sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

abolição via vargas - romance histórico e ficcional

 


romance com dois narradores envolvendo personagem que vive em um museu possivelmente criado por... -- ah, não vou contar aqui! ... -- foi inventado a partir de práticas pouco ortodoxas de um desenhista e fotógrafo francês radicado em campinas, s paulo.
narrativa meta-histórica cuja trama envolve santos dumont, carlos gomes, o tal hercule florence, luiza xavier de andrade, iara e outras figuras que passaram (ou deveriam ter passado) por campinas.


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quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

cruzes

                                             

                                                                   [ bill watterson ]

há vestibulares por aqui, à minha volta. usp, getúlio vargas, federal do abc, puc, unesp, unicamp, ita e mais uma dezena de médias ou nanicas. o método é o mesmo: acertar a alternativa mágica. são as provas de múltipla escolha. nome é cruel: escolhas. são várias possibilidades, então pode-se marcar qualquer uma. dá-lhe cruzinha.  
fazer prova é tormento porque, de repente, num par de folhas de papel decidem-se anos de esforço... vestibulares aqui da região de são paulo -- que consigo acompanhar -- têm valorizado assuntos como: negritude e racismo; violência contra mulher; imigrantes e refugiados; a própria educação e afins. excelente. agora, são assuntos que geralmene passam longe de bancos escolares, principalmente rede privada. ali, o que se escolhe é um pacote de informações -- a maioria eruditas -- e isso é vendido ao estudante como o graal da prova e o possível acesso à universidade. às vezes dá certo. livros didáticos, apostilas, vídeos, resenhas, musiquinhas, recursos de memorização, tudo vale para saber o delta-esse sobre delta-tê; ou reconhecer as causas da guerra dos cem anos; o modo de escravização na grécia; estilo literário de um joão-ninguém ou a importância da vegetação na sibéria. estudantes de ensino médio, quando bons, se especializam em assuntos gerais. agora, ética, reforma agrária, violência contra mulher, interrupção da gravidez, preservar natureza em sua cidade ou a política atual quase nunca entram no baile dos debates, nas rodinhas da cantina ou na voz do cansado professor. elitizar o ensino dá frutos amargos, a gente sabe. pessoas sem fundo histórico e científico -- pra ficar em dois itens -- acabam valorizando o individualismo, a ambição, aporofobia, homofobia e por aí vai.
olhem, na interação professor-estudante-comunidade está a base da boa educação. e o que mais? isto: atividades em grupo, interdisciplinaridade, produção de texto em todas as áreas, mostras culturais, feiras de ciência, grêmio estudantil e sistemas de avaliação coerentes. ah, e interpretação de texto. muita.

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segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

aqueles dois - caio fernando abreu - comentário

 

"aqueles dois", conto do livro "morangos mofados", do caio f abreu (1948-96)

raul e saul trabalham numa mesma firma. um é do norte do país, outro do sul. gostam de van gogh, de dalva de oliveira, carlos gardel e bebidas. trabalham num lugar que, segundo um deles era um "deserto de almas também desertas".

a aproximação deles é algo lento, natural, sem barulhos ou dilemas.

não há, explicitamente, ao longo da narrativa, uma relação sexual entre eles, mas são bastante íntimos. raul perde a mãe, passa uma semana fora. saul sente falta. raul volta, eles bebem, se abraçam longamente. dormem no mesmo quarto, nus. saul vai embora logo cedo.
logo depois, em janeiro, o chefe da repartição comunica a ambos que recebeu cartas de "um atento guardião da moral". nelas, falava-se em "psicologia deformada" e outras acusações. o chefe, temendo pela imagem da empresa, demite os dois.

termina assim:

Demoraram alguns minutos na frente do edifício. Depois apanharam o mesmo táxi, Raul abrindo a porta para que Saul entrasse. Ai-ai! alguém gritou da janela. Mas eles não ouviram. O táxi já tinha dobrado a esquina. Pelas tardes poeirentas daquele resto de janeiro, quando o sol parecia gema de um enorme ovo frito no azul sem nuvens do céu, ninguém mais conseguiu trabalhar em paz na repartição. Quase todos ali dentro tinham a nítida sensação de que seriam infelizes para sempre. E foram.

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o título completo do conto é: 
 "aqueles dois" (história de aparente mediocridade e repressão)

pois bem, o texto não poderia ser mais explícito. o tempo da narrativa é contemporâneo ao lançamento do livro "morangos mofados" (1982), algo então em torno dos anos 1970 e início dos 80. de novo, a frustração não de amor censurado, mas falta de liberdade. falta de respeito ao outro, principalmente neste quesito sexual, sentimental, ligado ao gênero. a máxima "seu corpo, suas regras" deveria fazer sentido sempre. 
lutar contra mediocridade ainda faz parte de nossas pautas -- "nossas" os educadores e educadores que tenham mínimo de humanidade nas veias, diga-se.

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saiba mais -- clica e vê



domingo, 26 de novembro de 2023

é simples melhorar a vida da gente

 


[ dahmer ]

violência contra mulher, racismo, discurso de ódio, homofobia, terraplanismo, enfim, o que pode haver de pior numa sociedade, está espalhado por aí. e já estamos no fim de 2023. piora quando nos voltamos para a natureza. desmatamento, poluição, uso pífio de energia solar, nada de ferrovias novas para diminuir fluxo de caminhões etc etc...

uma saída, no curto prazo para esse caos, existe: eleições.

para legislativo, apoiar grupos políticos cujas pautas sejam pela saúde, o valor à educação, direitos trabalhistas, a natureza preservada e não à violência. por legislativo, entenda-se: deputados estaduais, federais e senado, além, claro de vereadores. parece simples. e é.
quando se lê pelo país a expressão "voto consciente", pode-se prerguntar: consicente de quê? pois bem, consicente da responsabilidade desse gesto, elegendo gestores para o brasil que é pobre. votar em figuras comprometidas com o óbvio: a lista que você leu acima: natureza, saúde, educação etc. 

a questão não é a figura individual de cada político (no legislativo), mas sim a qual partido pertence a candidatura. olhem, se o partido tem um hitórico de defesa de direitos humanos, qualquer candidato(a) vai seguir o que o partido ditar. 
pesquise, em sua cidade, seu estado, quais partidos (siglas) defendem causas que destacamos acima... anote a sigla (dois números) do partido, guarde. na eleição, procure saber de candidatos e candidatas que pertençam a tal partido e os apoie. vote. participe. só a população muda.



segunda-feira, 23 de outubro de 2023

omissão causa morte sim: escolas agonizam

 

[ escola estadual sapopemba, s paulo, zona leste ]

mais um caso de violência em escolas, neste 2023. mais uma morte.
em abril deste ano, escrevi:  
se a criança não se sente acolhida pelo mundo adulto, a internet acolhe, óbvio. e o que fazer? proibir celular, internet? não. é ingenuidade, sinto muito. educar é mais seguro, porque tudo se esclarece quando se tem certeza daquilo com que estamos lidando. então, educadores, educadoras, por favor, tratem de questões envolvendo bullying, uso da tecnologia, funções da comunicação... não se omitam!    

                                                       - clica para ler o texto todo -

o país não sabe lidar com essa profusão de casos de violência porque culturalmente homem não fala de sentimento, nem em casa, nem na escola. em lugar nenhum. é um tabu. por isso, é necessário sim que haja profissional de saúde para lidar com a questão mental, nas escolas. a responsabilidade é também do governo do estado. claro que as escolas podem minimizar a situação na medida que educadores e educadoras tratem do tema "violência", em sala de aula. educadores e educadoras devem lidar mais com a questão das redes digitais em todos as áreas. urgente. está provado: omissão causa morte sim.


sexta-feira, 13 de outubro de 2023

somos todos passarinhos

 

                                 

fim de jogo entre santos e palmeiras. outubro, 2023. vitória do time da praia. na entrevista, o técnico derrotado abel ferreira disse: (...) fomos passarinhos na forma como sofremos os dois gols… já contra o boca, fomos passarinhos na forma como sofremos o gol.

metáfora instigante porque é raro, no contexto do futebol, uso de prosa poética. fomos passarinhos, disse abel. o que pode ser? foram leves demais? voaram ao invés de correr pelo campo de jogo? ficaram cantando enquanto as formigas do santos e boca júniors trabalhavam? pode ser tudo isso.

olho pela janela, a vida urbana fervendo: entregadores de comida, ônibus, barulho do cortador de grama, cães, muitos carros, muita gente ainda apressada. um eterno clássico, desafio nós-contra-eles. e eles estão ganhando.

olhem, acho que fomos todos passarinhos, alguma vez na vida. fomos passarinhos porque não combatemos a escravidão devidamente; fomos passarinhos quando elegemos políticos anti-democráticos; fomos passarinhos quando abandonamos às queimadas a vida da nossa natureza. seria bom que fôssemos passarinhos de verdade, espalhando semente pra viver, cantoria e poesia para o resto. obrigado, abel, pela poesia ativa.


                                                          siga-nos! @carneiro_liter

quinta-feira, 3 de agosto de 2023

são paulo tem um grande passado pela frente

 


governo do estado de são paulo, neste agosto de 2023, baixou portaria determinando que diretores devem observar aulas de professores(as) duas vezes por semana, pelo menos. a direção deve enviar relatórios à secretaria de educação. a portaria, no entanto, não diz o que será feito depois que tais relatórios chegarem à secretaria...
olhem, sabidamente, a escola é alvo da extrema-direita há séculos. a escola ou quem estuda. vide casos como giordano bruno, galileu, graciliano ramos, aracy rosa (esposa de g. rosa), rachel de queiroz, lelia gonzalez e tantos e tantas outras que ousaram usar o cérebro para melhorar vida de pessoas e transmitir conhecimento. 
questões básicas como combater o racismo, combater violência contra mulher, valorizar acolhimento e respeito à comunidade lgbt são alvo sim desse povo que se diz "por deus" ou "pela família". tenebroso. infelizmente, não é maioria que está pela democracia e educação, em são paulo. são poucos, mas precisam de apoio. principalmente educadores e educadoras.
verdade, ciência, história e arte são coluna vertebral de cidadania. se isso for cerceado -- como nas ditaduras militar e vargas --, teremos um grande passado pela frente. este governador é sim apoiado por essa gente preconceituosa, ignorante e antidemocrática. 

professores e professoras de são paulo, por favor, lutemos. 

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sexta-feira, 28 de julho de 2023

garganta profunda

 

junho e julho. neste meio de ano, 2023, tive pelo menos duas crises brabas de ansiedade. já havia assistido outras pessoas próximas com isso, mas nunca vivido. vivi. sobrevivi.
com impressão de que havia gripe ou algo do tipo, tive sensação de que sufocava... ora com secreção pela garganta, ora narinas inchadas dificultando respirar. some-se a isso entraves para cuidar de dente, medo de sair de casa, sono truncado, coração acelerado. o caos.
em terapia, medicado e com família por perto, emergi.
garganta é espaço de muita coisa, aqui. falar. calar. devia ser simples... falar é meu trabalho, há 37 anos. sala de aula. agora se há entrave aí, é recado da mente, do inconsciente, das estrelas, ou o que quer que seja, na obra das coisas vivas.
resultado dos cuidados e reflexões: falar o que ainda não se disse é preciso... e o principal: pedir desculpas. é um caminho.




segunda-feira, 3 de julho de 2023

o meu amigo pintor - veja!

 

obra maiúscula de lygia bojunga

narração em primeira pessoa: cláudio, onze anos

época: ditadura militar, no brasil

garoto conta sobre sua relação com o vizinho artista plástico e como lidou com a morte deste seu parceiro de gamão.

saiba mais, veja-me!



quinta-feira, 1 de junho de 2023

aos óculos - josé paulo paes - comentário

 


         AOS ÓCULOS   [ José Paulo Paes ]

    só fingem que põem
 
    o mundo ao alcance

    dos meus olhos míopes.

    já não vejo as coisas

    como são: vejo-as como querem

    que eu as veja.
 
    logo, são eles que vêem,

    não eu que, cônscio

    do logro, lhes sou grato

    por anteciparem em mim

    o Édipo curioso

    de suas próprias trevas.

    [in "prosas seguidas de odes mínimas", 1992]

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dos doze versos, pelo menos quatro com cinco sílabas poéticas, sugerindo, logo de início, um ritmo tradicional, a redondilha menor.
as lentes dos óculos mentem a realidade. as lentes podem ser essa representação de consumismo, como já se viu no poema "ao shopping center", no mesmo livro. as lentes são parte de um sistema social que dirige a pessoa, esse sistema faz com que ela perca noção de realidade e passe a se comportar de acordo com o que outros querem. a identidade do poeta fica em risco. o verso "são eles que vêem" confessa a presença desse sistema.
a citação a édipo refere-se ao final da tragédia grega, quando este fura os olhos, cegando a si mesmo, para não ver a realidade. logo, os óculos se apresentam como aquele filtro enganoso... talvez pior do que isso: aquilo que cega mesmo.
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  saber mais? veja-me!



quarta-feira, 10 de maio de 2023

cárcere das almas - cruz e sousa - comentário


gustave doré

          CÁRCERE DE ALMAS

   Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,
   Soluçando nas trevas, entre as grades
   Do calabouço olhando imensidades,
   Mares, estrelas, tardes, natureza.

   Tudo se veste de uma igual grandeza
   Quando a alma entre grilhões as liberdades
   Sonha e sonhando, as imortalidades
   Rasga no etéreo Espaço da Pureza.

   Ó almas presas, mudas e fechadas
   Nas prisões colossais e abandonadas,
   Da Dor no calabouço atroz, funéreo!

   Nesses silêncios solitários, graves,
   Que chaveiro do Céu possui as chaves
   Para abrir-vos as portas do Mistério?! 
                      Cruz e Sousa  (1861-98)

texto de caráter simbolista: descrição do interior humano, sua angústia, além do estilo erudito com apelo ao uso de maiúsculas alegorizantes.
o soneto questiona, basicamente, a impossibilidade de uma pessoa libertar-se de suas dores, porque a alma -- a consciência  -- estaria em um calabouço, presa. 
o período em que produz o poeta catarinense é aquele das publicações de freud e da ascensão do estilo impressionista, na arte plástica. era necessário, pela ordem natural das coisas, combater o racionalismo infértil do parnasianismo, daí a poesia simbolista ser mais introspectiva, mais abstrata. palavras como "pureza", "céu" ou "mistério", por exemplo, usadas com maiúsculas, trazem um sentido mais universal, alegórico mesmo para elas, por exemplo, não é qualquer "dor" (verso 11)  mas sim a dor -- com maiúscula -- que é a essência dela, a dor ideal, o conceito, a imutável, tornando o discurso mais intenso.
a quetão é: por que haveria almas presas?
outra: o que faz com que uma parte essencial do ser humano fique atrás de grades?... é uma condenação prévia?
olhem, a pergunta dos dois últimos versos também é chamado estrondoso para qualquer época. você consegue responder? hm?

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   saiba mais



quarta-feira, 3 de maio de 2023

último carnaval - olavo bilac - comentário

 

        ÚLTIMO CARNAVAL

   Íncola de Suburra ou de Síbaris,
   Nasceste em saturnal; viveste, estulto,
   Na folia das feiras, no tumulto
   Dos caravançarás e dos bazares; 

   Morreste, em plena orgia, entre os esgares
   Dos arlequins, no delirante culto;
   E a saudade terás, depois sepulto,
   Heróis folião, dos carnavais hílares... 

   Talvez, quem sabe? a cova, que te esconda,
   Uma noite, entre fogos-fátuos, se abra,
   Como uma boca escancarada em risos:

   E saltarás, pinchando, numa ronda
   De espectros aos tantãs, dança macabra
   De esqueletos e lêmures aos guizos...

                          [ Tarde, Bilac, 1919 ]

   nota
 íncola  -  morador de algum local
 suburra  -  região de roma antiga habitada predominantemente por pessoas pobres
 síbaris  -  cidade grega fundada por aqueus antes de cristo
 saturnal  -  relativo às festas de saturno
 estulto  -  estúpido; insensato
 hílare  -  alegre
 fogo-fátuo  -  fenônemo que se dá em função de corpos em decomposição
 (gases)
 caravançará  -  hospedaria gratuita para caravanas no deserto
 pinchando  -  pulando; saltando

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soneto de estilo parnasiano, por conta da métrica regular, vocabulário raro e aversão à emotividade dos românticos.
aqui, sobra um caráter moralizante, uma vez que o vivente das orgias e festas morreu fazendo o que mais gostava: orgia e festa. acrescente-se a isso o fato do personagem ser figura bem pobre. na visão do poeta, esse folião depois de morto voltaria em forma de espírito fanfarrão, dançando e fazendo barulho em meio a esqueletos.
"último carnaval" é um eufemismo para dia da morte. 
em suma: os foliões, mesmo depois de morrer, continuam festejando.
agora, o que a netflix tem a ver com isso? não sei. coloquei o cartaz aqui para chamar atenção.
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  saber mais? veja vídeo abaixo


quinta-feira, 20 de abril de 2023

plena nudez - raimundo correia - comentário

   

                            
                                   [ Vênus Calipígia, séc IV a.C. aprox ]

        PLENA NUDEZ

   Eu amo os gregos tipos de escultura:
   Pagãs nuas no mármore entalhadas;
   Não essas produções que a estufa escura
   Das modas cria, tortas e enfezadas.

   Quero um pleno esplendor, viço e frescura
   Os corpos nus; as linhas onduladas
   Livres: de carne exuberante e pura
   Todas as saliências destacadas...

   Não quero, a Vênus opulenta e bela
   De luxuriantes formas, entrevê-la
   De transparente túnica através:

   Quero vê-la, sem pejo, sem receios,
   Os braços nus, o dorso nu, os seios
   Nus... toda nua, da cabeça aos pés!

       Sinfonias, Raimundo Correia [1859-1911]

soneto à moda parnasiana. segunda metade do século 19. a ideia era combater o já desgastado romantismo, utilizando de vocabulário raro, estrutura rígida na metrificação dos versos e apelo racional, ou seja, pouca -- ou nenhuma -- emotividade. não deu certo. o estilo se mostrou sem sabor, quase nada de ambiguidade, ficou sem defesa.
enfim, aqui, o poeta diz que não quer modelo de beleza enfezado; não quer modelo de beleza saído de "estufa escura", ou seja, daquele romantismo temperado de byronismo -- que era fraquíssimo, no brasil, mas, juro, bem melhor que parnasianos. e o poeta (eu lírico) continua vociferando contra o romantismo, citando a existência de uma possível vênus sem luxúria, sem receios... convenhamos, se é vênus, tem desejo, não é?
interessante é pensar de qual "receio" trata o poeta quando se refere a uma deusa do amor... "quero vê-la sem receio"... por quê?
ao citar a arte grega, busca-se vangloriar um estilo que lidava com mais liberdade a nudez, coisa que o universo do século 19 tratou de cobrir de culpas e, num viés cristão, condenar a nudez a um recanto escuro e vergonhoso.

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quarta-feira, 12 de abril de 2023

escola segura: educadores que acolhem

 



tenho conversado com colegas de diferentes escolas, entre campinas, vinhedo, amparo, valinhos e outras tantas, sobre violência nas escolas, claro. é consenso -- concordo em parte -- que não se deve dar muita corda ao tema, evita certo descontrole.
mas, podemos tratar de um assunto afim -- ou mais -- sem causar dano colateral.
neste caso, primeiro semestre de 2023, o tema é delicado: escolas em santa catarina, goiás e outras estão traumatizadas. entendo. agora, do assunto "violência" a gente pode tratar. também podemos lidar com o assunto "usos das redes sociais", assim como "relação adulto-criança" diante das novas tecnologias, tudo isso pode. devemos sim, como educadores, educadoras, tratar de questões que envolvam um mínimo de empatia e anunciem acolhimento do estudante. se a criança não se sente acolhida pelo mundo adulto, a internet acolhe, óbvio. e o que fazer? proibir celular, internet? não. é ingenuidade, sinto muito. educar é mais seguro, porque tudo se esclarece quando se tem certeza daquilo com que estamos lidando. então, educadores, educadoras, por favor, tratem de questões envolvendo bullying, uso da tecnologia, funções da comunicação... por favor. não se apequenem! não se omitam!

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quinta-feira, 6 de abril de 2023

casa velha - machado de assis - resumo

                                                 

casa velha é narrativa relativamente curta, em prosa, e chamamos de "novela". o trabalho de machado saiu na revsita "estação", entre 1885 e 86.

o que tem nessa história:

rio de janeiro: 1839 é o tempo da narrativa. um casarão já antigo -- a casa velha -- com antônia, a viúva do ministro de d pedro I, no comando do lugar. há uma capela, no espaço externo.

 destaques
  padre narrador - 32 anos
  félix - filho de antônia
  antônia - viúva, dona da casa
  cláudia - 17 anos, órfã, cuidada por tia mafalda, educada na casa velha
  vitorino - moço humilde pretendente de cláudia (lalau)
  sinhazinha - futura esposa de félix

a trama : padre narrador quer escrever uma história sobre política nos tempos de pedro I. por indicação, vai até uma casa velha porque lá há documentos que podem ajudar a pesquisa, uma vez que o dono da casa, já falecido, foi ministro do rei. na casa velha, o padre desconfia de um amor entre félix (filho de antônia) e cláudia (lalau).
leitor fica sabendo que a mãe de félix não quer a relação pelo fato da moça ser pobre. por insistência na liberação da relação entre ambos, o padre acaba descobrindo -- via d. antônia -- que os jovens podem ser irmãos, porque o tal ministro teve um caso extraconjugal com mãe de lalau. os jovens tomam ciência do fato, ficam tristes, separam-se.

mais tarde, o padre faz novas pesquisas e acaba sabendo que o filho que o minsitro teve com a mãe de cláudia faleceu com meses de idade. não era lalau, então, a irmã de félix: ela já era nascida quando o caso extraconjugal do marido de antônia se deu. tudo parecia resolver-se, quando o padre descobre que antônia inventou mesmo a história da possibilidade dos jovens serem irmãos justamente para separá-los. antônia tinha noção de que lalau não era irmã de félix... o tal padre narrador tenta reaproximar os dois, mas não dá certo: a jovem prefere ficar longe da casa pois o tal ministro envergonhou sua família. fim.

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a "casa velha" pode sim ser uma representação figurada do império brasileiro da época. existe a dona do espaço (antônia), existe o clero (narrador) e existe um pedro II querendo a maioridade (félix).
assuntos como a guerrados farrapos e a maioridade iminente do filho de pedro I permeiam a narrativa, é bom saber: eles são citados sim, daí ser relativamente fácil fazer o paralelo entre o casarão de antônia e o império brasileiro.
há uma outra questão importante, envolvendo padre narrador e sua personalidade, por conta da citação de um livro, visto dentro da casa: "storia fiorentina" e mostra uma nova visão sobre a relação do religioso com os dois jovens -- o que torna a capa do livro, no alto deste post, bem mais significativa.
agora, pra saber tudo, você precisa ver o vídeo abaixo.

domingo, 2 de abril de 2023

merry christmas, mr lawrence - adeus, sakamoto

 


dia 28 de março, 2023, faleceu ryiuchi sakamoto, 71 anos.
dono da canção-tema de "furyo, em nome da honra" -- ou "merry christmas, mr lawrence" --, filme de nagisa oshima, em que também atuou como capitão yonoi, ao lado do icônico david bowie.
o filme é de 1983. 40 anos atrás. asissiti pouco tempo depois do lançamento, no cinema, em ribeirão preto. homossexualidade era, na época e no meu entorno, um assunto quase nunca tratado. ali, no entanto, o cinema escancarava essa cisrcunstância poeticamente, dentro de um pacote que, por si só, era violento: a segunda guerra mundial. inesquecível. para além desta questão, havia a música. gostei muito. até hoje. obrigado, ryuischi.




segunda-feira, 13 de março de 2023

marília de dirceu - resenha

 

   "marília de dirceu" - século 18

    thomaz antônio gonzaga

   poemas neoclássicos e pré-românticos

  dos clássicos brasileiros, este é o mais fraco

                                                      pronto, falei

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  saiba mais neste vídeo!



sexta-feira, 3 de março de 2023

podcast do carneiro: ouça já!

 


neste primeiro podcast da vida, falo em nove minutos sobre minhas escolhas para leitura, no ensino médio. são dez minutinhos.

estou usando a plataforma do youtube

  podcast - carneiro    [ clica ]

  ouça, me diz o que achou!

-  se puder, deixe recado no ytbe, é importante
-  e, também, divulgue ! agradeço muito!