquele que reclamar dizendo que não quer receber o que não
pediu... amigos da onça, isso sim. “a amizade é um amor que nunca
morre." - mário quintana.
amor – estado em que dor e
prazer se confundem. sinônimo de aventura. “roma” de trás pra
diante. sentimento bem inferior à paixão. palavra que fez a fama de
freud. diz-se de certa personagem, ofélia, em “hamlet”. ou isabel, em “o
guarani. todos acreditam que é isso, o amor, que acontece em “werther”, mas não
é.
angústia - inquietação; ansiedade; diz-se de romance de graciliano ramos, cujo personagem central, luís, passa pela vergonha de ser abandonado pela quase noiva, e ainda por cima se vê diante de um crime... o pior da angústia é ver-se a si próprio.
amador - o mesmo que masoquista.
arte - aquilo que a natureza não dá; tudo o que michelângelo fazia; diz-se das coisas que romero britto vende.
b – mais gorda das letras do alfabeto, só perde para o “o” maiúsculo. faz lembrar bossa nova (tem gente que gosta), bicicleta, bilac, bandeira e banda “b”. nome do estado mais perfumado e colorido do país, a bahia produziu gente famosa sem a tal letra : é castro alves pra cá, gregório pra lá, até joão ubaldo! ironicamente, o filho de dona canô e o marido da zélia gattai também estão órfãos da bela letra.
bacanal - reunião anual de bacanas.
bruxa – certo tipo de borboleta ou boneca; diz-se de mulher feia ou má, o que é tremendo preconceito. bruxa é figura detentora do saber, principalmente aquele chamado de “mal”. mulheres sábias, por isso perseguidas... aliás, quem divide as coisas entre “bem” e “mal” é católico, eterno maniqueísta. até hoje o nome “bruxa” traz certa dose de medo, desconfiança... ô herança medieval que não sai !
camões - nome de famoso poeta português, autor de "os lusíadas" e também de façanhas no recife ! é sério. já leu "em nome do bispo", da zulmira r tavares? pare de fazer essa cara.
campo geral – história poética e quase infantil sobre um garoto míope, cuja referência é o irmão. migulim adora passarinhos e gosta de carinho.. que singelo. por outro lado, seu pai o espanca e seu irmão morre. vida trágica. fora a miséria. o final é emblemático : ao ganhar um par de óculos, vê o mundo de outra forma, incluindo o amor. guimarães rosa. quem mais?
campinas – cidade
paulista que apareceu na primeira metade do século xviii, através do povo de
jundiaí, por volta de 1721. governo de rodrigo cezar de menezes... a região
envolvia a rocinha (hoje vinhedo) até o rio atibaia. contudo, o fundador de
fato foi francisco barreto leme, nascido em caçapava velha (1704-1782) que, em
1774, recebeu ordens para povoar a região onde morava com a família, vivendo da
agricultura. quem ordena o povoamento da região foi um tal morgado mateus, de
são paulo. de 1721 até 74, tudo era jurisdição de jundiaí. pois bem, a rua
barreto leme está ao lado da prefeitura, cruzando o riacho já canalizado.
tomara que nenhum “notável” do esporte ou música desapareça para que um outro
“notável” vereador queira dar seu nome no lugar do ilustre plantador de cidade.
castiça - de boa casta; pura; aquela que não está degenerada. colocando-se um l no final a palavra ganha mais luz e significado.
cemitério – local onde se depositam mortos e vasinhos com flores igualmente não vivas. lugar, em princípio democrático, embora nunca haja eleição lá. carlos gomes, fernando pessoa, joana d’arc ou gonçalves dias, por exemplo, nunca entraram num cemitério, e nem lá se encontram, o que torna a palavra “morte” bem mais simbólica...
cerveja – refrigerante de quem não é criança; líquido de tom amarelado e escuro que sai de nosso corpo quase o mesmo como entrou, com diferença de temperatura; suco de cevada que torna as pessoas mais sonolentas ou mais francas. engraçado que quem toma cerveja, geralmente não gosta de café sem açúcar...
carneiro - mamífero lanífero, símbolo daquele que se oferece à morte para perdão dos pecadores... quem diria.
caetano – diz-se de entidade suprarreligiosa de origem baiana. um dos iniciadores da tropicália e dono de profundo mau-humor quanto à imprensa ou a quem quer que possa criticá-lo... ou a joão gilberto. compositor de uma música só (sampa), acredita ser o enviado do destino para curar os males do país. entra para a história como cantor de festival de televisão.
ciência – conjunção de conhecimentos próprios para o bem comum, mas na verdade serve à natureza dos negócios. raramente, no mundo, se fez ciência fora de tribunais ou em subsolo alheio. boa ciência era a de aristóteles, galileu, freud, marx e nina horta. há quem jure ser a arte uma ciência... (está ouvindo ? eu gargalhando)
corínthians – entidade social ligada a são jorge e ao esporte radical que é ficar debaixo daquela bandeirona mofada e úmida. conhecido clube que gera taquicardia, lágrimas e muito dinheiro (só para quem joga nele). gente como neco, luizinho, rivellino, sócrates ou fagner jogaram neste time e por ele. o resto passa como uma “ola” gigante...
culpa - transgressão; conduta negligente, segundo direito penal. agravo. mal. aquilo que se sente ao comprar mais uma obra do jorge amado. sensação inerente aos católicos, eternos devedores.
deus - entidade que, antigamente, andava com barbas longas e um caderninho para anotar nossos pecados. função psicológica necessária ao homem. é representado também por uma cobra que morde o próprio rabo. está ultimamente em descrédito depois que fernando pessoa passou a ser mais lido. deus é sempre de direita, notem: muitas pessoas foram queimadas em seu nome ou mesmo castradas, torturadas... algumas se mataram ou se deixaram matar, em arenas cheias de leões ou numa cruz. pegue o conto "vicente", miguel torga (bichos). ou o prefácio de “terra” (sebastião salgado). no quesito "teimosia" continua o mesmo, porém, lá no céu, decisões agora são de freud.
demônios - figuras ligadas geralmente ao mal. diabos. segundo a demonologia cristã, são anjos que traíram a natureza de si mesmos. não são de todo maus, pois, se assim fosse, não teriam derivado do bem. isso dá o que falar. costumam aparecer em túneis, parques abandonados, em igrejas onde três pessoas entraram de costas, às vezes em chaleiras com o bico entupido, esquecidas entre a pia e a janela da cozinha virada para o leste. chega. vá ler "o evangelho segundo jesus cristo", saramago. ou o singelo "eu e o bebu", rubem braga.
espelho – do latim, “speculum”, é a parte da casa que mais mente.
estante – lugar onde se
colocam estatuetas de aparecida do norte e garrafinhas com areia do maranhão.
pouso para vasinhos com violeta. às vezes livros. expressão usada para evitar
confusão: “espere um estante”.
elefante – mamífero pesado e patético. prova cabal de que a natureza não é justa; animal cheio de estrias e celulite nervosa, capaz de simbolizar falta de tato, o inverso da sutileza ou o tamanho daquela sua tia sexagenária; dizem que este é um animal muito inteligente, mas se peso e altura fossem sinal de sabedoria, as girafas teriam descoberto o anticoncepcional há mais tempo.
fé – confiança plena em algo; tipo de aceitação inerente aos seres humanos em desespero
frankenstein – resultado de uma lipoaspiração malfeita, a criatura, uma modelo, saiu às pressas procurando ivo ptanguy, mas só achou joãosinho trinta e aquela besta da emília, do lobato. trata-se de sobrenome de médico que inventou uma criatura que aprendeu a ler, na alemanha, com “werther” (goethe) e “paraíso perdido” (milton)... imaginem se ela topasse com algum livro do drummond ou “mar morto”...! hoje seria ministro da educação ! cadê a chave!
genitália - órgão reprodutor dos italianos.
guarani – nome de romance entre um índio e uma moça filha de portugueses, peri e ceci. quem escreveu foi alencar. não o da ópera, o do livro mesmo. amor casto, heroísmo e vida selvagem movem a história, escrita com excesso de adjetivos e comparações. ceci é amada por três caretas, mas dois não têm metade da coragem de peri, que acaba ficando com a moça no fim. vejam do que é capaz a criatura das selvas : peri, num acesso de inteligência ou extremo da sandice, toma veneno para poder matar os índios inimigos que cercavam a casa de sua amada... estes, os aimorés, tinham o peculiar hábito de jantar os prisioneiros... peri esperava vencê-los depois de morto. já o time de campinas...
inês de castro - nome de famosa personagem da história de portugal, aquela que foi fênix sem ter sido rainha ou amada com muita densidade. em 1355 foi imolada e morta a mando de afonso iv, seu ex-futuro sogro, pai de pedro. está num caixão de pedra em alcobaça, junto a pedro. é aquela que no peito escrito tinhas etc etc.... (o resto em camões)
[ os gêmeos ]
num muro perdido pela cidade pode-se ler:
"finjo estar tudo bem pra não dar explicações"
é por aí a poesia do cinza.
a narrativa de poeira e pedra que é essa solidão que a depressão entrega.
praticamente ninguém entende.
setembro amarelo é pra poucos.
quase ninguém ouve...
quem tem depressão precisa sempre fazer concessões, cuidar do que diz e suportar conselhos aleatórios, ouvir críticas à postura, ao tipo de terapia, jeito de falar, essas coisas... uma distopia.
quem tem depressão precisa sempre dar explicação. e quase nunca adianta.
setembro amarelo é um luxo. e para poucos.
no livro " f elicidade ", gianetti expõe que no século 18, o período iluminista apresentava uma equação que pressupunha uma harm...