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terça-feira, 31 de maio de 2022

o mundo é um moinho - cartola - comentário

 

     O MUNDO É UM MOINHO
            Cartola   [1908 - 80]

 Ainda é cedo, amor
 Mal começaste a conhecer a vida
 Já anuncias a hora de partida
 Sem saber mesmo o rumo que irás tomar
 Presta atenção, querida
 Embora eu saiba que estás resolvida
 Em cada esquina cai um pouco tua vida
 Em pouco tempo não serás mais o que és
 Ouça-me bem, amor
 Preste atenção, o mundo é um moinho
 Vai triturar teus sonhos, tão mesquinho
 Vai reduzir as ilusões a pó
 Preste atenção, querida
 De cada amor, tu herdarás só o cinismo
 Quando notares, estás à beira do abismo
 Abismo que cavaste com teus pés
 
 . . . . . .  .  .  .  .  .  .  .  .   .

neste samba "o mundo é um moinho", eu lírico fala com sua amada que está indo embora, para decepção dele.
ele procura dissuadi-la da ação de abandoná-lo, dizendo que o mundo é moinho e vai triturar os seus sonhos. ameaça a mulher amada afirmando que ela não será mais o que é, caso saia tão cedo da casa e também da relação. o “ainda é cedo, amor”, do início, é trocado por “preste atenção, querida”, depois, ao final, é apenas “tu”, em um tom severo, cínico, diminuindo a intimidade e buscando -- pelo medo; pela persuasão -- mudar o rumo da vida da mulher. ao que parece, não conseguiu.
agenor de oliveira, nascido em cantagalo, rio de janeiro, 1908. falecido na mesma cidade, em 1980. torcedor fluminense, foi um dos fundadores da escola de samba estação primeira de mangueira. o apelido "cartola" veio do tempo em que trabalhou como pedreiro e, para proteger-se, usava chapéu. 

. . . . . . . .  .  .  .  .  .   .

saiba mais :




sexta-feira, 20 de maio de 2022

cartola pra cabeça e livro: a busca de salvação

 


quando estava perto de terminar "abolição via vargas" (romance), achei um texto para epígrafe:

  "ouça-me bem, amor /  preste atenção, o mundo é um moinho"

é cartola, poeta e músico do século 20.
o livro saiu em dezembro de 2021 -- saiba mais no vídeo abaixo.
de lá pra cá, muita coisa se deu: tento deixar a depressão no controle, às vezes dá certo, mas na maioria das horas em que estou acordado, não. também existe o medo ainda desse coronavírus 19. por outro lado, houve matéria na tv-campinas (eptv) sobre o romance -- foi um reconhecimento e tanto...
enfim, a aposentadoria tão esperada veio, mas ainda sinto que remo com a colher, sobre uma prancha, em plena areia da praia, tentando evitar a próxima ressaca do oceano. quase tudo dói. dentes, pés, cabeça, o peito, o ciático... não tudo de uma vez, mas aos poucos, feito garoa intermitente. 
mais antigamente, eu acreditava piamente nas pessoas. hoje, sinto que são universos paralelos e que estou mesmo por minha conta. dói. cansa. já escrevi, aqui, que ninguém vai viver nossa dor. é cruel constatar -- na pele -- isso. acabo seguindo a vida por inércia. porque é o que sempre fiz: respirar, comer e achar que literatura vai me sustentar.  tem dado certo, porque estou perto dos 37 anos de carreira, em escolas, num trajeto ininterrupto. e isso ainda não me cansou, juro.