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despedida de guga ainda ressoa

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  saudade cria vida, cresce e já quer até morar sozinha. corria o ano de 2008. gustavo guga, o "kuerten", despedia-se das quadras brasileiras, na bahia. ganhou editorial, na folha de s paulo, e mais umas notas em outros noticiários. pouco. três vezes campeão em paris, com mais de trinta finais em simples ( 23 troféus ), oito títulos em duplas, chegou a ser o tenista número 1 do planeta, aplaudido pelo sorriso, pela sensibilidade, representando um pouco o filho que o brasil gostaria de ter. desde que getúlio vargas assumia o posto de "paizão" (que horror, heim), tivemos uma "namoradinha" (mais horrível ainda) e agora um filho, com certeza mais simpático que as citações anteriores. sinceramente, não gosto de paternalismos e creio que muito menos guga, sujeito que não se expôs muito em badalações televisivas e, por méritos da educação, sustenta uma fundação em santa catarina com seu nome. por conta dessa falta de vontade de guga em não anunciar sua saída num ...

rubinato e arte eterna

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  joão rubinato faz cento e quatorze anos, neste 2024. joão era o nome de pia. contudo, foi mais conhecido como adoniran barbosa. o primeiro nome vem de seu melhor amigo e o sobrenome, uma homenagem ao cantor luiz barbosa. " saudosa maloca " é um dos sucessos de adoniran. nascido na região de valinhos, s paulo, o compositor fez parceria com o grupo "demônios da garoa", mas sua canção fica mesmo gravada no apelido do torcedor corintiano, o  maloqueiro e sofredor. adoniran e corinthias são de 1910. olhem, se você que me lê não sabe o que é "maloca", não sou eu quem vai explicar. se não sabe quem foi adoniran, aí precisa nascer outra vez. o  clube do parque são jorge também fez 114 anos, em 2024. gente como gilmar (goleiro), rivellino (meia), gabi portilho (atacante) sócrates (meia-atacante), tamíres (ala) ou ronaldo (atacante) foram campeões jogando pelo clube. o maior público para uma partida de futebol, em s paulo, foi num jogo do time. era 1978. o adversá...

ícaro me encarou

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  conheci murilo serediuk em 2024, começo do ano. valinhos, s paulo. ele, torcedor do guarani e eu, pontepretano, receita quase perfeita pra rusgas e piadas tortas. não foi. ele estudava para vestibulares e eu tentava desbastar literatura para a sala, onde estava o tal amante do time verde de campinas. numa dessas aulas, li o poema de alphonus de guimaraens, "ismália", século 19. na mesma cena, pedi pra ele -- murilo -- ligar o telefone celular ali, acessar a música "ismália" do rapper filósofo emicida e pôr pra tocar. ouvimos a canção, em sala de aula, que se ligava ao poema do alphonsus também. tudo muito lindo. num dos versos de emicida, a gente ouviu: " olhei no espelho, ícaro me encarou ". discutimos essa relação alegórica entre o mito e a negritude -- tema da canção moderna, dentre outras análises e a vida seguiu, sinal bateu, saí daquela classe contente como em todas as aulas ali, cheia de gente acolhedora e que ri das minhas piadas só pra me deixar...

eduardo kobra e seu ateliê em itu

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  vale a pena conhecer o complexo "fama museu", em itu nele, há também o espaço para réplicas de aeronaves de santos dumont, assim como o ateliê do artista plástico eduardo kobra! numa de suas coleções, há releitura de obras clássicas, de leonardo, vermeer, magritte, portinari, dentre outras. veja o que gravei sobre ele, o artista, aqui abaixo

ceia - josé paulo paes

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                                                              José P Paes  1926-98        C E I A    Pesca no fundo de ti mesmo o peixe mais luzente.    Raspa-lhe as escamas com cuidado: ainda sangram.    Põe-lhe uns grãos do sal que trouxeste das viagens    e umas gotas de todo o vinagre que tiveste de beber                                                                           na vida    Assa-o depois nas brasas que restem em meio    a tanta cinza   Serve-os aos teus convivas, mas com pão e vinho   do trigo que não segaste, da uva que não colheste   ...

cara ou coroa

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                                                          [ criação de c h carneiro via i. a. ]   no divertido "guia do turista brasileiro" ( ed conteúdo ), lúcio rodrigues e bebel enge alertam quem vai à fontana de trevi, em roma, e se entusiasma com o arremesso de moedinhas : "quem joga duas realiza um desejo qualquer (e quem joga três ou mais fica sem trocado para o ônibus)" eu não sei quantas moedinhas você já perdeu, na vida, quer seja na fontana de trevi ou no riacho doce que corta sua cidade, não importa. jogar moedas pra cima ainda é tradição segura para tomada de decisões, por aqui, como numa aposta ou no começo do futebol. agora jogá-las pra perdê-las no fundo de uma fonte, já me parece bobagem, mas brasileiro é supersticioso até para escolher lugar na mesa pra almoçar, que remédio... será que alguém joga outra coisa, nas fon...

quando ganhei meu primeiro (e último) milhão

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  corria o ano de 2006, valinhos, s paulo.  tinha aulas duplas, literatura, e a ferramenta mais usada para o trabalho era a garganta. giz e livro didático estavam valendo também. neste ano, fui cicerone de filosofia. isso: também dei aula, baseado no belíssimo livro de marilena chauí, volume único, cujo capítulo inicial era sobre filme "matrix". demais de bom também. esta sala, registrada na assinatura do checão, era o 2-1mA1: "2" era ensino médio; "1" era primeira série; "m" para período da manhã; "a" para currículo em português e "1" o número da sala mesmo. e de onde veio essa sanha pelo milhão? durante as aulas, era comum eu oferecer um milhão de dólares para quem respondesse xis pergunta do livro ou que eu inventasse como desafio. puro jargão bobo. eis que fim do ano, recebo um mimo. baita mimo. puta presente! não consigo achar o cheque aqui, juro, mas, na época, fiz fotos. praticamente todo mundo rabiscou nele, ficou pare...

2008 um ano pra lembrar ou esquecer?

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                                                   [ criação por carlos h carneiro em i. a. ] pessoas, fiz este texto em 2008, achei que podia colocar aqui, então vai. 2008. século 21. homenagens estão sendo feitas a três escritores importantes, de nossa língua: pessoa ( 1888-1935 ) , guimarães rosa ( 1908-67 ) e machado de assis ( 1839-1908 ) . ano de 2008 é data redonda para se relembrar gigantes da literatura. relembrar, reler, mas não colocá-los em disputa, como fez a folha de s paulo, neste domingo, 22, com um caderno em que opinaram umas dezenas de supostos críticos, alguns até querendo fugir do páreo e conclamando euclides da cunha ( era melhor então não ter aceitado convite do jornal ). nem vou dizer quem venceu a enquete, seria dar corda à falta de pauta do jornalão. gente, vale a pena comparar rosa e machado? paulinho da viola e noel? mário faus...

memória pop - gonçalves dias e kate bush

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  gonçalves dias fez um sabiá voar pelos versos do hino nacional, assim como em "sabiá", naquele festival internacional da canção, em 1968. o poema do maranhense dias é publicado em 1843, trata de sentimento nacionalista, a questão do exílio, a saudade... o brasil de 1968 era de um tempo terrível. chico e  tom compuseram e cantaram "sabiá", tristíssima, um contra-hino, merece lembrança sempre. eles cantaram mesmo debaixo de vaia, com aquelas burocráticas cynara e cybele. tom e chico, pra mim, equivalem a esta dupla da foto, gilmour e bush. sério. acho isso mesmo... olhem, já no final dos anos 1970, só a tevê cultura, aqui por são paulo, passava "clips" musicais. era o tv2 pop show. o que mais me chamou atenção, pra sempre, foram duas imagens: o police, em "every breathe you take", e a também inglesa kate bush, uma descoberta de david gilmour. agora, os três temperamentais do "police" até que se reuniram e passaram pelo rio de janeiro, e...

pedras e albert camus

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  tiziano - séc 16 leio em camus que ser árvore ou galinha é algo mais lógico pois, nesses casos, seríamos o próprio mundo, tal como a árvore, galinha ou um riacho besta, perto da rodoviária. próximo disto, somos um estorvo. olhem, não somos o mundo, fazemos parte dele. devia ser uma tragédia essa constatação, mas o humano faz questão de descolar-se desta equação e querer parecer mais do que o óbvio... daí, por que deveríamos manter a própria vida, se ela, em si, parece esquisita, num mundo de aves, borboletas ou pedras? não há nada que se pareça a um humano, nem mesmo saguis, do parque aqui ao lado. camus é um alberto caeiro sem ressaca. o livro, alguns conhecem, "o mito de sísifo", um ensaio sobre o absurdo. coloco aqui um nervo exposto porque esta é a razão de minha existência. certeza. ouça: "(...) toda a ciência desta terra não me dará nada que possa certificar-me de que este mundo é meu ". no mesmo capítulo, o existencialista e passional camus vai dizer que, c...

marlon brando sempre atual

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  há dois filmes marcantes, na linha da necessidade de superação, quer seja ante a máquina ou diante de opressores de carne e osso. um é "tempos modernos" (chaplin), 1936. outro, é "sindicato de ladrões" (on the waterfront), 1954, com o impagável marlon brando em seu melhor papel. a tradução, em português, ficou uma bomba, mas reina mesmo por aqui mania de destruir os títulos originais. brando faz terry maloy, irmão de um alto escalão na máfia portuária, mas que, desde o início da narrativa, se mostra sensível. câmera em movimento, apelo à trilha sonora e belíssimo figurino, "sindicato..." tem a seu favor, não só a boa mão do diretor elia kazan, mas a denúncia da época do macartismo. parte do filme se passa no alto de um prédio, local de criação de pombos-correio, viveiro pertencente ao operário morto no início. simbólico o momento em que, após denunciar seus opressores (ex-amigos da máfia sindical), maloy (brando) volta ao prédio e vê os pombos que cu...

professor desmotivado é quase rotina

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  um dos pilares da desmotivação de professores e professoras, por aqui, é a percepção de que se está aprisionado em um sistema "fordista" de trabalho em sala, ou seja, a divisão sumária do processo de ensino em categorias engessadas de aulas, como "matemática", "gramática", "geografia" etc... ou seja, para  cada educador, só resta a tarefa de reproduzir o material didático sem poder se voltar também a temas atuais ( racismo, política, preservação da natureza, homofobia, interrupção de gravidez etc ) -- mesmo que relacionados à matéria -- sob pena de atraso no conteúdo. é triste. sobram poucas opções: 1. reconsiderar o número de aulas por matéria (melhora até planejamento) 2. rever o material didático 3. união com outras áreas para lidar com atualidades 4. chorar  olhem, no limite, também é possível propor tarefas extraclasse aos estudantes envolvendo aqueles temas citados que geralmente ficam de fora da sala por conta desse aprisionamento de age...

a ilustre casa de ramires: livro injustiçado

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  romance da fase final da vida literária de eça de queiroz (1845-1900), " a ilustre casa de ramires " propõe uma espécie de paráfrase -- com algum humor -- para a trajetória política e econômica de portugal, desde a idade média, até o século 19. personagem central, gonçalo mendes ramires , é o último fidalgo descendente de uma geração de ramires que sempre estiveram próximos da nobreza lusitana. ao final, o próprio joão gouveia, personagem, afirma que gonçalo é a representação de portugal. por que injustiçado?  porque leitores e leitoras do século 21 têm pressa. livros do século 19 -- em prosa -- não se encaixariam nessa ansiedade das gentes do tal século.  há muitas descrições ? sim. isso torna a narrativa lenta ? sim! e o que fazer ?  ler com calma.  agora, se ficar insuportável, basta deixar de lado e procurar outra horta. nçao tem jeito. se quiser, pode ver o vídeo que fiz sobre o livro, logo aqui baixo.  olhem,  é cultural da época, é do estilo d...

carta campinas entrevista professor

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  a plataforma "carta campinas" me convidou para uma conversa. foi ótima!  com glauco, miguel e luís parra trocamos ideias e compartilhamos algumas angústias.  os temas?  política, educação e literatura. se gosta, vale pena ir ao canal deles -- y tbe clique aqu i -- e ver toda a conversa que durou mais de uma hora! se preferir, fiz uma edição resumida, aqui, é só clicar.

resumo das notícias do dia

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                                                        [ ilustração por c h carneiro - via i.a. ]         resumo das notícias do dia            vamos morrer            mas não agora

poesia falada é slam

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  alê barreto (slam capão, s paulo) em 2009, a amiga julia ciasca estava na alemanha. de lá, ela me falaou do p oetry sla m, evento literário que então acontece uma sexta feira por mês, desde 1997. ocorre em bares e clubes, dentre outros espaços. a coisa toda, na alemanha, se chama s t atz nach vor n , algo como "frase adiante". existe classificação, júri e prêmios. fico pensando em incluir poesia nas próximas olimpíadas, já que pela grécia essa atividade artística -- o versejar -- era sempre exaltada. são três minutos que o ser humano tem para transmitir seu texto. não pode música. nem figurino específico. eu ganharia fácil do gabriel, o pensador, certeza. pois então fica uma dica excelente, nos mundos da poesia orgânica e ao vivo... se você já ouviu falar em "sarau", pode atualizar. obrigado ju ciasca.  slam incorporado com sucesso.      . . . . . . .  .  .  .  .  .   .   .   .    .    ...