sábado, 6 de junho de 2020

união pela educação é sobrevivência do país democrático




converso com estudantes, colegas, nesse mundo da educação.
sou professor de ensino médio e pré-vestibular. em 2021, serão 35 anos em salas de aula. a idade e a diversidade de escolas, me fizeram conhecer muita gente e suas realidades.
para não me alongar: o estudante, no brasil, nunca foi protagonista. o tipo de ensino ainda é estilo jesuítico, ou seja, um fala, os demais escutam e têm de agradecer. quase nunca podem questionar. e o que for diferente disso é exceção.

nesta pandemia, em 2020, fica claro que o jogo virou para o aluno.
o esquema de estudo via internet torna o estudante protagonista porque ele pode, agora sim, decidir por ficar ou não diante da tela que transmite a aula. é dele o controle.

o sistema de interação escola-estudante está capenga. já disse meu amigo joão ardoino que nosso sistema educacional equivale a uma parede mofada. tentamos pintar, mas logo o mofo retorna... precisa limpeza. raspar. começar de novo.

começa por melhorar a aula. não vou cair na armadilha fácil que é criticar a escola simplesmente. isso qualquer um faz. digo priorizar o estudante, durante os anos dele na escola. dialogar.
melhorar a aula não é fazer estratégias mirabolantes, dentro de sala, como se atenção dos alunos (leia-se "silêncio") fosse sinônimo de aprendizado. nada disso. dialogar, propor atividade ligada à comunidade em que se está, permitir que haja movimento físico, que estudantes falem, se organizem para um debate, depoimento, arte, esporte, experiência científica, mesmo que seja apenas ir a um pátio olhar o azul do céu e falar sobre eclipse, pássaros, fotossíntese, terra redonda, o básico.
professor, professora, educadores, precisamos ligar o alerta!

valores passados em sala, ultimamente, não são respeitados mais. por quê? porque são valores que só servem ali, na sala, para a prova da semana seguinte. nada contra as fases da meiose, a terceira lei de newton ou o conceito de barroco. tudo importante. mas e a realidade? o racismo, a cultura indígena, violência contra mulher, a questão do aborto, floresta amazônica, sistema prisional, drogas, como ficam? o respeito às diferenças, comunidade lgbt, como ficam? não é para tratar disso? hoje, 2020, a eugenia em curso: deixar morrer a periferia, onde fica geralmente a população negra. o que têm a dizer professores? nada? falam de trigonometria e a queda do império romano, é isso?...
pedir ajuda, professor, professora! isso melhora relação entre alunos, alunas e o que precisa ser aprendido. não só o sistema de rotação da terra ou a extensão do rio nilo que são importantes, tudo bem. mas há a realidade desse estudante e a do professor que merecem respeito.

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