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sábado, 3 de maio de 2025

teresa teresa

 

                                                        [ tereza em êxtase - detalhe - ]


o conjunto de mármore e bronze "êxtase de santa tereza" (bernini, séc 17), dá conta de um estado marcante de contraste, no estilo barroco. um jovem risonho como um escobar machadiano, segura uma seta fálica bem acima da figura feminina, envolta em panos teocêntricos. ela parece mesmo em êxtase. está na igreja santa maria da vitória, roma.

"estou-me a vir", como dizem as portuguesas, seria bom nome para essa obra escandalosa aos valores do século 17. 

o jovem, apesar das asas cristãs, bem lembra cupido, filho de vênus, figura tão cara aos amantes universais. 
tereza é dita "santa". viveu no século 16 e registrou em texto seus encontros intensos e divinos com jesus -- ou similar. é o "libro de la vida". pesquisa e crê.



[ êxtase de sta tereza, séc 17 ]

                                        [ página do romance "letra líquida" - c h carneiro ]

     conheça este e outras obras de c h carneiro - clica!

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teresa teresa - - clica e vê
  


 

quarta-feira, 1 de setembro de 2021

dona tareja - fernando pessoa

 

                                                       [ do site - quebichotemordeu.com ]

    D. TAREJA

   As nações todas são mistérios.

   Cada uma é todo o mundo a sós.

   Ó mãe de reis e avó de impérios.

   Vela por nós!

   Teu seio augusto amamentou

   Com bruta e natural certeza

   O que, imprevisto, Deus fadou.

   Por ele reza!

   Dê tua prece outro destino

   A quem fadou o instinto teu!

   O homem que foi o teu menino

   Envelheceu.

   Mas todo vivo é eterno infante

   Onde estás e não há o dia.

   No antigo seio, vigilante,

   De novo o cria!

      [ Pessoa, Fernando. Mensagem, 1934 ]

dona tareja é mãe de afonso henriques, o primeiro rei de portugal independente. no século 12, perdeu a batalha de são mamede para o próprio filho, numa disputa de poder. 

aqui, no texto, o eu lírico eleva sua condição humana a uma figura divinizada pois que teria parido um rei. daí, na primeira estrofe, lemos "mãe de reis e avó de impérios".
o "mundo a sós" indica um mistério ainda a ser executado, ainda a ser conhecido. sabendo de todo contexto que cerca o livro, este mistério seria o grande império luso, formado anos depois do reinado de afonso.



segunda-feira, 16 de setembro de 2019

bacurau imprescindível





filme dirigido por kleber mendonça filho e juliano dornelles, bacurau (2019) é catarse premiada.
narrativa que reúne elementos de um  brasil guerreiro com referências à guerra de canudos, lampião e trajetórias de resistência política ante à possibilidade de que o país se torne quintal de jogos de norte-americanos.
o museu de bacurau expõe um passado de luta e isso se faz chave para compreender o desfecho.

o que é o filme:
narrativa se passa no sertão de pernambuco, século 21.


bacurau é um vilarejo que precisa de água e ela vem com caminhão pipa de outra cidade.
o começo é impactante: caminhão pipa traz, além do motorista e da água, teresa, jovem liderança política da região que volta à cidade para enterro da avó carmelita. nesse percurso, caminho precário, o caminhão chega a passar por cima de caixões, à beira da estrada. mais adiante, revela-se que um acidente com motociclista pode ter causado a tragédia e o tombamento da carga de um caminhão carregado de caixões.
bacurau é um pássaro, vive como corujas, à noite. mas tem a peculiaridade de ficar no chão, não em árvores.
a narrativa traz personagens brasileiros simples mas contundentes em suas posturas: prostitutas, cantador, homossexuais, negro, assassino, professor, crianças livres, donas de casa, dentre outros. todos se respeitam, convivem, sem preconceito.

a trama : candidato à reeleição, tony júnior se mostra hipocritamente acolhedor ante as necessidades do povo de bacurau.  o vilarejo é espécie de distrito da cidade onde tony jr exerce prefeitura. ele é rechaçado pela população que se recolhe às casas deixando a cidade vazia quando o político passa. esta figura que -- de modo caricato -- tirou o vilarejo do mapa -- por vias tecnológicas -- representa boa parte da política corrupta nacional e permitiu que grupo de norte-americanos viesse para praticar a caça humana.
isolados, sendo atacados e mortos, povo de bacurau pede ajuda a lunga, um refugiado numa região de represa que, ao que indica a narrativa, teria entrado em conflito com o povo no passado recente. lunga aceita ajudar a cidade e, juntos, eliminam os estrangeiros. quase simples assim.

o museu mostra imagens antigas de um povo resistente, à época do cangaço. a resistência parte do museu e da escola, repara nisso.

valem dois detalhes: a abertura do filme se dá com imagens do espaço, com um satélite cruzando a cena, da esquerda pra direita e o planeta, ao fundo, bem redondo, como manda o figurino. outro: um dos personagens produz, à base de planta, um alucinógeno que vai ser fundamental no combate aos fortemente armados estrangeiros que vêm á cidade pra praticar o jogo da caça respaldados pelo prefeito tony júnior. as cabeças dos estrangeiros são expostas na rua, numa citação explícita -- como vingança -- dos cangaceiros mortos e degolados pela polícia brasileira, século 20. o grupo de lampião e maria bonita foi assassinado.
repare que, ao chegar, teresa recebe um comprimido desse alucinógeno, com intuito -- talvez -- de permitir que ela suportasse a emoção de encontrar a avó falecida. no enterro, o ponto de vista de teresa prevalece e nota-se que ela tem a visão de uma água limpa saindo do caixão da avó. uma das canções da trilha é "réquiem para matraga", geraldo vandré.
é referência a guimarães rosa e seu "a hora e a vez de augusto matraga".

filme é uma homenagem ao país com certeza. homenagem à diversidade e necessidade de união contra venda do país, um soco no estômago do bolsonarismo. me lembrei da "bíblia véia e pistola automática" da música "gênesis", racionais, em "sobrevivendo no inferno".

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pedras no sapato

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