mais um poema do livro "tarde", 1919, bilac
"última flor do lácio" o que é?
o latim, base da língua portuguesa, nasceu na região do lácio, próximo a roma
dele, latim, vieram o romeno, francês, espanhol e, por fim, o português
logo, a língua é a última flor, um eufemismo para o latim que termina sua jornada no idioma de camões
aqui, homenageia a língua portuguesa mas faz ressalva, afirmando que ela ainda é um tanto rude, barulhenta...
não é do estilo do poeta expor a vida em sociedade, a realidade.
bilac escrevia para os próximos, para um grupo elitizado que via no vocabulário raro, nas tramas de uma sintaxe mais complexa um certo engrandecimento do idioma
ainda bem que gente como guimarães rosa, oswald de andrade, carolina de jesus, patativa do assaré -- e tantos outros -- trataram de valorizar nosso idioma sem pedantismo
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LÍNGUA PORTUGUESA
Última flor do Lácio, inculta e
bela,
És, a um tempo, esplendor e
sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos
vela...
Amo-te assim, desconhecida e
obscura,
Tuba de alto clangor, lira
singela
Que tens o trom e
o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da
ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu
aroma
De virgens selvas e de oceano
largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: “meu
filho!”,
E em que Camões chorou, no exílio
amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem
brilho!
nota
trom e silvo - barulhos de canhão; estrondos
procela - tempestade
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