PERGUNTA-SE NESTE PROBLEMA, QUAL É MAIOR, SE O BEM PERDIDO NA POSSE OU O QUE SE PERDE ANTES DE SE LOGRAR? DEFENDE O BEM JÁ POSSUÍDO
Quem perde o bem que teve possuído,
A morte não dilate ao banimento,
Que esta dor, esta mágoa, este tormento
Não pode ter tormento parecido.
Quem perde o bem logrado, tem perdido
O discurso, a razão, o entendimento:
Porque caber não pode em pensamento
esperança de ser restituído
Quanto fosse a esperança alento à vida,
Té nas faltas do bem seria engano
O presumir melhoras desta sorte.
Porque onde falta o bem, é homicida
A memória, que atalha o próprio dano,
O refúgio, que priva a mesma morte.
GREGÓRIO DE MATOS E GUERRA [ séc 17 ]
. . . . . . . . . . . . . . . . .
nota - "atalha": diminui; encurta
"lograr": obter; alcançar
o título pergunta o que seria maior: o bem vivido e perdido ou aquilo que se perde sem ter havido a chance de alcançar. pois lá mesmo, o poeta defende que o problema maior é perder o que se viveu.
na primeira estrofe, enfatiza o poeta que não pode haver tormento parecido com uma perda dessas.
a memória diminuiria o problema, uma vez que resgataria o bem, via pensamento