fim de jogo entre santos e palmeiras. outubro, 2023. vitória do time da praia. na entrevista, o
técnico derrotado abel ferreira disse: “(...) fomos passarinhos na forma como
sofremos os dois gols… já contra o boca, fomos passarinhos na forma como
sofremos o gol”.
metáfora
instigante porque é raro, no contexto do futebol, uso de prosa poética. fomos passarinhos,
disse abel. o que pode ser? foram leves demais? voaram ao invés de correr pelo
campo de jogo? ficaram cantando enquanto as formigas do santos e boca júniors
trabalhavam? pode ser tudo isso.
olho pela janela, a vida urbana
fervendo: entregadores de comida, ônibus, barulho do cortador de grama, cães, muitos carros, muita gente ainda apressada. um eterno clássico, desafio nós-contra-eles. e eles estão ganhando.
olhem, acho que fomos todos passarinhos,
alguma vez na vida. fomos passarinhos porque não combatemos a escravidão
devidamente; fomos passarinhos quando elegemos políticos anti-democráticos;
fomos passarinhos quando abandonamos às queimadas a vida da nossa natureza. seria
bom que fôssemos passarinhos de verdade, espalhando semente pra viver, cantoria
e poesia para o resto. obrigado, abel, pela poesia ativa.
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