sete chaves
Vamos tomar chá das cinco e eu te conto minha grande história passional,
que guardei a sete chaves,
e meu coração bate incompassado entre gaufrettes.
Conta mais essa história,
me aconselhas como um marechal-do-ar fazendo alegoria.
Estou tocada pelo fogo.
Mais um roman à clé?
Eu nem respondo.
Não sou dama nem mulher moderna.
Nem te conheço.
Então:
É daqui que eu tiro versos, desta festa
— com arbítrio silencioso e origem que não confesso —
como quem apaga seus pecados de seda,
seus três monumentos pátrios,
e passa o ponto e as luvas.
* gaufrettes - wafers; tipo de biscoito doce
* roman à clé - "roman à clef" - narrativa: autor trata pessoas reais através de personas fictícias
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
a poesia de ana crsitina cesar (1952-83) não conseguiu tempo de maturar. resvalou-se na arte da literatura marginal, mas não se mostrou coesa nesse campo.
"sete chaves" parece tratar o tema da morte com colcha de retalhos de eufemismos.
imagens coladas como num diário despretensioso tornam seu estilo bem isso: despretensioso.
falta novidade para se considerar "a teus pés" uma obra de peso. e qual o parâmetro? leminski, pedro tierra, cacaso, leila míccolis, torquarto neto, chacal, só pra ficar em seis bem mais encorpados. claro está que a morte de ana ceifou a chance de sua obra crescer. mesmo assim, vestibulares aqui no estado de são paulo vão cobrar a leitura de sua obra " a teus pés", em novembro 2018 e janeiro 2019.
saber mais ?
assista-me!
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