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sábado, 13 de janeiro de 2024

o cais em pessoa : durban dentro dele

 

um dos primeiros portugueses que, oficialmente, deixou sua marca por durban, áfrica do sul, foi bartolomeu dias, em 1488. no mesmo lugar, viveu parte da adolescência, o poeta fernando pessoa. ele chegou em 1896, em função do trabalho do padrasto, o cônsul joão rosa. na cidade de durban, pessoa escolheu um heterônimo: c.r. anon (brincadeira com "anônimo").
em 1905, o português das múltiplas personalidades deixava a áfrica do sul.
na cidade, há um relógio em sua memória e uma estátua para bartolomeu dias, a quem pessoa dedicou versos:

    Jaz aqui, na pequena praia extrema
   O Capitão do Fim 
   Dobrado o Assombro, 
   O mar é o mesmo: 
   Já ninguém o tema!

                      (...)

               [in "Mensagem"]

   . . . . . . .  .  .  .  .  .  .   .



sexta-feira, 4 de novembro de 2022

canção - cecília meireles - comentário

 

     CANÇÃO

 Pus o meu sonho num navio
 e o navio em cima do mar;
 — depois, abri o mar com as mãos, 
 para meu sonho naufragar.

 Minhas mãos ainda estão molhadas
 do azul das ondas entreabertas,
 e a cor que escorre dos meus dedos
 colore as areias desertas.

 O vento vem vindo de longe,
 a noite se curva de frio;
 debaixo da água vai morrendo
 meu sonho, dentro de um navio...

 Chorarei quanto for preciso,
 para fazer com que o mar cresça,
 e o meu navio chegue ao fundo
 e o meu sonho desapareça.

 Depois, tudo estará perfeito:
 praia lisa, águas ordenadas,
 meus olhos secos como pedras
 e minhas duas mãos quebradas.

     Cecília Meireles [ Viagem, 1939 ]

  . . . . . . . . . .  .  .   .   .   .   .   .

versos de oito sílabas poéticas, isso mesmo. octassílabos. ritmo regular com um par só de rimas por estrofe.
poema de caráter narativo, uma vez que há lista de ações e a voz de quem fala revela emoção; também de caráter lírico porque há ritmo regular e o apelo semântico desmedido presente no desfecho.
influenciada pelo simbolismo -- final do século 19 e inícios do 20 -- a poesia de cecília, aqui, expõe tristeza sem os exageros do romantismo. é de caráter depressivo, sim, o texto. lembra alguém que desiste de algo importante: o sonho. a bem da verdade, desistir de sonhos não é, necessariamente, algo ruim, mas aqui, é uma ação bem dolorosa, já que os olhos estão secos de tanto choro e mãos quebradas, ao final.
para ter certeza de que o sonho afundado está mesmo seguramente submerso, o eu lírico afirma que chorará muito: as lágrimas serão tantas que farão o mar crescer. haja rivotril. 


domingo, 20 de janeiro de 2019

sagres é memória de pedra





o que aconteceu com a "escola de sagres"?
portimão? o que é? 

por que são importantes?

para saber mais, clica no vídeo:


sexta-feira, 3 de novembro de 2017

o infante - fernando pessoa




        O INFANTE
Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma.
E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.
Quem te sagrou criou-te português.
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!

        F Pessoa - Mensagem 1934

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o poema pertence ao livro "mensagem", originariamente concebido com
o nome "portugal", depois modificado para o que conhecemos hoje. 
participa, o livro todo, de um concurso oferecido pelo governo luso mas
não chega a vencer. a mudança se deu a conselho do amigo cunha dias
que achava o nome jáum pouco vulgarizado, gasto, na época. 
pessoa concordou. "mensagem", de propósito, foi nome escolhido por
ter o mesmo número de letras.
 livro, como um todo, traz relações com o épico de camões,"os
lusíadas", porquehistórico e por  vezes narrativo. contudo sobram
lirismo e caráter reflexivo, marcas impressionistas e até clássicas
(soneto), neste conjunto que, no mínimo se equipara à grandiosidade
 de obras como as de  camões.
"infante" é aquele que há de ser. filho de reis mas não diretamente ligado
ao trono. o texto é dedicado a dom henrique, morto em 1460. 
ele faz referência à rotunda forma do planeta.
a mágoa reinante no desfecho é similar à que se lê em "mar português",
mas bem menos contundente. 
aqui, neste "infante" parece que a vontade de deus ou o sonho  humano
se esfarelou. o mar está, deus é, mas portugal carece de bom destino.
o fim do império luso, reza a lenda, teria começado com o sumiço de
dom sebastião, 1578. não por acaso, nome de um dos poemas deste
"mensagem".
. . . . . . . . . .  .  .  .  .  .   .
saber mais ? assista-me! compartilhe!