Eu amo os gregos tipos de escultura: Pagãs nuas no mármore entalhadas; Não essas produções que a estufa escura Das modas cria, tortas e enfezadas.
Quero um pleno esplendor, viço e frescura Os corpos nus; as linhas onduladas Livres: de carne exuberante e pura Todas as saliências destacadas...
Não quero, a Vênus opulenta e bela De luxuriantes formas, entrevê-la De transparente túnica através:
Quero vê-la, sem pejo, sem receios, Os braços nus, o dorso nu, os seios Nus... toda nua, da cabeça aos pés!
Sinfonias, Raimundo Correia[1859-1911]
soneto à moda parnasiana. segunda metade do século 19. a ideia era combater o já desgastado romantismo, utilizando de vocabulário raro, estrutura rígida na metrificação dos versos e apelo racional, ou seja, pouca -- ou nenhuma -- emotividade. não deu certo. o estilo se mostrou sem sabor, quase nada de ambiguidade, ficou sem defesa.
enfim, aqui, o poeta diz que não quer modelo de beleza enfezado; não quer modelo de beleza saído de "estufa escura", ou seja, daquele romantismo temperado de byronismo -- que era fraquíssimo, no brasil, mas, juro, bem melhor que parnasianos. e o poeta (eu lírico) continua vociferando contra o romantismo, citando a existência de uma possível vênus sem luxúria, sem receios... convenhamos, se é vênus, tem desejo, não é?
interessante é pensar de qual "receio" trata o poeta quando se refere a uma deusa do amor... "quero vê-la sem receio"... por quê?
ao citar a arte grega, busca-se vangloriar um estilo que lidava com mais liberdade a nudez, coisa que o universo do século 19 tratou de cobrir de culpas e, num viés cristão, condenar a nudez a um recanto escuro e vergonhoso.
orfeu
- mito ligado à música: buscou
recuperar sua amada morta – eurídice – no hades, mundo dos mortos - - não consegue!
recusando-se
a amar qualquer outra mulher, orfeu
é morto pelas mênadas (bacantes) - - é enterrado
às margens do rio ebro
. . . . . . . . . . . . . . .
soneto erudito, estilo parnasiano : forma fixa, vocabulário raro está contido no livro "tarde", 1918 descrição espalhafatosa da agonia e morte do mito orfeu . . . . . . . . . . . . . . . QUESTÕES PARA ANIMAR SUA AULA:
- por que orfeu era importante, na mitologia?
- a arte de orfeu é necessária, ainda hoje, de que maneira?
- por que o mito músico não conseguiu sucesso na busca de eurídice? . . . . . . . . . . . . . . . . os poemas de bilac, em sua maioria, não são feitos para provocar reflexões o tema clássico dá um caráter supostamente altivo ao texto e, consequentemente, a seu autor. é pouco