aparição - sophia de mello bryener andresen - comentário

Aparição Devagar devagar um homem morre Escura no jardim a noite se abre A noite com miríades de estrelas Cintilantes límpidas sem mácula Veloz veloz o sangue foge Já não ouve cantar o moribundo Sua interior exaltação antiga Uma ferida no seu flanco o mata Somente em sua frente vê paredes Paredes onde o branco se retrata Seus olhos devagar ficam de vidro Uma ferida no seu flanco o mata Já não tem esplendor nem tem beleza Já não é semelhante ao sol e à lua Seu corpo já não lembra uma coluna É feito de suor o seu vestido A sua face é dor e morte crua E devagar devagar o rosto surge O rosto onde outro rosto se retrata O rosto desde sempre pressentido Por aquele que ao viver o ...