soneto decassílabo.
poeta faz paródia de uma passagem bíblica, em que jesus cristo, perto de um poço, pede água para uma moça de samaria, a samaritana.
aqui, o apelo erótico toma a frente, na mensagem que é lírica.
repare que a mulher é marcada como diferente da original bíblica: ela é um contraste, diz o verso 9
o poeta, depois de beber da "fonte eterna" (eufemismo! metáfora boa!) se diz envenenado... e até arrependido... de tão bom que deve ter sido.
certeza.
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SAMARITANA
Numa volta de estrada, em sede
insana,
Vi-te. Ao lado, a frescura da
cisterna.
E tinhas a expressão piedosa e
terna,
Como na Bíblia, da Samaritana.
Deste-me de beber. Mas quanto
engana,
Às vezes, a piedade, e a esmola
inferna!
Deste-me de beber da fonte
eterna,
De onde a torrente dos remorsos
mana.
Com a água que me deste (que
contraste
De ti para a mulher de Samaria!)
A boca e o coração me
envenenaste:
Maior do que o da sede, este
tormento,
Esta ânsia singular, esta agonia
Que é de saudade e de
arrependimento!
Olavo Bilac
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