a solidão - sophia de mello breyner - comentário
[ cristo de la expiración - francisco gijón séc 17 ]
6. A solidão
A noite
abre os seus ângulos de lua
E em
todas as paredes te procuro
A noite
ergue as suas esquinas azuis
E em
todas as esquinas te procuro
A noite
abre as suas praças solitárias
E em
todas as solidões eu te procuro
Ao
longo do rio a noite acende as suas luzes
Roxas
verdes azuis.
Eu te
procuro.
[ O cristo cigano, 1961, Sophia de M B Andresen ]
. . . . . . . . . . . .
este é o sexto poema de "o cristo cigano". a presença do cenário noturno intensifica a ideia de solidão.
vale conhcer: sophia breyner encontrou-se com joão cabral de melo neto, em sevilha, espanha, onde vivia o brasileiro que era também diplomata. lá, ela ouviu a lenda de que o escultor espanhol francisco gijón, década de 1680, recebera uma encomenda de uma estátua de um cristo em agonia. para este fim, o tal artista buscou uma cena em que pudesse ver alguém morrendo para conseguir imagem exata e fazer seu trabalho. para isso, presenciou de verdade o esfaqueamento de um cigano e, assim, obteve material visual que precisava. depois de pronta a peça de madeira (foto acima), muita gente reconheceu o cigano -- apelidado "cachorro" -- no rosto da estátua e passaram então a chamar a capela onde a escultura está de "capela do cachorro". a obra é o "cristo de la expiración".
isto posto, voltemos ao poema 6.
a voz do texto é do escultor -- que aparece no poema 1. pois bem, este escultor continua procurando um cristo em agonia, querendo capturar sua essência na matéria bruta, buscando-o nos recantos da cidade e fora dela. em algum momento encontrará.
. . . . . . . .
saiba mais
Comentários
Postar um comentário
comente --