domingo, 2 de agosto de 2020

jogo de cartas marcadas - ruy castro #6





jornalista, escritor, respira literatura.

não é dos mais aplaudidos porque fez pouca ficção.

país tem má vontade com quem não é parnasiano ou não se chame drummond.

ruy é escritor.
texto dinâmico e veste a narrativa sem metáforas dispensáveis.

quinta-feira, 30 de julho de 2020

aulas presenciais não devem voltar em 2020



final de julho, 2020

mortes aumentam, no país, via covid-19.
há mais relaxamento da quarentena.
governantes de toda ordem -- em sua maioria -- não adotaram lockdown. exceções há, como em algumas cidades do ceará e rio grande do sul, dentre outras poucas.

aqui, no sudeste, há movimentação para retorno às aulas em setembro. palavras do governo do estado de são paulo, por exemplo.
dá-se o nome de retorno gradual, assim como o termo rodízio é usado. um número também aparece: 35. trinta e cinco por cento de estudantes, nas salas. posteriormente, na etapa dois, setenta por cento. até cem.

podem usar nomes, números, eufemismos. mas o que se tem é aglomeração sem testes. aglomeração, em tempos de covid, também é conhecida como chance de infecção. morte.

em nome de que essa sanha pelo retorno? há vacina? haverá lockdown no estado todo? testes serão feitos? então, por que voltar?

tudo isso me lembra a moeda de vespasiano.
mas não vou me desgastar explicando isso agora não.

terça-feira, 28 de julho de 2020

duas dores


julho, 28, 2020
hoje, faleceu rodrigo rodrigues, jornalista boa gente, uma referência.

já existe a dor das milhares de mortes que impedem minha respiração ser normal.
agora, esta. a morte, em decorrência do covid-19, do televisivo, midiático rodrigo rodrigues.
duas dores.

já perdi pessoas próximas, como qualquer ser humano, na minha idade. interessante como a gente se projeta em outras figuras da mídia. nem posso dizer que era fã. os fãs perseguem, acompanham fofocas, se vestem igual, imitam, expõem idolatria, é comum. não era isso. era mesmo o prazer de respeitar a felicidade alheia.
esta dor é nítida, desde ascensão do ultra conservadorismo, por aqui, poucos anos atrás. o ódio, os golpes contra a democracia. isso dói. 
a morte de rodrigo (chamado "RR") é uma tristeza que precisa servir de ânimo. algum ânimo. é a pandemia? é a vontade de poder abraçar mais minha gente? é meu estado de saúde mental delicado? tudo isso junto, certeza.
humanidade é mesmo necessária. não pode ser só da boca pra fora.
claro que na minha cabeça se houvesse mais controle dessa merda de doença, muitas vidas seriam poupadas... mas eu sei que não é isso que conta, no universo consumista e fascista que se transformaram muitas administrações públicas.

vai passar. uma hora passa.
alguma dor precisa nos mostrar um caminho.

hoje, são duas.


segunda-feira, 27 de julho de 2020

morte de orfeu - olavo bilac


A MORTE DE ORFEU


Houve gemidos no Ebro e no arvoredo,
Horror nas feras, pranto no rochedo;
E fugiram as Mênadas, de medo,
Espantadas da própria maldição.

Luz da Grécia, pontífice de Apolo,
Orfeu, despedaçada a lira ao colo,
A carne rota ensanguentando o solo,
Tombou... E abriu-se em músicas o chão...

A boca ansiosa um nome disse, um grito,
Rolando em beijos pelo nome dito:
“Eurídice”, e expirou... Assim Orfeu,

No último canto, no supremo brado,
Pelo ódio das mulheres trucidado,
Chorando o amor de uma mulher, morreu...

                                                                  [ TARDE - O Bilac ]
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orfeu - mito ligado à música: buscou recuperar sua amada morta – eurídice – no hadesmundo dos mortos  - - não consegue!

recusando-se a amar qualquer outra mulher, orfeu é morto pelas mênadas (bacantes) - - é enterrado às margens do rio ebro

. . . . . .  .  .  .  .  .  .  .   .   .

soneto erudito, estilo parnasiano : forma fixa, vocabulário raro

está contido no livro "tarde", 1918

descrição espalhafatosa da agonia e morte do mito orfeu


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QUESTÕES PARA ANIMAR SUA AULA:

- por que orfeu era importante, na mitologia?

- a arte de orfeu é necessária, ainda hoje, de que maneira?

- por que o mito músico não conseguiu sucesso na busca de eurídice?

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os poemas de bilac, em sua maioria, não são feitos para provocar reflexões

o tema clássico dá um caráter supostamente altivo ao texto e, consequentemente, a seu autor. é pouco

saiba mais:


sexta-feira, 24 de julho de 2020

domingo, 19 de julho de 2020

jogo de cartas marcadas - vieira #5



superestimado por quem não leu e também por quem leu.
é, como camões ou saramago, pilar da literatura portuguesa.

às vezes, acho que ele é mais comentado que lido.
saiba mais!

clica e aprende


quarta-feira, 15 de julho de 2020

conselho para quem quiser viver na bahia estimado e procurado por todos - gregório de matos



Quem cá quiser viver, seja um gatão,
Infeste toda a terra, invada os mares,
Seja um Chegay, ou um Gaspar Soares,
E por si terá toda a Relação.

Sobejar-lhe-á na mesa vinho, e pão,
E siga, os que lhe dou, por exemplares,
Que a vida passará sem ter pesares,
Assim como os não tem Pedro de Unhão

Quem cá se quer meter a ser sisudo
Um Gil nunca lhe falta que o persiga,
E é mais aperreado que um cornudo.

Coma, beba, e mais furte e tenha amiga,
Porque o nome d'EI-Rei dá para tudo
A todos, que El-Rei trazem na barriga

. . . .  .  .  .   .  .  .  .   .   .    .

pedro de unhão
salvador, 1690, residia o desembargador pedro de unhão castelo branco; hoje abriga o museu de arte moderna, bahia

gil
provável referência a gil vicente, dramaturgo satírico português - séc 16

chegay e gaspar
provavelmente, figuras com poder político, em salvador
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soneto do século 17 faz delação dos vícios da vida política de salvador: aqueles que possuem poder terão conforto, podendo até roubar
por isso, aos que são imorais, nunca faltará um gil que o persiga, ou seja, sempre haverá um escritor satírico a denunciar crimes

gregório é o primeiro escritor que faz denúncia social, na literatura brasileira






segunda-feira, 13 de julho de 2020

sophia de melo breyner andresen - livro sexto



LIVRO SEXTO
sophia de melo breyner andresen [1919 - 2004]

  • versos que se referem ao mar, constantemente
  • poesia predominantemente lírica
  • fez homenagem a fernando pessoa
  • buscou o universal dentro da história portuguesa
  • século 20


mesmo que fale somente de pedras ou de brisa, a obra do artista vem sempre dizer-nos isso: que não somos apenas animais acossados na luta pela sobrevivência mas que somos, pelo direito natural, herdeiros da liberdade e da dignidade do ser 
                                                         [sophia - posfácio - livro sexto]


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assista-me



sexta-feira, 10 de julho de 2020

jogo de cartas marcadas - drummond #4



jogo de cartas marcadas sim. o mineiro de itabira escreveu demais, publicou demais, poderia ter sido mais econômico, menos verborrágico. mas cada um, cada um.

tem lá seu "máquina do mundo", bom texto. fez aquele "no meio do caminho", no primeiro livro que o fez popular. nem "áporo" -- seu melhor poema -- é tão comentado quanto esse da pedra. é pouco, convenhamos.


terça-feira, 7 de julho de 2020

ignorância é a verdadeira pandemia


                     [ dahmer, 2020, folha de s paulo ]

"carpe diem" é expressão comum a quem estuda, nas literaturas latinas, o século 18, principalmente.
a expressão é anterior a isto, diga-se, mas ganhou fama no iluminismo, através da poesia de caráter pastoril, ligada ao viver de modo rústico, na contemplação etc etc. o resto em claudio manuel da costa ou alguns poemas do gonzaga.

neste início de julho, 2020, teve quem usasse esta expressão latina para ir à rua, cometer as aglomerações em bares pelo país, simplesmente porque a vontade mandou e o individualismo consagrou.

desde meados dos anos 1990, população ocidental vendo dando de ombros para instituições seculares como universidades, bibliotecas, parte da imprensa... 
pessoas -- já disse noam chomsky -- não creem nos fatos, não acreditam em pessoas, por que iriam repetir que a terra é redonda, que o vírus xis mata, que nazismo é de direita... por quê? 

é tenebroso como a ignorância é mãe da violência.
a ignorância é a verdadeira pandemia.

é disso que morremos, cada dia.

sexta-feira, 3 de julho de 2020

amoras - emicida e as crianças




amoras
emicida e aldo fabrini

vou dizer: não existe livro para crianças, por si só.
existem livros para pessoas experientes, nessa arte, e para quem está iniciando no processo de leitura. 

leitura para todas as idades, "amoras" é livro pra ser lido em voz alta.
pode sim, ser lido para uma criança. 
garota e um adulto -- provavelmente pai, padrasto, tio ou similar -- passeiam no quintal e este diz a ela que as amoras mais pretinhas são as mais doces. daí, a menina conclui: "sou pretinha também". 

com poesia e simplicidade, é feita sugestão para que se conheça zumbi de palmares e martin luher king, além de cassius clay. 

vidas pretas importam

amoras
vale a pena



quarta-feira, 1 de julho de 2020

jogo de cartas marcadas - clarice #3





unanimidade entre críticos e leitores -- um perigo, isso -- clarice é ginástica para o cérebro.

imperdível.

saiber mais? clica e assiste


domingo, 28 de junho de 2020

junho 2020 - lockdown necessário





junho 2020, últimos dois dias.
perto de 60 mil mortos, no país.
em campinas, mais de sete mil casos, perto de duzentos mortos.

pessoas estão nas ruas. comércio força situação para reabrir.

governos estaduais, municipais e federal não fazem lockdown.
ao contrário, há campanhas para retorno de restaurantes, futebol e até volta às aulas!

por quê? porque governantes, em geral, assumiram compromissos com conglomerados econômicos, não com eleitores. parte da imprensa também.

por que não fazer lockdown e achatar um pouco a curva ascendente de mortes?
... negócios!

há, ainda, quem possa ficar em casa e ache que ir ao açougue, padaria, mercado está tudo bem.
há quem não use máscara para levar o lixo na rua ou o cachorro pra calçada.
há quem ainda apoie o silêncio e a falta de ação de governo federal ao não chamar para si a questão do lockdown.

a falta de educação política e cidadã de muita gente com diploma na parede e função de educador é parte da causa desse horror. educadores de várias áreas que não tratam desse assunto com seus alunos, deixando para professores de história ou português o pacote do assunto.

individualismo é pior do que a burrice. porque, quem não sabe algo, sempre tem a chance de perguntar. já o egoísta, fundamentalista de qualquer ordem, esse é o idiota, é o que atrapalha.

individualismo, ignorância, preconceito e ambição geraram a desgraça de hoje e que, pelo jeito, ainda vai piorar.

já que governantes -- em sua maioria -- não farão movimentos, hoje, para minimizar as contaminações, fique você em casa e discuta sim com quem sai e poderia ficar. 

amanhã, pode não haver vida para próxima festa junina.



sexta-feira, 26 de junho de 2020

o que é literatura



literatura é arte com palavras.

pode ser: arte da palavra escrita ou falada.

tudo o que está escrito no universo não pode ser chamado "literatura".

placa de trânsito, bula de remédio, mapas, receita de bolo, notícias da imprensa em geral ou resumo da guerra dos cem anos, nada disso é arte, porque busca um sentido apenas. busca-se a objetividade.
é o tal sentido denotativo das expressões.


literatura é o texto que procura causar estranhamento no leitor ou ouvinte.

o texto -- prosa ou verso -- apresenta mais de um sentido.
é o tal sentido conotativo das expressões.

saiba mais:

terça-feira, 23 de junho de 2020

jogo de cartas marcadas - álvares de azevedo #2





sim, a ideia é fazer uma homenagem a alguns escritores, escritoras... houve quem fosse superestimado... subestimado ou mesmo quase esquecido.

aqui, no jogo das cartas marcadas, vamos mostrar muita gente!

saber mais?

clica para assistir


sexta-feira, 19 de junho de 2020

campo geral - guimarães rosa






Num círculo, o centro é naturalmente imóvel; mas, se a circunferência também o fosse, não seria ela senão um centro imenso.

                                                                              [ epígrafe ]

"manuelzão e miguilim" são duas narrativas que fazer parte do conjunto de textos que rosa chamou "corpo de baile".

para história de miguilim, uma narrativa chamada "campo geral"

na última história (rosa escreve "estória") de "corpo de baile", chamada "buriti", miguilim -- agora miguel -- ressurge, adulto, se casa com glória.

de modo bem resumido, o ciclo que se inicia em "campo geral", com miguel menino, vai se fechar em "buriti".

no meio dessas duas narrativas, há vários outros contos, como "cara de bronze", "recado do morro", "a história de lélio e lina", dentre outras.

"campo geral" - - história que se desenvolve em torno de uma família patriarcal que se desintegra, se desfaz tragicamente.

narração em terceira pessoa, mas o ponto de vista é o de miguilim.

cenário: sertão do mutum (repare que é possível ler o nome de trás pra diante)

três relações são importantes:  dito e miguilim; bernardo e nhanina; terêz e nhanina.

pela família, ainda vó izidra, os irmãos liovaldo, tomezim, drelina e chica, além do dito, o preferido de miguilim.

vó izidra contrasta com mãitina, pela religiosidade. a avó é católica e mãitina diziam, ter sido escrava fugida, falava por vezes l
íngua estranha, acreditava em misticismos e, por vezes, se embebedava. é ela quem ajuda miguilim a superar o sofrimento pela morte do dito.
mãitina, pelo perfil, lembra sancha, personagem negra de "a falência", julia lopes.

em meio a pássaros e cães, havia o gato sossõe, cachorra pingo-de-ouro e o papagaio papaco-o-paco, na família.

miguilim era apegado ao irmão dito, mais novo, que morreu de tétano, deixando o irmão triste demais.

o menino alimenta raiva monstruosa do pai. sua mãe o afasta, enviando para morar um tempo com vaqueiro salúz. na volta, está mais carrancudo, nem toma bênção.

pai de miguilim é violento, mata luisaltino e, depois, se enforca.

nesta narrativa, um elemento diferente do meio surge: lourenço, médico, de curvelo, que estava de passagem por causa de uma caçada, na vereda do tipá. ele reparou que miguilim espremia os olhos, então, lhe deu uns óculos e o menino ficou deslumbrado, achando tudo mais claro e bonito.

a frase emblemática, deste final da narrativa é, com posse dos óculos, miguilim diz: "tio terez parece pai".


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quarta-feira, 17 de junho de 2020

jogo de cartas marcadas - fernando pessoa #1



difícil fazer lista, ranking, quando o tema é subjetivo.
mas eu gosto.

e com fernando pessoa, tarefa fica mais simples.

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