Mostrando postagens com marcador posso. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador posso. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 29 de abril de 2021

pergunta-se neste problema qual é maior, se o bem perdido na posse ou o que se perde antes de lograr... -- gregório de matos

 

PERGUNTA-SE NESTE PROBLEMA, QUAL É MAIOR, SE O BEM PERDIDO NA POSSE OU O QUE SE PERDE ANTES DE SE LOGRAR? DEFENDE O BEM JÁ POSSUÍDO

Quem perde o bem que teve possuído, 
A morte não dilate ao banimento, 
Que esta dor, esta mágoa, este tormento 
Não pode ter tormento parecido. 

Quem perde o bem logrado, tem perdido
O discurso, a razão, o entendimento: 
Porque caber não pode em pensamento
 esperança de ser restituído 

Quanto fosse a esperança alento à vida,
Té nas faltas do bem seria engano 
O presumir melhoras desta  sorte. 

Porque onde falta o bem, é homicida 
A memória, que atalha o próprio dano, 
O refúgio, que priva a mesma morte. 

GREGÓRIO DE MATOS E GUERRA [ séc 17 ]

. . . . . . . .  .  .  .  .  .  .   .   .    .

nota  -     "atalha": diminui; encurta
                "lograr":  obter; alcançar
            

o título pergunta o que seria maior: o bem vivido e perdido ou aquilo que se perde sem ter havido a chance de alcançar. pois lá mesmo, o poeta defende que o problema maior é perder o que se viveu.
na primeira estrofe, enfatiza o poeta que não pode haver tormento parecido com uma perda dessas.

soneto que tematiza a perda de um bem, possivelmente um amor. o eu lírico reforça ideia de que quem o perde não consegue reavê-lo

a memória diminuiria o problema, uma vez que resgataria o bem, via pensamento