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sábado, 2 de março de 2024

tinha uma pedra

 

                                                           concepção arte: carlos h carneiro -  via i. a.
  

um asteroide está a caminho da terra. ele deve chegar em março de 2026, perto da convocação da seleção brasileira, para a copa. o corpo celeste tem dezenas de metros de diâmetro e seu impacto equivaleria a centenas de bombas atômicas. ou seja, fim do campeonato paulista e do maldito café com espuminha de leite. pelo menos não haveria mais quaresma e aquele cheiro horroroso de bacalhau infestando mercados.
65 milhões de anos atrás, um pedregulho desses aniquilou a vida de lagartixas gigantes, borboletas peludas e os tataravós do grande biguá do lago ness. esse dia foi louco.
para muitos brasileiros, só não pode cair no dia do fim da novela. até 2026, não haverá base na lua para uma fuga rápida, então, o planeta vai ficar escuro, o frio vai aumentar horrores, adeus canecas temáticas homenageando sogra, adeus praia de iracema, nunca mais vou ver gavião caçando cigarra, muito menos o papa jogando aquela fumacinha alucinógena, na missa do galo. aliás, galo algum vai cantar também... os biscoitos globo terão um fim, assim como as piadas sobre o mundial do palmeiras. pelo menos acabaria o sistema capitalista e, finalmente, esse debate se ela traiu ou não.

sexta-feira, 13 de outubro de 2023

somos todos passarinhos

 

                                 

fim de jogo entre santos e palmeiras. outubro, 2023. vitória do time da praia. na entrevista, o técnico derrotado abel ferreira disse: (...) fomos passarinhos na forma como sofremos os dois gols… já contra o boca, fomos passarinhos na forma como sofremos o gol.

metáfora instigante porque é raro, no contexto do futebol, uso de prosa poética. fomos passarinhos, disse abel. o que pode ser? foram leves demais? voaram ao invés de correr pelo campo de jogo? ficaram cantando enquanto as formigas do santos e boca júniors trabalhavam? pode ser tudo isso.

olho pela janela, a vida urbana fervendo: entregadores de comida, ônibus, barulho do cortador de grama, cães, muitos carros, muita gente ainda apressada. um eterno clássico, desafio nós-contra-eles. e eles estão ganhando.

olhem, acho que fomos todos passarinhos, alguma vez na vida. fomos passarinhos porque não combatemos a escravidão devidamente; fomos passarinhos quando elegemos políticos anti-democráticos; fomos passarinhos quando abandonamos às queimadas a vida da nossa natureza. seria bom que fôssemos passarinhos de verdade, espalhando semente pra viver, cantoria e poesia para o resto. obrigado, abel, pela poesia ativa.


                                                          siga-nos! @carneiro_liter