Mostrando postagens com marcador coração. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador coração. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 8 de junho de 2022

as rosas não falam - cartola - comentário

                    

     AS ROSAS NÃO FALAM
        Cartola  [1908 - 80]

 Bate outra vez
 Com esperanças o meu coração
 Pois já vai terminando o verão
 Enfim
 Volto ao jardim
 Com a certeza que devo chorar
 Pois bem sei que não queres voltar
 Para mim
 Queixo-me às rosas
 Que bobagem as rosas não falam
 Simplesmente as rosas exalam
 O perfume que roubam de ti, ai
 Devias vir
 Para ver os meus olhos tristonhos
 E, quem sabe, sonhavas meus sonhos
 Por fim
 
  . . . . . . . . .  .  .  .   .   .

saudade é o tema deste samba de cartola. qual a queixa do poeta? resposta: desilusão amorosa. o eu lírico divide com as rosas a tristeza que sente pela ausência da pessoa amada. o coração dá o tom -- vermelho -- à sensação, ou seja, ele vê, na rosa, o seu coração ferido e tenta falar com a pessoa amada, mas é inútil. as rosas -- cor avermelhada -- acentuam o estado emotivo do poeta que sonha com a volta de seu amor. para compensar a solidão e a tristeza, as rosas exalam o perfume que lembra a pessoa querida. ao final, a voz poética deixa recado a ela, pedindo que venha vê-lo outra vez para, de repente, sonhar com ele.

agenor de oliveira, nascido em cantagalo, rio de janeiro, 1908. falecido na mesma cidade, em 1980. torcedor do fluminense. um dos fundadores da escola de samba estação primeira de mangueira. o apelido "cartola" veio dos tempos em que trabalhou como pedreiro e, para proteger-se, usava chapéu. 






quinta-feira, 30 de setembro de 2021

sinfonia - olavo bilac - tarde

 


    SINFONIA

 Meu coração, na incerta adolescência, outrora,
 Delirava e sorria aos raios matutinos,
 Num prelúdio incolor, como o alegro da aurora,
 Em sistros e clarins, em pífanos e sinos. 

 Meu coração, depois, pela estrada sonora
 Colhia a cada passo os amores e os hinos,
 E ia de beijo a beijo, em lasciva demora,
 Num voluptuoso adágio em harpas e violinos. 

 Hoje, meu coração, num scherzo de ânsias, arde
 Em flautas e oboés, na inquietação da tarde,
 E entre esperanças foge e entre saudades erra... 

 E, heróico, estalará num final, nos clamores
 Dos arcos, dos metais, das cordas, dos tambores,
 Para glorificar tudo que amou na terra!

      [BILAC, Olavo. Tarde, 1919]

   nota 
  scherzo - peça musical ligeira, alegre
  . . . . . . . .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .   .

último poema do livro "tarde", "sinfonia" anucia o fim de uma obra, o fim da música. ou seja, o final da vida e dos trabalhos poéticos. 
é um soneto dodecassílabo: doze sílabas poéticas.
de fato, "tarde" foi mesmo último trabalho de olavo bilac.
o coração ainda pulsa como num "scherzo", ou seja, um pouco de alegria. mas, no futuro "estalará".

eu lírico afirma que seu coração "estalará" ao final, isto é, morrerá em meio aos sons que glorificarão "tudo que amou", ou seja, sua obra também será divinizada. é muita pretensão. mas, houve quem aplaudisse, isso é fato.

. . . . . . . . . . . .  .  .  .   .

   @carneiro_liter  - - siga-nos

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

coração cabeça e estômago - vestibular 2018





camilo castelo branco, escritor português do século 19. montou uma narrativa interessante desancando com o estilo romântico piegas de um certo silvestre da silva.
é assim:
narrado em terceira pessoa por um editor, o livro conta a vida de silvestre da silva, cujas histórias amorosas estavam em cadernos manuscritos. com a morte de silvestre, o tal editor acreditou que poderia saldar algumas dívidas do falecido com a renda obtida depois da publicação do livro "coração, cabeça e estômago", de silvestre.
a narrativa está justamente dividida nessas três partes como se lê no título.
este sujeito é um sonhador, mau poeta e vulnerável às paixões. vai sofrer. logo na primeira parte das três, ele narra como se apaixona por nove mulheres. 


quer saber o resto ?

assista-me!