"abolição via vargas" tem como cenário a rua direita, em campinas.
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[ beethoven 1770-1827 ]
meus alunos
das segundas séries, ensino médio, têm tarefa auditiva, neste bimeste: ouvir beethoven e arriscar conhecer apelo "romântico" na sinfonia
mais famosa do alemão.
apresentada pela primeira vez, em 1824, austria, a sinfonia n.9, de ludwig van beethoven, corre o planeta pois marca um
apelo à harmonia do gosto popular, para época, e vai durando até agora. muita
gente se refere à obra simplesmente como a “nona”. som retumbante, passagens em
modo “piano” e “alegro ma non troppo” dão ao ouvinte a sensação de aventura e
algum dinamismo.a passagem mais conhecida está no quarto movimento. a sinfonia também é conhecida como “coral”. apesar do quarto movimento ser
o mais famoso, o segundo dá o caráter tenso da obra, com velocidade,
cordas, sopro e percussão.prevalece um certo tumulto de tom aventureiro e heróico, durante a obra, uma
necessidade de mostrar a grandiosidade do ser humano, vivendo em sociedade e
buscando a elevação divina. sobra o sonho de um mundo com as pessoas unidas. hoje isso é clichê. na época, era romantismo.na parte final, o tom agudo do coro marca a necessidade de ascensão, homens,
amigos, unidos junto ao criador.imerso na surdez, a obra é a última do compositor que ficou praticamente todo o
ano de 1823 ocupado em sua construção. uma espécie de síntese de obras
clássicas passadas, a “nona” remete o ouvinte também a um futuro talvez
grandioso, como se percebe pela união do poema de schiller aos acordes de beethoven.
"Olhei no espelho, Ícaro me encarou
Cuidado, não voa tão perto do Sol
Eles num guenta te ver livre, imagina te ver rei
O abutre quer te ver de algema pra dizer: Ó, num falei?!
No fim das conta é tudo Ismália, Ismália
Ismália, Ismália
Ismália, Ismália
Quis tocar o céu, mas terminou no chão
Ismália, Ismália"
se você que me lê é educador, educadora, conheça a letra de emicida, renan e nave. álbum: "amarelo". confere.
falei um pouco sobre o documentário "amarElo", clica:
numa certa altura do sermão da sexagésima, pe. vieira ilumina :
"se o lavrador semeara primeiro trigo, e sobre o trigo semeara centeio, e
sobre o centeio semeara milho grosso e miúdo, e sobre o milho semeara cevada,
que havia de nascer? uma mata brava, uma confusão verde".
é o século 17, só pra constar.
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para usar na escola :
DESCREVE A ILHA DE ITAPARICA COM SUA APRAZÍVEL FERTILIDADE, LOUVA DE CAMINHO O CAPITÃO LUÍS CARNEIRO,HOMEM HONRADO E LIBERAL, EM CUJA CASA SE HOSPEDOU
Ilha de Itaparica, alvas areias, Alegres praias, frescas, deleitosas, Ricos polvos, lagostas deliciosas, Farta de Putas, rica de baleias. As Putas, tais ou quais, não são más preias, Pícaras, ledas, brandas, carinhosas, Para o jantar as carnes saborosas, O pescado excelente para as ceias. O melão de ouro, a fresca melancia, Que vem no tempo, em que aos mortais abrasa O sol inquisidor de tanto oiteiro. A costa, que o imita na ardentia, E sobretudo a rica e nobre casa Do nosso Capitão Luís Carneiro.
Gregório de Matos - séc 17 - Poemas escolhidos, Cultrix
notas -- "pícaras" - ardilosas, astutas
"preias" - presas
"ardentia" - calor intenso
"oiteiro" - pequeno morro com vegetação
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poeta lista as características aprazíveis da praia de itaparica e, nela estão elementos de culinária, assim como pessoas. tratamento dado às mulheres é o pior possível. no século 17 era aceitável. na descrição dos prazeres, o termo "carnes", na segunda estrofe, ganha conotação dúbia: pode ser o pescado, pode ser gente. nessa linha, "melão" e "melancia" tornam-se metáforas de de partes do corpo das mulhres. tudo isso torna a úlitma estrofe bem sarcástica, uma vez que o dono dessa farra toda é o "nobre" e "nosso" capitão luís.
arrisco dizer que emília (boneca de pano de saco) era
mais famosa que iracema, bem mais famosa que capitu ou qualquer outra, desde carmen miranda, rita lee, gisele, elza ou anitta...
na literatura brasileira, lindoia ("uraguay") e marília (aquela mesma, de ouro preto) despontam como musas, mulheres feitas para adoração, contemplação... mas a vida melhora
com rita baiana (do "cortiço"), depois capitu e a recosturada emília
é cereja no bolo da desfaçatez e diversão. uma cria de "frankenstein"
-- à moda tupiniquim --, a boneca tem como trunfo a pílula falante. podia ter a
calante, mas isso é outra história.
há mais mulheres na minha estante, vejo daqui... luísa (primo basílio) -- que
é sem sal, mas deixa a gente curioso; ci ("macunaíma"), helena ("três mulheres..."), paulo emílio); rami ("niketche"); farida ("terra sonâmbula") ou mesmo aquela de "a maçã no escuro"
(clarice). onde quero chegar ? não sei. mulher é mistério.
AS ÁRVORES
Na celagem vermelha, que se banha
Da rutilante imolação do dia,
As árvores, ao longe, na montanha,
Retorcem-se espectrais à ventania.
Árvores negras, que visão estranha
Vos aterra? que horror vos arrepia?
Que pesadelo os troncos vos assanha,
Descabelando a vossa ramaria?
Tendes alma também... Amais o seio
Da terra; mas sonhais, como sonhamos,
Bracejais, como nós, no mesmo anseio...
Infelizes, no píncaro do monte,
(Ah! não ter asas!...) estendeis os ramos
À esperança e ao mistério do horizonte...
[ Olavo Bilac - Tarde, 1919 ]
notas
celagem - aspecto do céu ao fim do dia ou no começo
espectrais - fantasmagóricas
bracejais - mexer, agitar galhos
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[ moon & ba ]
a idade chega e a gente acaba pensando o que é morrer de fato; o que é esse fim, quando vai ser, essas coisas. acho que sempre pensei na morte, mas, ultimamente, com mais regularidade. é da vida pensar na morte, então acostuma-se. deve ser a idade.
esta semana, conversei com alunos e alunas do curso pré-vestibular sobre gil vicente, dramaturgo português, lá do século 16.
num determinado momento, chegamos a "auto da barca do inferno", peça popular, teatro de rua dos mais famosos em língua portugesa. nessa peça, pessoas que morrem, acabam na frente de duas barcas: uma que vai pro céu, outra para o inferno. comandadas pelo anjo e pelo diabo, respectivamente. um dos personagens que chega é o judeu. ele carrega uma cabra consigo.
pausa: na grécia antiga, o termo "tragédia" pode ter se originado da expressão "canção do bode". ele seria sacrificado em honra a dioniso -- assim mesmo, sem o "i" -- dioniso. o que isso significa? após a invasão romana sobre região grega, encontramos a captura desse item da tragédia pelo cristianismo. desta forma, de modo bem maniqueísta, temos a figura do mal -- para os cristãos -- centrada no demônio, cuja representação é um bode. até hoje.
voltando a vicente, século 16.
o judeu é caracterizado como figura desprezível, à medida que carrega consigo o tal bode, símbolo do mal para os cristãos. resultado: o anjo não o recebe, sequer responde os apelos do judeu. e o diabo não quer levá-lo em sua barca! no fim das contas, o diabo acaba tendo pena do judeu e o leva ao inferno, numa prancha atada ao barco, porque, no limite, ele nem poderia entrar na embarcação.
daí, na aula, pensamos sobre racismo, sobre intolerância. ficamos ainda pasmados com tanto caso de violência sobre o outro simplesmente porque esse "outro" é diferente da gente na cor da pele, no modo como se conecta a seus deuses, na maneira como se veste ou como se comporta sexualmente. é bem doloroso.
a escola é sim um lugar de debate sobre esse tema tão caro a história das nossas gentes. mas não só de escola vive o ser humano. é preciso denunciar casos de intolerância; educar nossas crianças e, aí, sim, na sala de aula, debater com estudantes de qualquer idade essa questão das diferenças. dá pra usar a literatura, a arte plástica, o cinema, a ciência, até o próprio pensamento dá pra usar. e denunciar sem medo casos de racismo. não ficar neutro. só detergente é neutro. você não.