O MUNDO É UM MOINHO
Cartola [1908 - 80]
Ainda é cedo, amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora de partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar
Presta atenção, querida
Embora eu saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és
Ouça-me bem, amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos, tão mesquinho
Vai reduzir as ilusões a pó
Preste atenção, querida
De cada amor, tu herdarás só o cinismo
Quando notares, estás à beira do abismo
Abismo que cavaste com teus pés
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neste samba "o mundo é um moinho", eu lírico fala com sua amada que está indo embora, para decepção dele.
ele procura dissuadi-la da ação de abandoná-lo, dizendo que o mundo é moinho e
vai triturar os seus sonhos. ameaça a mulher amada afirmando que ela não será
mais o que é, caso saia tão cedo da casa e também da relação. o “ainda é cedo,
amor”, do início, é trocado por “preste atenção, querida”, depois, ao final, é
apenas “tu”, em um tom severo, cínico, diminuindo a intimidade e buscando -- pelo medo; pela persuasão -- mudar o rumo da vida
da mulher. ao que parece, não conseguiu.
agenor de oliveira, nascido em cantagalo, rio de janeiro, 1908. falecido na mesma cidade, em 1980. torcedor fluminense, foi um dos fundadores da escola de samba estação primeira de mangueira. o apelido "cartola" veio do tempo em que trabalhou como pedreiro e, para proteger-se, usava chapéu.
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