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Mostrando postagens de janeiro, 2024

vacas são bússolas vivas

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  neste século 21, cientistas alemães descobriram que as vacas pastam viradas para o norte. não todas, só as normais. é uma tendência, seguindo uma espécie de magnetismo. os estudiosos dessas picanhas vivas, h. burda e sabine begall, levaram anos observando as mimosas e o senso magnético parece mesmo fato consumado. pastam para o norte. de repente, estariam à espera da grande aurok, a vaca ancestral, que um dia voltaria para salvar as que mugem e mascam. o problema é que, pelo brasil, o número de vacas aumenta na mesma proporção que os territórios indigenas diminuem. culpa do homo sapiens. o ser humano, como você deve conhecer, também tem senso magnético, apesar de que poucos são os que pastam. muitos eu já mandei pastar. outros, nem precisei.  olhem, de certa forma, melhor é compreender a natureza das coisas, mesmo que você não saiba onde fica o norte.   . . . . . . .  .  .  .  .   .   .    .    .

uma estátua para arlette

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  [ arlette ] início do século 21. o rio de janeiro ganha mais uma estátua de notório valor: clarice lispector. chamo atenção para quatro figuras públicas e que não são cariocas: cristo, drummond, clarice e dorival caymmi. todos com estátua, na cidade maravilhosa. por outro lado, o carioca mais famoso do mundo, agenor oliveira   -- o cartola --, não ganhou o mesmo agrado. olhem, até romário tem estátua... vejam que cariocas ilustres como tom jobim, noel e machado de assis, ganharam o mimo também. e glória maria? para ela, nada de estátua... também estão na fila, pelo menos até a publicação desta crônica, fluminenses brilhantes: chiquinha gonzaga, dona ivone lara e arlette pinheiro. sim, arlette, mais conhecida pelo pseudônimo: fernanda montenegro.

além do ponto - caio fernado abreu - comentário

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                                                      caio fernando abreu (1948-1996) início da narrativa "além do ponto" -- caio f abreu: Chovia, chovia, chovia e eu ia indo por dentro da chuva ao encontro dele, sem guarda-chuva nem nada, eu sempre perdia todos pelos bares, só levava uma garrafa de conhaque barato apertada contra o peito, parece falso dito desse jeito, mas bem assim eu ia pelo meio da chuva, uma garrafa de conhaque na mão e um maço de cigarros molhados no bolso (...)  - [ m or ang os m ofad os ]   . . . . . . .  .  .  .  .  .  .  .   .    . o narrador caminha pela chuva com cigarro e garrafa, na cidade que parece não colaborar com a caminhada. carros espirram lama em seu corpo. mas, segundo a narração, é preciso ir ao encontro dele, de alguém que supostamente o espera e ...

ribeirão preto 1981 ensino médio

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  lembro desta foto, era novembro, últimos dias de aula. 1981,  segunda série "g", ensino médio. escola: curso oswaldo cruz, na rua américo brasiliense, ribeirão preto. falta mais gente aí, lembro fernando, katia, ligia... e outros tantos mais. na foto: da esquerda para direita, ao fundo, francisco, eu (camisa escura) e paulo sérgio (camisa branca); no segundo degrau: taís (blusa vermelha) -- fazendo chifrinho na coleguinha --, alessandra, ivana, maria e washington; sentadas: cristiane, agnes e miriam manini (in memorian). os nomes peguei no verso da fotografia porque, na ocasião, eu mesmo tive o cuidado de colocar. não sei o rumo de quase todos, com exceção de miriam (falecida, 2020) e eu mesmo, por aqui, campinas, com aulas de literatura. os demais, será que viram esta foto, na época? era tão difícil -- e caro -- fazer cópias... eu gostava de praticamente todo mundo, achava tudo lindo porque também era meu segundo ano em uma escola privada, começava a gostar mesmo de escrev...

o cais em pessoa : durban dentro dele

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  um dos primeiros portugueses que, oficialmente, deixou sua marca por durban, áfrica do sul, foi bartolomeu dias, em 1488. no mesmo lugar, viveu parte da adolescência, o poeta fernando pessoa. ele chegou em 1896, em função do trabalho do padrasto, o cônsul joão rosa. na cidade de durban, pessoa escolheu um heterônimo: c.r. anon (brincadeira com "anônimo"). em 1905, o português das múltiplas personalidades deixava a áfrica do sul. na cidade, há um relógio em sua memória e uma estátua para bartolomeu dias, a quem pessoa dedicou versos:       Jaz aqui, na pequena praia extrema    O Capitão do Fim     Dobrado o Assombro,     O mar é o mesmo:     Já ninguém o tema!                         (...)                  [in "M ensage m"]    . . . . . . .  .  .  .  .  ....

diálogo - caio f abreu - comentário

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                                                          caio fernando abreu [1948-96] " diálogo ", do livro "morangos mofados", texto em discurso direto, na estrutura de um drama, uma peça teatral. veja as primeiras linhas e o final: A: Você é meu companheiro.  B: Hein?  A: Você é meu companheiro, eu disse.  B: O quê?  A: Eu disse que você é meu companheiro.  B: O que é que você quer dizer com isso?  A: Eu quero dizer que você é meu companheiro. Só isso.  B: Tem alguma coisa atrás, eu sinto.  A: Não. Não tem nada. Deixa de ser paranóico.  (...) A: Eu quero que você seja meu companheiro, eu disse.  B: O quê?  A: Eu disse que eu quero que você seja meu companheiro.  B: Você disse?  A: Eu disse?  B: Não. Não foi assim: eu disse.  A: O quê?  B: Você é meu co...