teatro de bonecos popular potiguar - andré carrico

                                       

                   "o boneco quanto mais feio, mais bonito fica"
                                      
[ shicó do mamulengo ]


teatro de bonecos popular potiguar, editora escribas

andré carrico lançou seu livro em 2024. natal, rio grande do norte.
professor na universidade federal, andré -- além de doutor em artes cênicias -- é estudioso desta arte popular: o teatro de formas animadas. arte típica do nordeste. esses bonecos -- as formas animadas -- são conhecidos também como mamulengos e, quem os manipula, os brincantes ou calungueiros(as). basicamente, o material mais usado para criação dos bonecos é a madeira do mulungu, árvore do nordeste.

"Ele é feito , geralmente, por meio da manipulação de bonecos de luva ou vareta que podem apresentar articulações. (...) Os enredos envolvem quiprocós, pancadarias, piadas, danças, canções, loas, poemas de cordel e, às vezes, a presença de personagens históricos e mitológicos do repertório conhecido como cultura popular nordestina."    [ trecho ]

o livro contém vasto material de anos de estudo de andré carrico, desde as origens desta arte, com registros de possíveis ações de bonequeiros nas caravelas portuguesas do século 16, passando pela período da escravização negra do brasil colônia, até o séclo 21. 

teatro de bonecos é a brincadeira e a resistência, elementos marcantes na vida da cultura popular brasileira. acredito eu que, não só no nordeste, mas no país todo, arte popular é mais do que entretenimento ou ganha-pão. é resistência mesmo. uma defesa. 

"O teatro de bonecos potiguar é uma arte feita para acertar. Seu espetáculo, portanto, é criado para fazer rir e alegrar. Sua dramaturgia, via de regra, é constituída por esquetes sucessivos cuja duração é proporcional ao interesse da plateia. (...) Contam os mestres que antigamente as apresentações em bares da zona rural podiam durar de seis a oito horas".      [ trecho ]

uma das partes do livro de que gostei foi sobre shico do maumlengo, assim, com "s" mesmo. nascido em 1980, apaixonou-se pela arte do mestre chico daniel que ele conheceu ao ver um "dvd" de apresentações dele. shico se destaca porque expõe seus cinco sentidos na arte da manipulação dos bonecos. ele diz que ter conhecido a capoeira o ajudou nessa empreitada como calungueiro (brincante). como foi isso? ah, você vai precisar ler o livro.

"Cabe é refletir  a respeito das transformações e permanências, ganhos e perdas, que atravessam as brincadeiras populares e que fazem sobreviver em sintonia com seu tempo. Mudanças enriquecem as brincadeiras, desde que venham de dentro pra fora, e sejam sem concessões àqueles que, visando apenas o lucro, as descaracterizem ou as banalizem. (...) Pois, como escreveu Luís Antônio Simas, "A gente não brinca porque a vida é mole. A gente faz festa porque a vida é dura".    [ trecho ]

outras figuras marcantes desta arte como chico daniel, mestre felipe de riachuelo, mestra dadi, zé relampo, meste felipe, heraldo lins, emmanuel bonequeiro, genildo mateus e tantos outros -- vivos ou encantados -- compõem este livro cheio de história e documentação, abraçando a arte do mamulengo e, por causa disso, abraçando parte de nossa identidade. parabéns, calungueiros e calungueiras. parabéns, andré. 
ah, antes que me esqueça: esse moço autor do livro, andré carrico, foi meu aluno no ensino médio, no comecinho dos anos 1990, em campinas. isso é gratificante. 

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[ andré carrico ]

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