canção - cecília meireles - comentário

CANÇÃO Pus o meu sonho num navio e o navio em cima do mar; — depois, abri o mar com as mãos, para meu sonho naufragar. Minhas mãos ainda estão molhadas do azul das ondas entreabertas, e a cor que escorre dos meus dedos colore as areias desertas. O vento vem vindo de longe, a noite se curva de frio; debaixo da água vai morrendo meu sonho, dentro de um navio... Chorarei quanto for preciso, para fazer com que o mar cresça, e o meu navio chegue ao fundo e o meu sonho desapareça. Depois, tudo estará perfeito: praia lisa, águas ordenadas, meus olhos secos como pedras e minhas duas mãos quebradas. Cecília Meireles [ Viagem, 1939 ] . . . . . . . . . . . . . . . . . versos de oito sílabas poéticas, isso mesmo. octassílabos. ritmo regular com um pa...