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canção - cecília meireles - comentário

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        CANÇÃO  Pus o meu sonho num navio  e o navio em cima do mar;  — depois, abri o mar com as mãos,   para meu sonho naufragar.  Minhas mãos ainda estão molhadas  do azul das ondas entreabertas,  e a cor que escorre dos meus dedos  colore as areias desertas.  O vento vem vindo de longe,  a noite se curva de frio;  debaixo da água vai morrendo  meu sonho, dentro de um navio...  Chorarei quanto for preciso,  para fazer com que o mar cresça,  e o meu navio chegue ao fundo  e o meu sonho desapareça.  Depois, tudo estará perfeito:  praia lisa, águas ordenadas,  meus olhos secos como pedras  e minhas duas mãos quebradas.      Cecília Meireles [ Viagem, 1939 ]   . . . . . . . . . .  .  .   .   .   .   .   . versos de oito sílabas poéticas, isso mesmo. octassílabos. ritmo regular com um pa...

encomenda - cecília meireles - comentário

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             ENCOMENDA                            Cecília Meireles [1901-64]   Desejo uma fotografia   como esta — o senhor vê? — como esta:   em que para sempre me ria   como um vestido de eterna festa.   Como tenho a testa sombria,   derrame luz na minha testa.   Deixe esta ruga, que me empresta   um certo ar de sabedoria.   Não meta fundos de floresta   nem de arbitrária fantasia...   Não... Neste espaço que ainda resta,   ponha uma cadeira vazia.                              [ Vaga Música, 1942 ] poema sobre passagem de tempo e a possibilidade de assumir a solidão. assumir ou constatar, simplesmente. eis aí uma doença que aflige dez entre dez pessoas sensíveis. sempre. o eu do texto quer -- na fotografia --  imagem que seja alegre; quer...

romance I ou da revelação do ouro - exercício

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