céu líquido

[ ilustração: carlos h carneiro via i.a. ] na peça "vestido de noiva" ( n. rodrigues ), a personagem alaíde sofre alucinações em cama de hospital, vê figuras do passado, revive realidades... a criatura de "frankenstein" ( shelley ) com certeza deve ter sofrido um tanto, antes de abrir os olhos amarelos, na alemanha. há outros aqui, na estante, sofrendo do mesmo mal, como naziazeno ( os ratos ), luís ( angústia ), quixote ( d. quixote ), mersault ( o estrangeiro ), sidonio rosa ( venenos de deus, remédios do diabo ) ou mesmo hamlet, que dispensa comentário. tudo povo alucinado. angustiado. a depressão é a primeira curva na estrada das alucinações, não sei como se viraram esses personagens, porque estão sempre na curva, encostados, uns nos outros, aqui na estante do quarto, um empurra-empurra secular, às minhas costas, agora, enquanto escrevo. não é boa a sensação, quando se tem na estante "a queda da casa de usher" ( poe ) ou "fantasma de canterville...