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memórias de martha - julia lopes de almeida

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  memórias de martha  -  julia lopes - romance - 1888 narração em 1a pessoa  -  martha cenário: rio de janeiro martha narra sua história de infância e juventude, até 24 anos de idade, quando se casa quando pai falece -- suicídio --, ela e mãe vão morar num cortiço, em são cristóvão. a mãe lava e passa roupas para outras famílias martha sofre com a miséria, tem vergonha da pobreza martha sonha ser professora e consegue, com auxílio de d. aninha -- martha é dedicada aos estudos a ascensão social de martha não irá acontecer pelo casamento, herança ou o que quer que seja vindo de outras pessoas, mas sim da educação, eis a revolução deste livro que, como se viu, é do século 19, escrito por uma mulher julia lopes, inclusive, foi barrada na academia brasileira de letras que ela mesma ajudou a criar! mas isto é outra conversa. voltemos ao livro martha se apaixona pelo primo de d. aninha, luiz, mas nada se desenvolve, para frustração da narradora (martha) o ambiente do c...

25 de março - narcisa amália

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     VINTE E CINCO DE MARÇO   A noite sepulcral dos tempos idos Plácida avulta a merencória esfinge, Esplêndido fanal que esclarecera        A crente multidão! Monumento do verbo grandioso Deste povo titã, débil ainda... Centelha sideral aque fecundara          A seiva da nação!   Lacerado o sendálio tenebroso Que nos velava os livres horizontes. Entoa o continente americano       Um hino colossal; Mais vivida no peito a fé rutila, Mais nobres s'erguem dos heróis os bustos Cingidos pela flama deslumbrante      Da glória perenal. Mas tu projetas o negror no espaço Que sobre nós desata-se em sudário! Mas teu hálito extingue a luz benéfica       Que acendera o Senhor! Maldição! Maldição! A liberdade Vê de lodo o seu manto salpicado... Do vulcão popular a ígnea lava          Desmaia sem calor. Raiaste ...

a solidão - sophia de mello breyner - comentário

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                                                                  [ cristo de la expiración - francisco gijón  séc 17 ]            6.  A solidão    A noite abre os seus ângulos de lua    E em todas as paredes te procuro    A noite ergue as suas esquinas azuis    E em todas as esquinas te procuro    A noite abre as suas praças solitárias    E em todas as solidões eu te procuro    Ao longo do rio a noite acende as suas luzes    Roxas verdes azuis.    Eu te procuro.      [ O cristo cigano,  1961 , Sophia de M B Andresen ]    . . . . . .  .  .  .   .   .    . este é o sexto poema de "o cristo cigano".  a ...

uma experiência privada - chimamanda

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  " uma experiência privad a " , conto do livro " no seu pescoço " , de chimamanda adichie. a história se passa em kano, nigéria, durante onda de violência entre muçulmanos e cristãos. chika é estudante de medicina de férias na cidade. ela é pega de surpresa pela violência enquanto está no mercado com sua irmã, nnedi. na confusão, ambas se separam. chika -- da etnia igbo -- se refugia numa pequena loja junto com uma mulher hausa muçulmana. é esta mulher hausa que pede para chika vir com ela para a pequena loja abandonada   . . . . .  .  .   . (...) Chika se pergunta se a mulher a está observando também, se sabe, por sua pele clara e pelo rosário de dedo feito de prata que sua mãe insiste em obrigá-la a usar, que é igbo e cristã. Mais tarde, Chika descobrirá que, quando ela e a mulher estavam conversando, muçulmanos hausas estavam atacando cristãos igbos a machadadas e apedrejando-os. Mas, naquele momento, ela diz: “Obrigada por me chamar. Tudo aconteceu tão...

trevas - sophia de mello bryener - comentário

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                                                [ francisco gijón, cristo em agonia, séc 17 ]             7.  Trevas         O que foi antigamente manhã limpa        Sereno amor das coisas e da vida        É hoje busca desesperada busca        De um corpo cuja face me é oculta.                 [ O cristo cigano,  1961 , Sophia de M B Andresen ]      . . . . . .  .  .  .   .   .    . este é o sétimo poema de "o cristo cigano".   aqui, pode ser a voz do escultor -- que aparece no poema 1 -- que está buscando uma imagem de um cristo em agonia para construir sua estátua.  agora, se liga nessa história :   sophia breyner encontrou-se com...

desengano - narcisa amália

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        DESENGANO   _narcisa amália_   Quando resvala a tarde na alfombra do poente E o manto do crepúsculo se estende molemente, Na hora dos mistérios, dos gozos divinais Despedaçam-me o peito martírios infernais E sinto que, seguindo uma ilusão perdida Me arqueja, treme e expira a lâmpada da vida Feriu-me os olhos tímidos o brilho da esperança A luz do amor crestou-me o riso da criança: E quando procurei - sedenta - uma ventura, Aberta via a fauce voraz da sepultura!... Dilacerou-me o seio, matou-me a crença bela, O tufão mirrador de hórrida procela! Então pálida e triste, alcei a fronte altiva Onde se estampa a dor tenaz que me cativa:; Sorvi na taça amarga o fel do sofrimento. E a voz queixosa ergui num último lamento: Era o cantar do cisne, o brado da agonia... E a multidão passou soberba, muda, frial Desprezo as pompas loucas, desprezo os esplendores, Trilhar quero um caminho orlado só de dores: E além,...

em nome do cinema e do país: ainda estamos aqui

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" E m nome do cinema brasileiro, é uma honra tão grande receber isso de um grupo tão extraordinário. Isso vai para uma mulher que, depois de uma perda tão grande no regime tã o autoritário, decidiu não se dobrar e resistir... Esse prêmio vai para ela: o nome dela é Eunice Paiva. E também vai para as mulheres extraordinárias que deram vida a ela. Fernanda Torres e Fernanda Montenegro"   [W Salles, março 2025, diretor de Ainda estou aqui]   veja o que mais disse w salles - clica aqui sim, é o filme de salles sobre o assassinato e tortura de rubens paiva (1971) -- pela ditadura militar -- que venceu mais uma premiação: oscar de melhor filme estrangeiro, 2025, nos estados unidos. o prêmio acadêmico e o reconhecimento público são a unanimidade que todo artista quer. poucos conseguem. elis regina, tom jobim, clarice lispector, fernanda montenegro, milton nascimento, guimarães rosa, antônio lisboa (aleijadinho), carolina de jesus e mais dois ou três. e agora, "ainda estou aqu...

rupestre moderno

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                     [ rupestre moderno - versão engraçada feita por i. a. - fev 2025 ] já fui um velho livro esquecido numa biblioteca subterrânea. ninguém sabia quem me escrevera, nem por que me haviam trancado ali. quem me folheou dizia que as páginas mudavam a cada leitura. o texto se embaralhava, era assombroso. às vezes, eu era um romance trágico; em outras, um tratado filosófico. houve quem jurasse ter encontrado fórmulas matemáticas nunca vistas antes, enquanto outros diziam que eu contava segredos de borboletas extintas. vai vendo. todos que leram, morreram. se bem que é normal humanos morrerem.  até aí, as coisas. por séculos, permaneci intocado, até que uma criança  -- chata, com certeza -- desobedecendo às placas de "cuidado" e "sopa de letrinhas fervendo", acabou me encontrando. a tal criança remelenta abriu minhas páginas e, pela primeira vez, eu soube o que era ter alguém que me lesse com curiosidade. e sem ...

a visão das plantas - djaimilia de almeida

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  romance - djaimilia almeida - angola, 2019 cenário é portugal  --   século 19, predominantemente enredo base:  celestino é um pirata idoso retornando a sua casa numa vila, na rua dos choupos.  local estava abandonado e a casa vai sendo recuperada aos poucos, principalmente o jardim, com cravos, roseira, cameleira e outras plantas o início é assim: Noite abençoada. Acordou em casa, restaurado, após uma vida cheia. Mas a casa tinha mudado. Com as portadas trancadas, a mobília coberta com lençóis, a toalha manchada de vinho sobre a mesa, a arca da roupa fechada a um canto, os reposteiros de veludo negro, esgarçados pela traça, tudo era outro e, ainda, o mesmo. Na penumbra, o volume dos móveis insinuava fantasmas. O pó, tornado um ser, animava o espaço, iluminado pela claridade através das frestas das janelas. (...) segundo a narração -- 3a pessoa onisciente -- as plantas não davam a mínima importância às intenções e ações carinhosas, ali no jardim....

o escultor e a tarde - sophia m breyner - comentário

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        1 . O escultor e a tarde   No meio da tarde   Um homem caminha:   Tudo em suas mãos   Se multiplica e brilha.   O tempo onde ele mora   É completo e denso   Semelhante ao fruto   Interiormente aceso.   No meio da tarde   O escultor caminha:   Por trás de uma porta   Que se abre sozinha   O destino espera.   E depois a porta   Se fecha gemendo   Sobre a Primavera.         [ O cristo cigano,  1961 , Sophia de M B Andresen ] este é o poema número 1 de "o  cristo cigano ". importante :  sophia breyner encontrou-se com joão cabral de melo neto, em sevilha, espanha, onde vivia o brasileiro que era também diplomata. lá, ela ouviu a lenda de que o escultor espanhol francisco gijón, no final do século 17, recebera uma encomenda de um cristo em agonia. para este fim, o tal artista buscou uma cena que pudesse ver alguém morrendo para conseguir insp...