criação arte: carlos h carneiro
- via i. a. -
na
crônica "sobre morte e morrer", machado registra: "qualquer
de nós teria organizado este mundo bem melhor do que saiu". é a
primeira linha. queria ter escrito isso, embora todo mundo diz tal
coisa com outras palavras, gestos ou até silêncio. organizar
o mundo é necessário, a começar pela vida própria. e pensar na morte esvazia um
pouco a ansiedade, acreditem. dá ideia de que algo pode ficar como legado. algo bom ou ruim, não importa. falando nisso, mortes na literatura: pode-se
começar por aquela quase suave em "iracema"; ou a sanguinolenta de
"a hora a e a vez de augusto matraga" ou ainda a intensa de madalena,
em "são bernardo". há outros tantos textos que passam pelo assunto
“morte”, como em "o cortiço" (efeitos da miséria), "noite na
taverna" (efeitos do álcool) ou "nove noites" (efeitos da
angústia).
numa
outra crônica "considerações sobre o suicídio", o mesmo machado
dispara: "(...) a questão do suicídio é antes resolvida no sentido da
fraqueza que no da coragem. é um problema psicológico fácil de tratar entre o largo do machado e o da carioca. se o bond for elétrico, a solução é achada em
metade do caminho".
discordo. quem bota fim na existência tem muita coragem.
uma
pilhéria ácida esse machado de assis (1839-1908).
* o nome "largo do machado" faz referência ao oleiro andré machado que, no século 18, era dono de terras no lugar
. . . . . . . . . . . . . .
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