quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

queixa-se o poeta da plebe ignorante e perseguidora das virtudes - gregório de matos




QUEIXA-SE O POETA DA PLEBE IGNORANTE E PERSEGUIDORA DAS VIRTUDES

Que me quer o Brasil que me persegue?
Que me querem pagastes que me invejam?
Não veem que os entendidos me cortejam,
E que os nobres é gente que me segue?
Com seu ódio a canalha que consegue?
Com sua inveja os néscios que motejam?
Se quando os néscios por meu mal mourejam
Fazem os sábios que a meu mal me entregue.
Isto posto, ignorantes e canalha,
Se ficam por canalha e ignorantes
No sol das bestas a roerem a palha:
E se os Senhores nobres e elegantes
Não querem que o soneto vá de valha,
Não vá, que tem terríveis consoantes.
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- poeta expõe sua indignação com quem lhe censura
- o alvo é a elite (senhores nobre e elegantes)

notas - - - - - - - - - - -  -  -  -  -   -   - 

néscio
ignorante

canalha
patife; miserável; infame

mourejar
trabalhar muito; suar

consoante
harmonioso; afinado; ajustado; rima

motejar
grecejar; escarnecer; sugerir motes
para desenvolver poemas

vá de valha
o soneto vai além do que está registrado

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