quarta-feira, 20 de junho de 2018

sete chaves - ana cristina césar - a teus pés




   sete chaves

 Vamos tomar chá das cinco e eu te conto minha grande história passional,
 que guardei a sete chaves,
 e meu coração bate incompassado entre gaufrettes.
 Conta mais essa história, 
 me aconselhas como um marechal-do-ar fazendo alegoria.
 Estou tocada pelo fogo. 
 Mais um roman à clé? 
 Eu nem respondo.
 Não sou dama nem mulher moderna.
 Nem te conheço.
 Então:
 É daqui que eu tiro versos, desta festa 
 — com arbítrio silencioso e origem que não confesso — 
 como quem apaga seus pecados de seda, 
 seus três monumentos pátrios, 
 e passa o ponto e as luvas.


* gaufrettes - wafers; tipo de biscoito doce
* roman à clé - "roman à clef" - narrativa: autor trata pessoas reais através de   personas fictícias

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .  .  .  .  .  .  .  .   .   .   .    .

a poesia de ana crsitina cesar (1952-83) não conseguiu tempo de maturar. resvalou-se na arte da literatura marginal, mas não se mostrou coesa nesse campo.
"sete chaves" parece tratar o tema da morte com colcha de retalhos de eufemismos.
imagens coladas como num diário despretensioso tornam seu estilo bem isso: despretensioso.
falta novidade para se considerar "a teus pés" uma obra de peso. e qual o parâmetro? leminski, pedro tierra, cacaso, leila míccolis, torquarto neto, chacal, só pra ficar em seis bem mais encorpados. claro está que a morte de ana ceifou a chance de sua obra crescer. mesmo assim, vestibulares aqui no estado de são paulo vão cobrar a leitura de sua obra " a teus pés", em novembro 2018 e janeiro 2019.

saber mais ?

assista-me!


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