texto 1
REFLEXÕES SOBRE A COLA
André
Luiz dos Santos
Estou plenamente convencido de que a cola tanto aumenta
quanto maior é o descrédito do aluno pela prova. A cola justamente contesta o
sistema de avaliação de provas, sobre o qual debruça-se grande parte de nosso
ensino. A prova é uma avaliação das capacidades individuais do aluno entregue
aos seus próprios conhecimentos. A cola perverte essa avaliação, suprindo o
aluno por outras fontes.
O aluno já sabe que a carreira de
engenheiro é imensamente diferente de uma prova, daí seu ceticismo. Um problema
real não possui nem sequer a sombra de semelhança com uma avaliação de
faculdade. O engenheiro trabalha em equipe, possui a sua disposição consulta a
literatura, estará livre para pensar em várias soluções, e sempre haverá
revisões de seu trabalho final. Sua ferramenta é a capacidade de análise, não a
memória. Em contrapartida, o ambiente de uma prova é artificial: Ser cobrado em
duas horas a fazer manipulações complexas e específicas de matérias extensas,
enclausurado e incomunicável preso numa carteira nem sempre confortável sob a
vigilância de alguém pronto a suspeitar de seus menores movimentos. E a
correção posterior não é mais justa, pressupõe a pergunta: “O aluno teve
capacidade de guardar (não importa se decorado e memorizado ou aprendido e
assimilado) a resolução destes n exercícios dos quais uma fração nem sempre
amostral lhe será cobrada totalizando um índice de desempenho de 0 a 10?”.
Essa contestação vem desde o estudo.
“Estudar para a prova” é uma grande elucubração, verdadeiramente forçar nos
dias que antecedem o teste conhecimento no cérebro para demonstrá-lo na prova.
Depois, se algo não for esquecido, tanto maior o lucro. E a isto se chama
aprendizado. Verdadeiramente uma osmose reversa, usa-se uma pressão artificial
e mecânica para fazer algum conhecimento penetrar na mente quando o contrário é
o natural. Se permitem uma experiência minha, não me lembro de haver aprendido
menos nas matérias sem prova (cuja avaliação era feita pela presença e
trabalhos, com eventualmente alguma breve provinha) do que nas exaustivas
sessões de esgotamento e desestímulo que antecediam a grandes provas de
disciplinas pesadíssimas. (...)
http://www.hottopos.com/regeq9/andre.htm
texto 2
COLA NA ESCOLA
Em março de 2006, um grupo de estudantes
da Mount Saint Vincent University em
Bedford, Nova Scotia, Canadá, convenceram a reitoria da instituição a proibir
que os professores usem qualquer auxílio informatizado anti-plágio. O
pretexto da solicitação dos alunos? Para o líder do diretório acadêmico daMount San Vincent, o esforço dos
docentes em desvendar casos de trabalhos copiados de outros textos disponíveis
na rede mundial de computadores “cria na universidade uma cultura da
desconfiança”.
Na Bósnia, os alunos da Universidade de
Banja Luka protestaram, em fevereiro de 2006, contra a decisão da direção da
faculdade de Economia de instalar câmeras de segurança nas salas de aula no
intuito de vigiar os alunos durante a realização das provas. A justificativa
dos líderes do protesto? Para eles, “colar nas provas é parte da mentalidade
dos Bálcãs e seriam necessários muitos anos para que os alunos mudassem de
atitude.”
Aqui no Brasil, Vicente Martins, professor
da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), em Sobral, Ceará, declarou na
edição da Revista Espaço Acadêmico de junho de 2004, que vê “a cola como
liberdade de aprender, (…)não como fraude ou ato clandestino do aluno, mas como
manifestação ou recurso de liberdade de aprender do aluno e estratégia de recuperação
dos alunos de baixo rendimento”. Para ele, a cola é uma solução para o baixo
rendimento escolar dos alunos e para os altos índices de reprovação; em sua
questionável visão de educação, Martins vê no “procedimento da cola um
instrumento para assegurar, na verificação do rendimento escolar, um princípio
de ensino como preconiza a Constituição Federal, no seu inciso II, do artigo
206, que enumera, entre os princípios de ensino, a liberdade de aprender,
ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber”. Em sua defesa da
cola como expressão da indignação dos alunos diante de um sistema escolar
opressor, “o poder reconhecido aos alunos, pelos estabelecimentos de ensino, de
só aprenderem aquilo que quiserem e como quiserem”, Martins esboça um pequeno
código de direitos dos colantes, abaixo reproduzido em sua
totalidade:
http://locutorio.blog.com/2006/04/07/cola-e-escola/
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
A partir das leituras que fez aqui e em seu
próprio conhecimento,
redija um texto argumentativo com o tema :
“ Por que colar ? ”
Lembre-se: todo texto argumentativo-dissertativo deve
conter uma tese, a introdução, os argumentos e uma conclusão.
Não use 1ª pessoa.
Não esquecer título.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
comentário post anterior #8
sugestões para um texto argumentativo a partir da proposta abaixo
[ use suas palavras e construa seu texto, em 30 linhas ]
tese (sua opinião sobre a proposta): ócio é necessário / ócio contribui com a criatividade
- foi tratado como inação, como vadiagem, pois desde a colonização, nativos e escravos vindos de áfrica foram obrigados a construir o país com as mãos
- conceito de trabalho, para nobreza de elite, até hoje, passa pelo movimento, passa pelo suor
- o trabalho intelectual acaba entrando nesse conceito ... em "vidas secas" o próprio fabiano criticava o patrão tomás por "estragar os olhos" em cima dos livros
conclusão:
- ócio é necessário porque permite diálogo consigo próprio / permite criatividade