sábado, 10 de julho de 2021

parnasianismo parece não ter fim

 

                                            gil vicente ( série "inimigos") - bienal 2010

falo com meus alunos sobre o parnasianismo, estilo literário muito do empolado, cheio de firulas em versos e que muitos rotulavam de "arte pela arte". merecido. deveria ser chamado "fazer por fazer", um estilo que não combina com temas sociais, nem propõe filosofias. perfumaria pura. já aviso: não desconsidero o apelo artístico. é arte. eu só não gosto.

vejam, o soneto famoso da época é mesmo "a um poeta", assinado por bilac (aquele do hino à bandeira). pois bem, lá notexto tem-se a receita do modus vivendi parnasiano: longe do "turbilhão da rua" (distante de questões sociais) o poeta deveria dedicar-se a uma obra que fosse bela. arte pura… como um templo grego. até aí, as coisas.

de novo: não creio que a condição para eu gostar da arte é ter ou não questões sociais. o que incomoda, aqui, é o mero joguinho de palavras para se exibir a - suposta - habilidade para montar versos metrificados.

ano de 2010. s paulo. bienal internacional de arte: gil vicente, artista plástico pernambucano tem causado desconforto à patuleia paulista, quando estes estão diante de seus desenhos, na bienal, no ano de 2010. neles o próprio vicente está matando líderes políticos, como fhc, o papa ou george bush, dentre outros. são desenhos. estão na moldura, presos à parede. não se moverão. obviamente a vetusta ordem dos advogados do brasil fez menção de repúdio ao artista. não fez o mesmo quanto ao palhaço candidato, com nome de mato rasteiro. mas isso é outra conversa.

por que juntei bilac e vicente, aqui, é simples: faz séculos que a classe média do nosso ocidente nos dita o que consumir, o que gostar e o que repudiar. é isso. se não for colorido, parecido com a mona lisa, não vale. odeio essa tortura. o que vicente fez foram apenas desenhos. arte. incomoda… ainda bem!

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