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Mostrando postagens com o rótulo modernismo

encomenda - cecília meireles - comentário

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             ENCOMENDA                            Cecília Meireles [1901-64]   Desejo uma fotografia   como esta — o senhor vê? — como esta:   em que para sempre me ria   como um vestido de eterna festa.   Como tenho a testa sombria,   derrame luz na minha testa.   Deixe esta ruga, que me empresta   um certo ar de sabedoria.   Não meta fundos de floresta   nem de arbitrária fantasia...   Não... Neste espaço que ainda resta,   ponha uma cadeira vazia.                              [ Vaga Música, 1942 ] poema sobre passagem de tempo e a possibilidade de assumir a solidão. assumir ou constatar, simplesmente. eis aí uma doença que aflige dez entre dez pessoas sensíveis. sempre. o eu do texto quer -- na fotografia --  imagem que seja alegre; quer...

elza é filha de virgília e mãe de helena

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  elza é fräulein.  a senhorita. 35 anos , cultura alemã. o livro: "amar, verbo intransitivo" (mário de andrade). elza é professora de piano e vai, nesta história, ter a função de ser a iniciadora amorosa do jovem carlos alberto, 15 anos. é o romance de mário é de 1927. virgília é a não menos famosa amante de cubas, lá em machado de assis. e helena vem do século 20, no livro "três mulheres de três pppês", do paulo emílio, um dos melhores que já li.  ambas carregam um protagonismo ímpar, dado o contexto de suas aparições: virgília em fins do século 19 e helena pela década de 1930.    saber mais? veja o vídeo abaixo.

nota social - carlos drummond

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  NOTA SOCIAL O poeta chega na estação. O poeta desembarca. O poeta toma um auto. O poeta vai para o hotel. E enquanto ele faz isso como qualquer homem da terra, uma ovação o persegue feito vaia. Bandeirolas abrem alas. Bandas de música. Foguetes. Discursos. Povo de chapéu de palha. Máquinas fotográficas assestadas. Automóveis imóveis. Bravos… O poeta está melancólico. Numa árvore do passeio público (melhoramento da atual administração) árvore gorda, prisioneira de anúncios coloridos, árvore banal, árvore que ninguém vê canta uma cigarra. Canta uma cigarra que ninguém ouve um hino que ninguém aplaude. Canta, no sol danado. O poeta entra no elevador o poeta sobe o poeta fecha-se no quarto. O poeta está melancólico.     [ drummond, alguma poesia, 1930 ] . . . . . . . .  .  .  .  .  .  .   . * " assestadas " - - apontadas . . . . . . . . . .  .  .  .  .  .  .   . "nota social" faz referência a uma pa...

moça e soldado - carlos drummond - comentário

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     MOÇA E SOLDADO   Meus olhos espiam  a rua que passa.  Passam mulheres,  passam soldados.  Moça bonita foi feita para  namorar.  Soldado barbudo foi feito para  brigar.  Meus olhos espiam  as pernas que passam.  Nem todas são grossas...  Meus olhos espiam.  Passam soldados.  ... mas todas são pernas.  Meus olhos espiam.  Tambores, clarins  e pernas que passam.  Meus olhos espiam  espiam espiam  soldados que marcham  moças bonitas  soldados barbudos  …para namorar,  para brigar.    Só eu não brigo.  Só eu não namoro.     [carlos drummond - alguma poesia, 1930] poema de versos brancos, à moda do primeiro modernismo. segundo a crítica, o livro "alguma poesia" (1930) abre a segunda fase desse modernismo. uma honra para o mineiro de muitos livros. o eu lírico, em "moça e soldado" é figura pacata que só observa o cotidiano. ...

itabira - drummond e o buraco do cauê

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        ITABIRA       Carlos Drummond de Andrade  Cada um de nós tem seu pedaço no pico do Cauê.  Na cidade toda de ferro  as ferraduras batem como sinos.  Os meninos seguem para a escola.  Os homens olham para o chão.  Os ingleses compram a mina.  Só, na porta da venda, Tutu Caramujo cisma na derrota incomparável.             [ Alguma poesia , 1930 ] parece premonição, este poema publicado em 1930. por volta da década de 1940, o pico do cauê -- mais de mil metros de altitude -- foi destruído pela companhia vale do rio doce, para extração de minério, em itabira.  o poema -- versos brancos e livres -- contrasta as figuras da cidade à dos ingleses e reafirma a vitória do ferro  sobre a simplicidade natural. texto com caráter de crônica, revela a dor da cidade personificada em tutu, sabedor da derrota. qual derrota?... a da natureza. " ferraduras batem como sinos " é verso do...

amarElo é plantação de humanidade

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  amarElo - é tudo pra ontem   -  documentário - emicida. onde: netflix com o mote "plantar - regar - colher" o ativista e compositor emicida (leandro oliveira) organiza documentário em que revisita história da negritude pelo brasil. o documentário  cita a escravidão, homenageia o samba, o hip hop, figuras importantes como tebas, ruth de souza, donga, lelia gonzalez, racionais, marielle franco, wilson das neves e tantos outros para reforçar ideia de que a união deveria nortear a luta da comunidade preta, no país. o trabalho base está no teatro municipal, com música de emicida. convidados bem ilustres, majur e pablo vittar dão o tom da diversidade dentro discurso do documentário que sinaliza que não se luta pela metade. se a ideia é falar de excluídos, como os pretos, então havia espaço para comunidade lgbt e trans.  poesia, história, memória, arte plástica e, principalmente, gente unida, fazem deste  documentário uma necessidade urgente. temas como gentr...

libertinagem é aula de poesia e humanidade

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manuel bandeira [ 1886 - 1968 ] poeta modernista e, por vezes, bem lírico saiba tudo do livro ! assista-me!

jogo de cartas marcadas - clarice #3

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unanimidade entre críticos e leitores -- um perigo, isso -- clarice é ginástica para o cérebro. imperdível. saiber mais? clica e assiste

macunaíma - herói sem caráter - comentário

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romance 1928 mário de andrade modernista e antropofágico chamado "romance rapsódia" narrativa expressionista, surrealista, divertida e sarcástica qual a importância? o que é antropofagia? e rapsódia?... o que acontece com macunaíma, ao final? . . . . . . .  .  .  .  .  .  .   .   . clica para descobrir tudo!

romanceiro da inconfidência - cecília meireles

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ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA  - -  - narrativa que revê, no século 20, as atrocidades e frustrações do movimento libertário do século 18, em minas gerais. prevalece o tom evocativo e espiritualista, estilo da poetisa. há clima de ansiedade e mistério apesar da subjetividade inerente ao estilo da autora, há marcas do gênero épico, que se percebem no caráter nacionalista e histórico. além, claro, de certo teor heroico na caracterização dos chamados "inconfidentes". já escrevi, mas repito: "inconfidente" é designação que portugueses deram aos brasileiros que reclamavam das cobranças injustas de impostos sobre o ouro -- dentre outras questões.  "confidente"é quem confia. "inconfidente" é traidor.  logo, brasileiros chamarem outros brasileiros de "traidores" é incoerente.  contudo, esse nome -- título do livro de cecília -- está absorvido pela cultura brasileira, parece difícil mudar. prefiro usar "conjura...

lá fora - ana cristina césar

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lá fora há um amor que entra de férias. Há um embaçamento de minhas agulhas nítidas diante dessa boa bisca de mulher. Há um placar visível em altas horas, pela persiana deste hotel fatal que diz: fiado, só depois de amanhã e olhe lá, onde a minha lâmina cortante, sofrendo de súbita cegueira noturna, pendura a conta e não corta mais, suspendendo seu pêndulo de Nietzsche ou Poe por um nada que pisca e tira folga e sai afiado para a rua como um ato falho deixando as chaves soltas em cima do balcão . . . . . . . . . . . . .  .  .  .  .  .  .  .   .   .   .   . importante - - “lá fora” - mundo distante; sonho; desejo de liberdade   “bisca” - mulher libertina, liberta de conceitos…                    geralmente sua imagem estava ligada                 ...

perguntas & respostas #2 - vidas secas

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VIDAS SECAS graciliano ramos por que as crianças, filha de vitória e fabiano, não têm nome? como identificar a necessidade de reforma agrária, no país, pela história de fabiano? essas e outras perguntas, no vídeo abaixo! assista-me!

o bem-amado - resumo - dias gomes

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peça teatral de dias gomes  1962 modernismo brasileiro sucupira bahia no enterro de mestre leonel fixa-se a ideia de que a cidade de sucupira precisa de um cemitério... estão levando o velho pescador morto para outra cidade. prefeito : odorico paraguaçu secretário : dirceu borboleta amante do prefeito : dulcinea esposa de dirceu : dulcinea coveiro : chico moleza jornalista : neco pedreira primo : ernesto irmãs de dulcinea : judicea e dorotea jagunço : zeca diabo depois de pronto o cemitério era necessário inaugurá-lo e, com isso, expor a imagem de um prefeito trabalhador. contudo, necessário um defunto. nesse meio, dirceu desconfia que sua mulher tem um amante. o secretário de odorico fez voto de castidade. passa o tempo caçando borboleta. sem metáfora. quer saber como termina essa história ? assista-me!

vinícius de moraes - poesia

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                                                     [ vinícius - - por  cândido   portinari ] textos líricos, prosas poéticas, muitos poemas chamados "sonetos", outros tantos com adjetivos, figuras femininas que causam desespero... e a subjetividade latente saber mais? assista-me!

aula intertextualidade - castro alves e mário de andrade

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" boa noite, maria, eu vou-me embora " é verso do jovem castro alves, falecido aos 24 anos de idade, mas tempo suficiente para ser o mais contundente dos românticos, no brasil. o poema chama-se "boa noite". e o que isso tem a ver com mário? o conto "vestida de preto", do livro "contos novos", cita esse verso. no texto de mário, o narrador é juca. apaixonado platonicamente por maria, uma prima com quem brincava, na infância.  vale a pena ver como essas duas obras se ligam : assista-me!

quarto de despejo - carolina de jesus - resumo unicamp 2019 e ufrgs 2018

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diário de uma favelada. obra escrita na década de 1950. são paulo, favela canindé. descoberta pelo repórter da "folha da manhã", audálio dantas, carolina se mostra uma das figuras mais marcantes da literatura brasileira. saída de minas gerais, trabalhou como empregada na casa do médico zerbini. apesar de pouco tempo, envolveu-se com a biblioteca do doutor e ampliou seu leque de vocabulário e referências. grávida, perdeu a chance de continuar na casa. foi para o local dos despejados pelo governo, a favela canindé, próximo ao rio tietê. seu livro foi traduzido para vários idiomas, depois de publicado, no início da década de 1960. saber mais? assista-me!

terra sonâmbula - mia couto

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terra sonâmbula é narrativa poética, folclórica, histórica e mágica. o livro de mia couto desperta sensações novas, isso é fato. "um velho e um miúdo vão seguindo pela estrada" ... logo no início do livro. basicamente, duas narrativas, aqui: I - Tuhair e Muidinga saem de um campo de refugiados. Estão numa estrada e se abrigam em um machimbombo queimado (ônibus). É o final do século 20 II - Kindzu parte de sua aldeia em busca do títiulo de “naparama”, guerreiro defensor do povo moçambicano, contra os desmandos, na guerra civil (cadernos). a história II está em cadernos que a dupla da história I encontra no ônibus. veículo chave para entender o que há de comum entre I e II. saiba mais! assista! saiba mais sobre história recente do país africano  -clica

joão cabral de melo neto - o urubu mobilizado

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hoje, a ideia é discutir com seus alunos(as) um texto do modernista joão cabral de melo neto. segundo a crítica literária, pertnce ao terceiro tempo modernista, décadas de 1950 e 60, junto com clarice e guimarães rosa, dentre outros. joão foi um regionalista, porém, elevou a discussão sobre diferença de classe, nos sertões do nordeste, a um patamar mais universal, tratando do homem e a questão da existencia     O urubu mobilizado Durante as secas do Sertão, o urubu  de urubu livre, passa a funcionário. O urubu não retira, pois prevendo cedo  que lhe mobilizarão a técnica e o tacto,  cala os serviços prestados e diplomas, que o enquadrariam num melhor salário, e vai acolitar os empreiteiros da seca, veterano, mas ainda com zelos de novato: aviando com eutanásia o morto incerto, ele, que no civil que o morto claro.                                    2 E...

aula - análise de texto - joão cabral de melo neto

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O urubu mobilizado Durante as secas do Sertão, o urubu   de urubu livre, passa a funcionário. O urubu não retira, pois prevendo cedo   que lhe mobilizarão a técnica e o tacto,   cala os serviços prestados e diplomas, que o enquadrariam num melhor salário, e vai acolitar os empreiteiros da seca, veterano, mas ainda com zelos de novato: aviando com eutanásia o morto incerto, ele, que no civil que o morto claro.                                               2 Embora mobilizado, nesse urubu em ação   reponta logo o perfeito profissional. No ar compenetrado, curvo e conselheiro, no todo de guarda-chuva, na unção clerical, Com que age, embora em posto subalterno: ele, um convicto profissional liberal. MELO NETO, João Cabral de. Obra Complet...

minha gente - resumo conto sagarana

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narrado em primeira pessoa, o personagem-narrador se vê envolvido em história de amor, política e até assassinato. o livro "sagarana" contém nove (9) narrativas. são contos que, segundo a crítica, compõem a terceira fase do modernismo brasileiro. saber mais ? assista-me! . . . . . . . . .  .  .   .   .   .   .   .   .   .   . dicas para aulas de literatura : clique !