soneto decassílabo. poeta faz paródia de uma passagem bíblica, em que jesus cristo, perto de um poço, pede água para uma moça de samaria, a samaritana. aqui, o apelo erótico toma a frente, na mensagem que é lírica. repare que a mulher é marcada como diferente da original bíblica: ela é um contraste, diz o verso 9 o poeta, depois de beber da "fonte eterna" (eufemismo! metáfora boa!) se diz envenenado... e até arrependido... de tão bom que deve ter sido. certeza. . . . . . . . . . . . . . . . .
capitu entrou pro bando de riobaldo depois de tomar o alucinógeno da índia tabajara. juntos, capitu, riobaldo e a cachorra baleia, viajaram pelo país, montados em capivaras. foram obrigados a parar porque tinha uma pedra no meio do caminho. ali mesmo, padre anchieta fez o casamento de riobaldo e capitu. o jesuíta recitou versos em tupi e em português, para irritação de gabriela e marília de dirceu borboleta. nasceram os filhos dessa relação: maanape, jiguê, macunaíma e leonardo pataca. eles todos moraram um tempo na favela canindé, no estácio, em porto alegre, salvador, manaus, outra vez no estácio, todos de organdi azul.
três dicas de leitura para iniciantes não gosto do termo "criança", "adolescente" quando o assunto é livro não sei se existe mesmo livro para criança, livro para meninos, livro para jovens...pode ser... sei que existem livros que precisam de certa experiência de leitura para serem digeridos e outros menos... aqui vão três dicas para quem quer leituras dinâmicas leitor menos experiente, bem-vindo a este post confira abaixo as dicas para cada um
outro soneto do livro "tarde", bilac, 1919. josé de anchieta (1534 - 97) foi, segundo história oficial, o primeiro a fazer poesia, no país, ficção. também publicou estudos sobre a língua tupi. o padre -- nascido nas ilhas canárias (espanha) -- é comparado a um santo: francisco e também a um mito grego: orfeu
ANCHIETA
Cavaleiro da mística aventura,
Herói cristão! nas provações atrozes
Sonhas, casando a tua voz às vozes
Dos ventos e dos rios na espessura:
Entrando as brenhas, teu amor procura
Os índios, ora filhos, ora algozes,
Aves pela inocência, e onças ferozes
Pela bruteza, na floresta escura.
Semeador de esperanças e quimeras,
Bandeirante de “entradas” mais suaves,
Nos espinhos a carne dilaceras:
E, porque as almas e os sertões desbraves,
Cantas:Orfeu humanizando as feras,
São Francisco de Assis pregando às aves
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . as aspas em"entradas" são denunciadoras. sabe-se que entradas e bandeiras, aqui, foram expedições para expansão do território, busca de minério, aprisionamento de índios, possíveis mortes de quem não queria se converter ao cristianismo, tampouco ser escravo. enfim, na sede de manter limpo o perfil do padre, o poeta coloca aspas na palavra "entrada", mudando um pouco seu sentido original, ou seja, anchieta fez sim parte desse processo que autorizava violência contra os índios, mas foi suave, no mínimo conivente... chamá-lo de "semeador de esperanças", nesse contexto, chega a ser doloroso. mas a ideia é mesmo a idolatria que aproxima o poema do gosto romântico, apesar do estilo ser mesmo parnasiano. ainda segundo o poema, o padre esteve com índios bons (aqueles que aceitavam o catolicismo), teve a pele ferida pelos espinhos da mata (lembra coroa de espinhos sim), então, digamos, sua cumplicidade na violação da vida selvagem estaria compensada.
pois é, final do século 18. alemanha. escritor ícone de seu tempo e de outros. goethe (1749 - 1932) produziu um diário e botou um autor: o jovem werther. historinha simples, creiam. o pós-adolescente se apaixona por carlota. esta, por sua vez, é noiva de alberto. este, por incrível que pareça, respeita werther o considera até amigo. carlota, ao final da história, se casa mesmo com alberto. werther atira em si mesmo. agoniza por umas doze horas. morre. se fosse só isso, moleza. mas leitores da obra não resistiram à catarse. dezenas e dezenas de jovens e outros nem tão novos, tiraram a própria vida depois da leitura... ou fizeram de raiva, pelo estilo adocicado da narrativa, ou se identificaram com o enredo e os sofrimentos. o que fica disso tudo é o quanto de silêncio e falta de empatia sofrem os jovens e, claro, adultos também.
não deixe seus próximos sozinhos... ouça. acolha.
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mais um poema do livro "tarde", 1919, bilac "última flor do lácio" o que é? o latim, base da língua portuguesa, nasceu na região do lácio, próximo a roma dele, latim, vieram o romeno, francês, espanhol e, por fim, o português logo, a língua é a última flor, um eufemismo para o latim que termina sua jornada no idioma de camões aqui, homenageia a língua portuguesa mas faz ressalva, afirmando que ela ainda é um tanto rude, barulhenta... não é do estilo do poeta expor a vida em sociedade, a realidade. bilac escrevia para os próximos, para um grupo elitizado que via no vocabulário raro, nas tramas de uma sintaxe mais complexa um certo engrandecimento do idioma ainda bem que gente como guimarães rosa, oswald de andrade, carolina de jesus, patativa do assaré -- e tantos outros -- trataram de valorizar nosso idioma sem pedantismo
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LÍNGUA PORTUGUESA
Última flor do Lácio, inculta e
bela,
És, a um tempo, esplendor e
sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos
vela...
Amo-te assim, desconhecida e
obscura,
Tuba de alto clangor, lira
singela
Que tens o trom e
o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da
ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu
aroma
De virgens selvas e de oceano
largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: “meu
filho!”,
E em que Camões chorou, no exílio
amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem
brilho!
nota trom e silvo - barulhos de canhão; estrondos procela - tempestade
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soneto com versos alexandrinos, doze sílabas - poeta não gosta das manhãs, mas do fim do dia porque a tarde é mãe da noite
- a tarde, quando moribunda, prenuncia os clarões das estrelas
poema simbólico sobre a carreira do poeta que, de fato, chegava ao fim saiba mais! vídeo abaixo
maio de 2020. pandemia. país mostra sua realidade que é a falta de saneamento básico, políticas públicas de saúde decentes e apoio à educação. quando houve algum cisco de ação em prol de quem mais precisou, um ex-presidente foi preso -- sem provas -- e uma presidenta deposta por casuísmos mais políticos do que econômicos. quando escrevo, os corpos chegam a nove mil, desde meados de março, quando a contagem se deu. centenas de milhares de infectados. pessoas agonizam.
e há lideranças políticas que desdenham da pandemia, das mortes, da pobreza. é preciso coragem para resistir ao surto. o sentimento, hoje -- posso piorar amanhã -- é de mágoa com quem apoiou essa plataforma política, no fim de 2018. avisos não faltaram. quem está na linha de frente, na vanguarda, são os profissionais de saúde. todos eles, médicos, auxiliares de limpeza, motoristas de ambulância, enfermeiros, estudantes, estagiários, residentes, secretários, e eles ainda são apedrejados! já senti muita raiva -- muita mesmo -- de quem votou pela volta das perseguições à ciência e ao desmatamento. já senti raiva. hoje, não sei que nome dar ao que vai em mim. sinto muito, não consigo ser otimista hoje.
se você que me lê gosta da vida, natureza, convívio saudável, respeitando diferentes, argumentando no rumo da harmonia, então, preciso ajuda. combater a avalanche de notícias falsas, enfrentar o discurso contra quarentena e contra máscara, defender profissionais de saúde, além de querer manter-me vivo, são elementos que se movem pela minha cabeça. pessoas fazem carreata contra quarentena. pessoas morrem. gente sai de casa porque crê estar bem de saúde, sem sintomas de coronavírus. e essa gente espalha doença. pessoas morrem. hoje, a ideia é impedir que essa pandemia de ignorância letal tome nossa história. preciso ajuda para realizar esta tarefa.
pensei nestes passos:
1. divulgar notícias sobre importância do confinamento 2. compartilhar matérias (artigos, entrevistas etc) sobre o papel das escolas, na formação cidadã 3. reforçar que educadores, educadoras, em geral, têm responsabilidade de transmitir aos mais jovens que é vital respeitar o próximo, continuar os estudos, acreditar na ciência porque ela é o óbvio motivo da existência
romance 1928 mário de andrade modernista e antropofágico chamado "romance rapsódia" narrativa expressionista, surrealista, divertida e sarcástica qual a importância? o que é antropofagia? e rapsódia?... o que acontece com macunaíma, ao final?
falei com meus alunos, esta semana, sobre castro alves. claro, o destaque é navio negreiro a negritude. a denúncia social. há os excessos de interjeições, hipérboles e exclamações. forças previsíveis do estilo. a juventude inerente à subjetividade de seus versos também conta. com certeza, melhor poeta que casemiro de abreu, álvares ou mesmo gonçalves de magalhães. em "navio negreiro" há revolta, nas palavras do poeta, mas, no limite, ela clama por deus, chama as ondas do mar, os ventos, até um tufão é gritado.
não se trata, neste caso, de crítica social como se viu em "o primo basílio" (eça) ou "quincas borba" (machado), livros do período posterior ao romantismo. é um clamor de desespero.
é castro alves é o romantismo.
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a letra de capítulo 4 versículo três mostra mais de um gênero literário, além, claro do lírico. relatório e o litúrgico são apresentados números da violência e exclusão social
"60% dos jovens de periferia Sem antecedentes criminais Já sofreram violência policial
A cada quatro pessoas mortas pela policia, três são negras Nas universidades brasileiras Apenas 2% dos alunos são negros A cada quatro horas um jovem negro morre violentamente em São Paulo (...)"
há momentos em que a letra se liga a discurso religioso
"E ah profecia se fez como previsto (1997) depois de Cristo a fúria negra ressuscita outra vez Racionais, capitulo quatro versículo três
(...)
Irmão o demônio fode tudo ao seu redor Pelo radio, jornal, revista e outdoor Te oferece dinheiro, conversa com calma Contamina seu caráter, rouba sua alma (...)" existe o desabafo, existem pequenas narrativas sobre vida na periferia arranjo da
música é pontuado por uma voz feminina que canta a palavra “aleluia” no refrão,
trecho extraído da canção “pearls”, gravada pela britânica sade e termina com o
som de um sino de igreja é a raiva diante das diferenças de classe e o racismo
saiba mais - - clica
sim, abril de 2020, dia 20. mais um dia de quarentena. já começou uma movimentação pelo retorno do comércio e outras atividades, pelas cidades. tomara que não vingue, neste mês, pelo menos. houve manifestação, em s paulo, neste fim de semana, pregando que vírus covid-19 é fraude, uma invenção. as mortes, segundo as gentes, são causadas por h1n1. terrível. difícil pedir coerência a quem é ignorante e quer continuar na treva. a ciência tem exposto à exaustão hospitais sem leito, covas anônimas, choro, solidão, horror. mas há quem faça manifestação pelo retorno às ruas. são ambiciosas, dinheiristas, incapazes de compreender o que vai adiante do nariz. como é claro de onde vem a indicação da quarentena, a insensatez ataca cientistas, meios de informação e até o governador igualmente de direita por causa do isolamento que se prolonga. para azar dessa gente, o governo federal brasileiro é também de extrema direita e, com medo do impeachment, ainda sustenta discurso sobre importância do isolamento. a pessoa anti-ciência fica encurralada e, obrigada a pensar, surta, sai à rua, grita. e olhe que a aposta na demissão de mandetta (dem) era balão de ensaio para a popularidade da presidência, surtiu efeito nenhum na maioria da população: ninguém aplaudiu a façanha de demitir quem lutava pela saúde. estamos entre a educação de nossa gente e a barbárie dos insensatos. educadores, humanistas, adultos com gosto por viver, devem sim continuar divulgando trabalhos dos cientistas, pregando coerência, respeito à coletividade, bom senso, verdade. hoje, constituição, ciência e pequena parcela da imprensa são a favor da humanidade e pedem que se fique em casa. é a única saída.