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quarta-feira, 3 de maio de 2023

último carnaval - olavo bilac - comentário

 

        ÚLTIMO CARNAVAL

   Íncola de Suburra ou de Síbaris,
   Nasceste em saturnal; viveste, estulto,
   Na folia das feiras, no tumulto
   Dos caravançarás e dos bazares; 

   Morreste, em plena orgia, entre os esgares
   Dos arlequins, no delirante culto;
   E a saudade terás, depois sepulto,
   Heróis folião, dos carnavais hílares... 

   Talvez, quem sabe? a cova, que te esconda,
   Uma noite, entre fogos-fátuos, se abra,
   Como uma boca escancarada em risos:

   E saltarás, pinchando, numa ronda
   De espectros aos tantãs, dança macabra
   De esqueletos e lêmures aos guizos...

                          [ Tarde, Bilac, 1919 ]

   nota
 íncola  -  morador de algum local
 suburra  -  região de roma antiga habitada predominantemente por pessoas pobres
 síbaris  -  cidade grega fundada por aqueus antes de cristo
 saturnal  -  relativo às festas de saturno
 estulto  -  estúpido; insensato
 hílare  -  alegre
 fogo-fátuo  -  fenônemo que se dá em função de corpos em decomposição
 (gases)
 caravançará  -  hospedaria gratuita para caravanas no deserto
 pinchando  -  pulando; saltando

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soneto de estilo parnasiano, por conta da métrica regular, vocabulário raro e aversão à emotividade dos românticos.
aqui, sobra um caráter moralizante, uma vez que o vivente das orgias e festas morreu fazendo o que mais gostava: orgia e festa. acrescente-se a isso o fato do personagem ser figura bem pobre. na visão do poeta, esse folião depois de morto voltaria em forma de espírito fanfarrão, dançando e fazendo barulho em meio a esqueletos.
"último carnaval" é um eufemismo para dia da morte. 
em suma: os foliões, mesmo depois de morrer, continuam festejando.
agora, o que a netflix tem a ver com isso? não sei. coloquei o cartaz aqui para chamar atenção.
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  saber mais? veja vídeo abaixo


quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

não olhe para cima: filme alerta para o perigo da burrice

 


 "não olhe para cima" (mckay/dicaprio) - netfllix.

dois astrônomos descobrem um cometa em rota de colisão com a terra. o planeta tem seis meses para desviar ou destruir a grande pedra que pode extinguir a vida no planeta.
eles -- os cientistas -- vão enfrentar o individualismo da geração que só se liga em redes sociais, desde pessoas comuns, na rua, até presidenta da república, para poder provar que é preciso fazer algo contra a extinção da vida. em vão. parte da população já se mostra descrente até da existência de um cometa, quanto mais da necessidade de detê-lo. e a lei das fake news cresce, tanto no filme, como na vida da gente...
apesar do argumento ser bem pertinente, há situações desnecessárias, como mostrar a figura da cientista dibiasky (j. lawrence) como uma descontrolada que grita quando está sob pressão. ao contrário, o astrônomo randall (dicaprio) é coerente, consegue ser articulado, sedutor etc etc. o velho machismo em ação. enfim.
confesso que as cenas após o letreiro dão um tom de filme "b" que nem sei se combina com as ideias anteriores.  
mas a narrativa é necessária pois satiriza a imbecilidade de negacionistas (sim, os anti-vacina que põem em risco vida própria e alheia) e daqueles outros que dizem ser a terra plana. 
a ciência é o único lugar por onde a vida pode ser respeitada. 
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falando um tanto mais sobre ciência -- veja o vídeo



terça-feira, 24 de novembro de 2020

gambito da rainha é minissérie que vai além do xadrez

 

aprendi jogar xadrez ou, simplesmente, mover peças, entre 1994 e 95. três figuras foram chave nesse processor: zé roberto, paulo japa e odair lanzoni. o primeiro, prof de educação física e os dois últimos, matemática. sempre é bom ressaltar que almir lanzoni, então no ensino médio, também dava seu show no tabuleiro!

joguei xadrez também um tempo com o computador, a partir de um cd room. era a década de 1990. 

depois, vida tomou rumo que me fez deixar o tabuleiro de lado. nesta quarenta de 2020, lá em abril, voltei a mexer com as peças, aqui, no apartemento. mas ansiedade e o estresse não permitiram coisa alguma. tudo voltou aos armários.

neste novembro 2020, vi "o gambito da rainha". minissérie, netflix. uma dica do prof henrique subi. excelente. ana taylor-joy, atriz, está impecável como elizabeth harmon. direção consistente. 

na série, praticamente tudo se passa na década de 1960. elizabeth harmon é menina órfã que, influenciada pelo zelador do internato, aprende a jogar xadrez, então, aos nove anos de idade. 

o que importa? agruras vividas pela personagem que se vê sem família por três vezes... primeira: mãe falece; segunda: sai do internato e fica sem a parceira jolene e, terceira, a morte de sua mãe adotiva. 

a questão da dependência química -- iniciada aos nove anos, no próprio internato -- é mostrada sem caricaturas, sem véu, expõe um lado da personagem que parece pedir acolhimento.

figuras masculinas, a maioria enxadristas, gravitam em torno da genialidade de harmon. todos com seus vícios, com seus medos, dilemas... todos, sem exceção. desde a diretora do internato, passando por enxadristas menores, além de watts e também a própria mãe adotiva. o universo à volta da menina prodígio é de degradação e falta de perspectiva, muitas das vezes. 

interessante, claro, para se discutir temática ligada ao empoderamento feminino, na década de 1960. mais: jogar xadrez. o jogo, em si, obviamente uma alegoria da vida de elizabeth que, dentro de adversidades, não pode deistir, precisa se reinventar, descobrir maneira de dar xeque no rei adversário. e são vários peões, damas, bispos a enfrentar.

já adianto: a história é ficção. nada de fatos reais. a minissérie está baseada no livro de walter tevis, 1983, "o gambito da rainha".

olhem, se essa rainha realmente faz referência a elizabeth harmon, os demais personagens cumprem papeis equivalentes, como torre, peões ou cavalos. 

quem assistir, verá.

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  • título original: the queen’s gambit 
  • ano: 2020
  • direção: scott frank
  • país : eua