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Mostrando postagens com o rótulo gregório

segue neste soneto a máxima de bem viver - gregório de matos

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  SEGUE NESTE SONETO A MÁXIMA DE BEM VIVER QUE É ENVOLVER-SE  NA CONFUSÃO DOS NÉSCIOS PARA VIVER MELHOR A VIDA   Carregado de mim ando no mundo,  E o grande peso embarga-me as passadas,  Que como ando por vias desusadas,  Faço o peso crescer, e vou-me ao fundo.  O remédio será seguir o imundo  Caminho, onde dos mais vejo as pisadas,  Que as bestas andam juntas mais ornadas  Do que anda só o engenho mais profundo.  Não é fácil viver entre os insanos,  Erra, quem presumir, que sabe tudo,  Se o atalho não soube dos seus danos.    O prudente varão há de ser mudo,  Que é melhor neste mundo o mar de enganos  Ser louco co's demais, que só, sisudo.               Gregório de Matos, século 17, Bahia poeta está decidido a ir na contramão da lógica conservadora e unir-se aos chamados "néscios" -- como diz o título -- ou seja, juntar-se aos idiotas, ignorantes, loucos.  ter an...

descreve a ilha de itaparica com sua aprazível feritilidade - gregório de matos

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  DESCREVE A ILHA DE ITAPARICA COM SUA APRAZÍVEL FERTILIDADE, LOUVA DE CAMINHO O CAPITÃO LUÍS CARNEIRO, HOMEM HONRADO E LIBERAL, EM CUJA CASA SE HOSPEDOU Ilha de Itaparica, alvas areias, Alegres praias, frescas, deleitosas, Ricos polvos, lagostas deliciosas, Farta de Putas, rica de baleias. As Putas, tais ou quais, não são más preias, Pícaras, ledas, brandas, carinhosas, Para o jantar as carnes saborosas, O pescado excelente para as ceias. O melão de ouro, a fresca melancia, Que vem no tempo, em que aos mortais abrasa O sol inquisidor de tanto oiteiro. A costa, que o imita na ardentia, E sobretudo a rica e nobre casa Do nosso Capitão Luís Carneiro. Gregório de Matos - séc 17 - Poemas escolhido s, Cultrix notas --   "pícaras" - ardilosas, astutas                    "preias"  -  presas                   "ardentia" - calor intenso       ...

pecador contrito aos pés de cristo crucificado - gregório de matos

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  PECADOR CONTRITO AOS PÉS DE CRISTO CRUCIFICADO Ofendi-vos , meu Deus, é bem verdade, Verdade é, meu Senhor, que hei delinquido, delinquido vos tenho, e ofendido, ofendido vos tem minha maldade. Maldade, que encaminha a vaidade, Vaidade, que todo me há vencido, Vencido quero ver-me e arrependido, Arrependido a tanta enormidade. Arrependido estou de coração, De coração vos busco, dai-me abraços, Abraços, que me rendem vossa luz. Luz, que claro me mostra a salvação, A salvação pretendo em tais braços, Misericórdia, amor, Jesus, Jesus! GREGÓRIO DE MATOS E GUERRA - séc 17 poeta assume pecados perante cristo e busca salvação pelo arrependimento. ele -- o eu lírico -- deseja ser acolhido e trata a divindade como uma figura próxima, daí o que se costuma ler dos críticos é que o estilo barroco costuma ser uma espécie de mistura de antropocentrismo e teocentrismo. trata-se de um soneto: 14 versos e com métrica (dez sílabas poéticas por verso) ao inciar verso com o final do anterior, temos ...

pergunta-se neste problema qual é maior, se o bem perdido na posse ou o que se perde antes de lograr... -- gregório de matos

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  PERGUNTA-SE NESTE PROBLEMA, QUAL É MAIOR, SE O BEM PERDIDO NA POSSE OU O QUE SE PERDE ANTES DE SE LOGRAR? DEFENDE O BEM JÁ POSSUÍDO Quem perde o bem que teve possuído,  A morte não dilate ao banimento,  Que esta dor, esta mágoa, este tormento  Não pode ter tormento parecido.  Quem perde o bem logrado, tem perdido O discurso, a razão, o entendimento:  Porque caber não pode em pensamento  esperança de ser restituído  Quanto fosse a esperança alento à vida, Té nas faltas do bem seria engano  O presumir melhoras desta  sorte.  Porque onde falta o bem, é homicida  A memória, que atalha o próprio dano,  O refúgio, que priva a mesma morte.  GREGÓRIO DE MATOS E GUERRA [ séc 17 ] . . . . . . . .  .  .  .  .  .  .   .    .    . nota   -     " atalha ": diminui; encurta                 " lograr ":  ob...

ao bom governador antônio luís - soneto caudático - gregório

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  AO BOM GOVERNADOR ANTÔNIO LUÍS * [ soneto caudático ] O Apolo, de ouro fino coroado: O Marte, em um Adônis desmentido; O Fênix, entre aromas renascido; O cisne, em doces cláusulas banhando: O abril, de mil galas matizado; O maio, de mil cores guarnecido; O Parnaso, de plectros aplaudido; E o Sol, de ambos os mundos venerado: O prodígio maior, que tudo o clama, O assunto melhor da fama digno; Do tronco mais ilustre a melhor rama: O herói celestial, quase divino, O maior que o seu nome, e a sua fama; É esse que estás vendo, oh peregrino. Prossegue pois agora o teu destino; E a qualquer de que fores perguntado, Dirás que o bom governo é já chegado   GREGÓRIO DE MATOS E GUERRA *     antônio luís menezes - governou de 1684 a 87 [prestou assistência ao povo doente] . . . . . . . .  .  .  .  .  .  .  .  .  .   .   .   .   . - apesar dos elementos da mitologia grega (apolo, marte etc),...

descreve a vida escolástica - gregório do matos

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  DESCREVE A VIDA ESCOLÁSTICA Mancebo sem dinheiro, bom barrete, Medíocre o vestido, bom sapato, Meias velhas, calção de esfola-gato, Cabelo penteado, bom topete. Presumir de dançar, cantar falsete, Jogo de fidalguia, bom barato, Tirar falsídia ao Moço do seu trato, Furtar a carne à ama, que promete. A putinha aldeã achada em feira, Eterno murmurar de alheias famas, Soneto infame, sátira elegante. Cartinhas de trocado para a Freira, Comer boi, ser Quixote com as Damas, Pouco estudo, isto é ser estudante.  [Gregório de Matos - Poemas escolhidos , ed Cultrix] * esfola-gato - provavelmente brincadeira entre jovens, região do minho, portugal * falsídia - mentira   soneto do século 17: barroco. satiriza e desmerece a vida do estudante, uma vez que não havia universidade, no brasil. pode ser uma referência ao jovem da afamada escola de jesuítas (1553-1759), em salvador, por onde passou gregório. o estudante, no soneto, é desprezível, porque faz graça com freira, se envolve co...

conselho para quem quiser viver na bahia estimado e procurado por todos - gregório de matos

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Quem cá quiser viver, seja um gatão, Infeste toda a terra, invada os mares, Seja um Chegay , ou um Gaspar Soares, E por si terá toda a Relação. Sobejar-lhe-á na mesa vinho, e pão, E siga, os que l he dou, por exemplares, Que a vida passará sem ter pesares, Assim como os não tem Pedro de Unhão Quem cá se quer meter a ser sisudo Um Gil nunca lhe falta que o persiga, E é mais aperreado que um cornudo. Coma, beba, e mais furte e tenha amiga, Porque o nome d' EI-Rei dá para tudo A todos, que El-Rei trazem na barriga . . . .  .  .  .   .  .  .  .   .   .    . pedro de unhão salvador, 1690, residia o desembargador pedro de unhão castelo branco; hoje abriga o museu de arte moderna, bahia gil provável referência a gil vicente, dramaturgo satírico português - séc 16 chegay e gaspar provavelmente, figuras com poder político, em salvador . . . . . . . . .  .  .  ....

Descreve com galharda propriedade o labirinto confuso de suas desconfianças - gregório de matos

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Descreve com galharda propriedade o labirinto  confuso de suas desconfianças Ó caos confuso, labirinto horrendo, Onde não topo luz, nem fio achando, Lugar de glória, aonde estou penando, Casa da morte, aonde estou vivendo! Ó voz sem distinção, Babel tremendo, Pesada fantasia, sono brando, Onde o mesmo, que toco, estou sonhando, Onde o próprio, que escuto, não entendo! Sempre és certeza, nunca desengano, E a ambas propensões, com igualdade No bem te não penetro, nem no dano. És ciúme martírio da vontade, Verdadeiro tormento para engano, E cega presunção para verdade. . . . . . . . . . . . . . . . . . .  .  .  .  .  .  .  .   .   .   .    . poema de caráter subjetivo, lírico e reflexivo pessimista . . . . . . . . . . . . . . . .  .  .  .  .  .  .  .  .  .   .   . notas -      Babel – ...

queixa-se o poeta da plebe ignorante e perseguidora das virtudes - gregório de matos

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QUEIXA-SE O POETA DA PLEBE IGNORANTE E PERSEGUIDORA DAS VIRTUDES Que me quer o Brasil que me persegue? Que me querem pagastes que me invejam? Não veem que os entendidos me cortejam, E que os nobres é gente que me segue? Com seu ódio a canalha que consegue? Com sua inveja os néscios que motejam? Se quando os néscios por meu mal mourejam Fazem os sábios que a meu mal me entregue. Isto posto, ignorantes e canalha, Se ficam por canalha e ignorantes No sol das bestas a roerem a palha: E se os Senhores nobres e elegantes Não querem que o soneto vá de valha, Não vá, que tem terríveis consoantes. . . . . . . . . .  .  .  .  .  .  .  .  .   .   .    . - poeta expõe sua indignação com quem lhe censura - o alvo é a elite (senhores nobre e elegantes) notas - - - - - - - - - - -  -  -  -  -   -   -  néscio ignorante canalha patife; mise...

lista de leitura fuvest 2020 com gregório de mattos

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confira a nova lista de leitura para os exames de novembro 2019 (primeira fase) e janeiro 2020, da usp - - fuvest Poemas Escolhidos,  Gregório de Matos Quincas Borba,  Machado de Assis Claro Enigma,  Carlos Drummond de Andrade Angústia,  Graciliano Ramos A Relíquia,  Eça de Queirós Mayombe,  Pepetela Sagarana,  Guimarães Rosa O Cortiço, Aluísio Azevedo Minha Vida de Menina, Helena Morley

barroco é tudo

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uma das fases mais marcantes de nossa história da arte, depois da idade média, o barroco mais liberta que condena... condenar no sentido de impulsionar ao academicismo,  se é que me entendem... é possível gostar do estilo mesmo sendo leigo, jejuno no tema. gente como bach, aleijadinho, velasquez, gregório de mattos, bernini e tantos outros, nos arrastam para emoções sempre  diversas... é bom é barroco