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rupestre moderno

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                     [ rupestre moderno - versão engraçada feita por i. a. - fev 2025 ] já fui um velho livro esquecido numa biblioteca subterrânea. ninguém sabia quem me escrevera, nem por que me haviam trancado ali. quem me folheou dizia que as páginas mudavam a cada leitura. o texto se embaralhava, era assombroso. às vezes, eu era um romance trágico; em outras, um tratado filosófico. houve quem jurasse ter encontrado fórmulas matemáticas nunca vistas antes, enquanto outros diziam que eu contava segredos de borboletas extintas. vai vendo. todos que leram, morreram. se bem que é normal humanos morrerem.  até aí, as coisas. por séculos, permaneci intocado, até que uma criança  -- chata, com certeza -- desobedecendo às placas de "cuidado" e "sopa de letrinhas fervendo", acabou me encontrando. a tal criança remelenta abriu minhas páginas e, pela primeira vez, eu soube o que era ter alguém que me lesse com curiosidade. e sem ...

a visão das plantas - djaimilia de almeida

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  romance - djaimilia almeida - angola, 2019 cenário é portugal  --   século 19, predominantemente enredo base:  celestino é um pirata idoso retornando a sua casa numa vila, na rua dos choupos.  local estava abandonado e a casa vai sendo recuperada aos poucos, principalmente o jardim, com cravos, roseira, cameleira e outras plantas o início é assim: Noite abençoada. Acordou em casa, restaurado, após uma vida cheia. Mas a casa tinha mudado. Com as portadas trancadas, a mobília coberta com lençóis, a toalha manchada de vinho sobre a mesa, a arca da roupa fechada a um canto, os reposteiros de veludo negro, esgarçados pela traça, tudo era outro e, ainda, o mesmo. Na penumbra, o volume dos móveis insinuava fantasmas. O pó, tornado um ser, animava o espaço, iluminado pela claridade através das frestas das janelas. (...) segundo a narração -- 3a pessoa onisciente -- as plantas não davam a mínima importância às intenções e ações carinhosas, ali no jardim....

o escultor e a tarde - sophia m breyner - comentário

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        1 . O escultor e a tarde   No meio da tarde   Um homem caminha:   Tudo em suas mãos   Se multiplica e brilha.   O tempo onde ele mora   É completo e denso   Semelhante ao fruto   Interiormente aceso.   No meio da tarde   O escultor caminha:   Por trás de uma porta   Que se abre sozinha   O destino espera.   E depois a porta   Se fecha gemendo   Sobre a Primavera.         [ O cristo cigano,  1961 , Sophia de M B Andresen ] este é o poema número 1 de "o  cristo cigano ". importante :  sophia breyner encontrou-se com joão cabral de melo neto, em sevilha, espanha, onde vivia o brasileiro que era também diplomata. lá, ela ouviu a lenda de que o escultor espanhol francisco gijón, no final do século 17, recebera uma encomenda de um cristo em agonia. para este fim, o tal artista buscou uma cena que pudesse ver alguém morrendo para conseguir insp...

o encontro - sophia de mello breyner - comentário

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             O encontro       Redonda era a tarde       Sossegada e lisa       Na margem do rio       Alguém se despia.       Sozinho o cigano       Sozinho na tarde       Na margem do rio       Seu corpo surgia       Brilhante da água       Semelhante à lua       Que se vê de dia       Semelhante à lua       E semelhante ao brilho       De uma faca nua.       Redonda era a tarde.         [ O cristo cigano, 1961 , Sophia de M B Andresen ] poema número 4 do livro "o cristo cigano". o texto parece descrever um encontro entre a figura divina e a água do rio, como num batismo tradicional, à moda de joão batista.  contudo, sabemos que se trata do cigano "cachorro", cuja lenda -- em sevilha -- inspirou a poetisa...

a embaixada americana - chimamanda adichie

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" a e m bai xa da am e r ic ana ", conto do livro " no seu pescoço ", chimamanda. tempo da narrativa: final dos anos 1990 e início da década seguinte. começa assim:  Ela estava na fila diante da embaixada americana em Lagos, olhando fixamente para a frente, quase imóvel, com uma pasta azul cheia de documentos enfiada debaixo do braço. Era a quadragésima oitava pessoa numa fila de cerca de duzentas, (...) Ela ignorou os jornaleiros que usavam apitos e enfiavam exemplares do The Guardian, do The News e do The Vanguard na sua cara. E também os mendigos que andavam para cima e para baixo estendendo pratos esmaltados. E ainda as bicicletas dos sorveteiros, que buzinavam . (...)  O conto "embaixada americana" se passa na nigéria, em lagos  -- a maior cidade do país --,  onde se vê uma mulher anônima na fila para solicitar um visto para os estados unidos. ela busca asilo político Foi então que Ugonna começou a chorar, correndo até ela. O homem de camisa c...

canção de matar - sophia de mello bryener - comentário

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      Canção de matar    Do dia nada sei    O teu amor em mim    Está como o gume    De uma faca nua    Ele me atravessa    E atravessa os dias    Ele me divide   Tudo o que em mim vive   Traz dentro uma faca   O teu amor em mim   Que por dentro me corta     Com uma faca limpa   Me libertarei   Do teu sangue que põe   Na minha alma nódoas   O teu amor em mim   De tudo me separa   No gume de uma faca   O meu viver se corta   Do dia nada sei   E a própria noite azul   Me fecha a sua porta     Do dia nada sei   Com uma faca limpa   Me libertarei.         [ O cristo cigano,  1961 , Sophia de M B Andresen ] aqui, a ideia da morte do cigano -- confirmada nos dois poemas finais do livro -- é ressaltada. a faca que mata acaba dividindo o eu lírico. traz à tona a dualidade: dor e purifica...

o baile - narcisa amália

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                 O BAILE              Esta fingida alegria,            Esta ventura que mente,          Que será delas ao romper do dia?..                                 G Dias *   A noite desce lenta e cheia de magia; A multidão febril do templo de alegria,          Invade as vastas salas O mármore, o cristal, a sede e os esplendores, Do manacá despertam os mágicos olores,          À languidez das falas.   Ao rutilar das luzes as dálias desfalecem.. Roçando o pó as vestes das virgens s'enegrecem.            Enturva-se a brancura... O ar vacila tépido... a música divina Semelha o suspirar de uma harpa peregrina.           E a hora da loucura!   Pela janela...

no seu pescoço - conto - chimamanda adichie

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               " no seu pescoço ", é um dos 12 contos do livro com o mesmo nome. aqui, trata da experiência de akunna-- jovem nigeriana, 22 anos -- que se muda para os estados unidos após ganhar o gr e en card .  o tema geral, aqui, é adaptação cultural dificílima de uma africana nos estados unidos. também se nota a questão do racismo.  akunna chega aos estados unidos com a expectativa de encontrar oportunidade de trabalho e algum conforto, conforme idealizado por sua família... mas não acontece. no início da jornada, no novo país,  foi assediada por um tio: acaba fugindo,vai parar em connecticut " (...) na verdade, ele era irmão do marido da irmã de seu pai, não parente de sangue. Depois que você o empurrou para longe, ele se sentou na sua cama — a casa era dele, afinal de contas —, sorriu e disse que você não era mais criança, já tinha vinte e dois anos. Se você deixasse, ele faria muitas coisas por você (...)  Você se tranco...

amor de violeta - narcisa amália

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  AMOR DE VIOLETA       As violetas são os serenos pensamentos que    o mistério e a solidão despertam na alma verdejante    da esplêndida primavera.                              Luís Guimarães Júnior   Esquiva aos lábios lúbricos Da louca borboleta, Na sombra da campina olente, formosíssima Vivia a violeta. Mas uma virgem cândida Um dia ante ela passa, E vai colher mais longe uma faceira hortênsia Que à loura trança enlaça. "Ai!" geme a flor ignota: "Se pela cor brilhante Que tinge a linda rosa, a tinta melancólica Trocasse um só instante; Como sentira, ébria De amor, de mágoa enleio, Do coração virgíneo  as pulsações precipites. Unida ao casto seio!" Doudeja a criança pálida Na relva perfumosa, E a meiga violeta ao pé mimoso e célere Esmaga caprichosa. Curvando a fronte exânime Soluça a flor singela: "Ah! como sou feliz!  Perfumo a planta ebúrnea Da minha ...

será que pode colar ? jogo do conhecimento

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  você já imaginou um livro que transforma o aprendizado em uma aventura interativa e divertida?  SERÁ QUE PODE COLAR ? não é apenas um livro de testes – é convite para explorar história, ciência, arte e muito mais de forma envolvente! é simples : testes de múltipla escolha . reúna criançada e leia em voz alta uma questão por vez. em seguida, após as respostas, leia a curiosidade e a solução correta.  criado por beatriz balau e carlos h carneiro , este livro foi feito especialmente para jovens de 9 a 13 anos, mas também cativa leitores de todas as idades. em suas páginas, você encontrará desafios instigantes, curiosidades surpreendentes e atividades criativas que incentivam a pesquisa e a reflexão.   o que você vai descobrir? ✔️ cultura indígena e afro-brasileira  🌍 ✔️ arte, literatura e arquitetura 🎨📚 ✔️ ciências, meio ambiente e esportes ⚗️🏆 ✔️ curiosidades incríveis e desafios criativos! 🔎 além disso, cada pergunta vem acompanhada de uma explicaç...