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segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

tinha uma pedra etc...

 

[ moon & ba ]

no meio do caminho, tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio da vesícula. 
isso mesmo. pedras.
neste dezembro vou a hospital para procedimentos cirúrgicos e retirar o cascalho do órgão. não sei se a vesícula vai junto, não importa agora. falta pouco. dizem especialistas e os íntimos que vai ser tranquilo, que vai ser rápido e isso e aquilo. mesmo assim, fico tenso.
no mundo do consciente e inconsciente vislumbro a possibilidade dessas pedras serem, de fato, um amálgama do que deixei de dizer, do que deixei de fluir. esse pacote nada lírico se forma e fica acumulado na gente. um efeito psicossomático de dentro pra fora esse segurar o verbo, segurar o gozo, a resposta e o gesto, em nome de sabe-se lá o quê. isso tudo pode sim ter sido acumulado, e o que era sombra, medo, ansiedade virou pedra. então, me sinto prestes a parir. quem sabe agora aprendo. falta pouco. 

segunda-feira, 28 de março de 2022

quando a morte etc

 

                                                            [ moon & ba ]

a idade chega e a gente acaba pensando o que é morrer de fato; o que é esse fim, quando vai ser, essas coisas. acho que sempre pensei na morte, mas, ultimamente, com mais regularidade. é da vida pensar na morte, então acostuma-se. deve ser a idade. 

tenho pesadelos que passam por isso, essa coisa de achar que vai morer. tenho pesadelos, desde que me conheço por gente, acordo ofegante. me foi sugerido que talvez sofresse de apneia. é possível. já sofro de tanta coisa, mais uma não faz diferença.
talvez devesse buscar solução específica. eufemismo. isso mesmo, "solução específica" é um eufemismo pra "fim". se não sabe o que é "eufemismo", mexa-se, não vou explicar agora.
aliás, me mexi, nesses últimos anos, buscando alguma harmonia física e mental, mas às vezes acho que serviu foi pra nada. 
deve ser a idade. deve ser a morte mesmo.

domingo, 13 de março de 2022

ninguém viverá nossa dor

 


                                                                           [ laerte ]

ninguém viverá nossa dor. 
ninguém.

difícil essa constatação.  mas é real.
achar motivação para continuar combatendo os males não só da idade que avança, mas do contexto social do brasil de hoje é árduo. parece que o fim não vai chegar com alguma tranquilidade.
violência contra natureza, contra muher, o racismo, a homofobia, os negacionistas antivacina... é muita tristeza!
depressão, pré-diabetes, pressão alta, iminência de catarata, ansiedade e fã da ponte preta são alguns motivos para dormir mal quase sempre.
durante um tempo achei que poderia ter algum acolhimento, poderia ter reconhecimento por esse ou aquele avanço em algum setor da vida, mas é ilusão. cada um tem sua via ápia pra seguir. cada um tem seu amazonas por remar. daí sobra qual tempo ou vontade pra acolher o outro?... 
ninguém viverá nossa dor.
saber disso não ajuda meu estado, mas deixa claro o que esperar do dia seguinte.


terça-feira, 14 de março de 2017

vencido está de amor meu pensamento



mais camões para estudar !


Vencido está de Amor meu pensamento
o mais que pode ser vencida a vida,
sujeita a vos servir instituída,
oferecendo tudo a vosso intento.


Contente deste bem, louva o momento
ou hora em que se viu tão bem perdida;
mil vezes desejando a tal ferida
outra vez renovar seu perdimento.


Com essa pretensão está segura
a causa que me guia nesta empresa,
tão estranha, tão doce, honrosa e alta.


Jurando não seguir outra ventura,
votando só por vós rara firmeza,
ou ser no vosso amor achado em falta.      [ Rimas, 1595 ]



o pensamento do poeta está dominado pelo amor​... por isso, contente; e quando a vida estava perdida de amores isso foi bem interessante (estrofe 2).

poeta está assumindo que oferecerá tudo por isso.
a causa que o guia é renovar esse amor, dentro da vida... repare que se refere ao sentimento como "ferida".

veja que essa ferida é muito desejada (verso 7)... e, de modo bem sutil, afirma querer renovar esse "perdimento", esse amor dolorido (verso 8).
o leitor imagina que se trate, então, de um amor mal resolvido... e mesmo sem tê-lo realizado fisicamente, o poeta jura que não vai se meter noutra história, noutro destino (ventura), a não ser este, já vivido e tão desejado.
o eu lírico quer apenas o amor, mesmo que só em pensamento, como se leu no verso 1.
poeta conversa, nos três últimos versos, com objeto de desejo, fazendo a dita confissão amorosa