pensando em quem procura instigar leitura para seus alunos(as) / alunxs fiz uma chuva de ideias... não é bem chuva, pode ser garoa, mas está valendo.
quincas borba - machado de assis, século 19.
realismo
pontos da tal chuva de ideias sobre o que tratar a partir de "quincas borba"
1. o que é realismo / mostrar tela courbet "quebradores de pedras" e afins, na época 2. rubião quis aproximar sua irmã do milionário quincas borba / barbacena 3. morrem borba e piedade, a irmã de rubião 4. observando a baía de botafogo, já no rio de janeiro, rubião reflete sobre o lado bom dessa morte e a não realização do casamento 5. ali mesmo, na sala, conversa com funcionário sobre o cachorro... há referência a estrangeiros / debater eugenia / imigração 6. durante o processo de inventário de borba, alguém sugere que o estado mental da pessoa não permitiria lavrar documento de herança etc. 6.a. observação não vinga 6.b. processo terminado, rubião milionário 6.c. festa com palha e gente do fórum!... que malandragem! 10. sofia e rubião se aproximam: senha para que ela e o marido explorem financeiramente o sonhador e ingênuo rubião
O QUE PODE SER FEITO - - - discutir : - interesse / ambição / cobiça - leviandade do casal sofia-palha - o que o capitalismo oferece enquanto chance de enriquecimento - imigração / eugenia - humanitismo: ironia do narrador quanto às teorias científicas vigentes, como determinismo, darwinismo e outras.
agosto 2020 a rotina segue muito próxima do que acontecia em abril, maio... julho... em casa, prepara-se a aula xis, tento acolher a maioria dos alunos de ensino médio ante o tédio... é bem difícil. falar, na tela do computador, sem ver as pessoas, muitas vezes até sem o áudio, é desanimador, acreditem. parte disso entendo. outra parte não. entendo o tédio e o cansaço porque muitas escolas procuraram manter o ritmo de aulas comuns como se nada estivesse acontecendo. aula, exercícios, formulários, tarefas, vídeos, leitura, mais tarefas... não é só isso. há pessoas atrás das câmeras... muitos adolescentes, adultos jovens, gente que precisa desabafar, compartilhar algo... mas o espaço é escasso. o adulto educador, do outro lado da câmera, se vê também pressionado a fazer chamada de presença, registrar conteúdos previstos em planejamento, seguir o que seu mestre mandou... e, daí, sobra o cada-um-por-si que a gente conhece bem. professores(as) -- muitos -- estão tensos e cansados mentalmente, isso é fato. e o segundo semestre mal começou. é mais humanidade que peço. dependendo da instituição escolar, é possível juntar mais de dois professores na sala virtual, misturar algumas séries, algumas salas por vez, falar de gente, falar da rotina, mostrar o gato, a janela, o vaso de flor, um brinquedo antigo, qualquer coisa. mais humanidade ajuda, semeia, engrandece a gente.
final de julho, 2020 mortes aumentam, no país, via covid-19. há mais relaxamento da quarentena. governantes de toda ordem -- em sua maioria -- não adotaram lockdown. exceções há, como em algumas cidades do ceará e rio grande do sul, dentre outras poucas. aqui, no sudeste, há movimentação para retorno às aulas em setembro. palavras do governo do estado de são paulo, por exemplo. dá-se o nome de retorno gradual, assim como o termo rodízio é usado. um número também aparece: 35. trinta e cinco por cento de estudantes, nas salas. posteriormente, na etapa dois, setenta por cento. até cem. podem usar nomes, números, eufemismos. mas o que se tem é aglomeração sem testes. aglomeração, em tempos de covid, também é conhecida como chance de infecção. morte. em nome de que essa sanha pelo retorno? há vacina? haverá lockdown no estado todo? testes serão feitos? então, por que voltar? tudo isso me lembra a moeda de vespasiano. mas não vou me desgastar explicando isso agora não.
julho, 28, 2020 hoje, faleceu rodrigo rodrigues, jornalista boa gente, uma referência. já existe a dor das milhares de mortes que impedem minha respiração ser normal.
agora, esta. a morte, em decorrência do covid-19, do televisivo, midiático rodrigo rodrigues.
duas dores.
já perdi pessoas próximas, como qualquer ser humano, na minha idade. interessante como a gente se projeta em outras figuras da mídia. nem posso dizer que era fã. os fãs perseguem, acompanham fofocas, se vestem igual, imitam, expõem idolatria, é comum. não era isso. era mesmo o prazer de respeitar a felicidade alheia.
esta dor é nítida, desde ascensão do ultra conservadorismo, por aqui, poucos anos atrás. o ódio, os golpes contra a democracia. isso dói.
a morte de rodrigo (chamado "RR") é uma tristeza que precisa servir de ânimo. algum ânimo. é a pandemia? é a vontade de poder abraçar mais minha gente? é meu estado de saúde mental delicado? tudo isso junto, certeza.
humanidade é mesmo necessária. não pode ser só da boca pra fora.
claro que na minha cabeça se houvesse mais controle dessa merda de doença, muitas vidas seriam poupadas... mas eu sei que não é isso que conta, no universo consumista e fascista que se transformaram muitas administrações públicas.
vai passar. uma hora passa. alguma dor precisa nos mostrar um caminho. hoje, são duas.
orfeu
- mito ligado à música: buscou
recuperar sua amada morta – eurídice – no hades, mundo dos mortos - - não consegue!
recusando-se
a amar qualquer outra mulher, orfeu
é morto pelas mênadas (bacantes) - - é enterrado
às margens do rio ebro
. . . . . . . . . . . . . . .
soneto erudito, estilo parnasiano : forma fixa, vocabulário raro está contido no livro "tarde", 1918 descrição espalhafatosa da agonia e morte do mito orfeu . . . . . . . . . . . . . . . QUESTÕES PARA ANIMAR SUA AULA:
- por que orfeu era importante, na mitologia?
- a arte de orfeu é necessária, ainda hoje, de que maneira?
- por que o mito músico não conseguiu sucesso na busca de eurídice? . . . . . . . . . . . . . . . . os poemas de bilac, em sua maioria, não são feitos para provocar reflexões o tema clássico dá um caráter supostamente altivo ao texto e, consequentemente, a seu autor. é pouco
Infeste
toda a terra, invada os mares, Seja
um Chegay,
ou um Gaspar Soares, E
por si terá toda a Relação.
Sobejar-lhe-á
na mesa vinho, e pão, E
siga, os que lhe
dou, por exemplares, Que
a vida passará sem ter pesares, Assim
como os não tem Pedro de Unhão
Quem
cá se quer meter a ser sisudo Um
Gil nunca lhe falta que o persiga, E
é mais aperreado que um cornudo.
Coma,
beba, e mais furte e tenha amiga, Porque
o nome d'EI-Rei
dá para tudo A
todos, que El-Rei
trazem na barriga
. . . . . . . . . . . . . .
pedro de unhão
salvador,
1690, residia o desembargador pedro de unhão castelo branco; hoje abriga o museu de arte moderna, bahia
gil
provável referência a gil vicente, dramaturgo satírico português - séc 16
chegay
e gaspar
provavelmente, figuras com poder político, em salvador
. . . . . . . . . . . . . . . . .
soneto do século 17 faz delação dos vícios da vida política de salvador: aqueles que possuem poder terão conforto, podendo até roubar
por isso, aos que são imorais, nunca faltará um gil que o persiga, ou seja, sempre haverá um escritor satírico a denunciar crimes
gregório é o primeiro escritor que faz denúncia social, na literatura brasileira
LIVRO SEXTO
sophia de melo breyner andresen [1919 - 2004]
versos que se referem ao mar, constantemente
poesia predominantemente lírica
fez homenagem a fernando pessoa
buscou o universal dentro da história portuguesa
século 20
mesmo que fale somente de pedras ou de
brisa, a obra do artista vem sempre dizer-nos isso: que não somos apenas
animais acossados na luta pela sobrevivência mas que somos, pelo direito
natural, herdeiros da liberdade e da dignidade do ser [sophia - posfácio -livro sexto]
jogo de cartas marcadas sim. o mineiro de itabira escreveu demais, publicou demais, poderia ter sido mais econômico, menos verborrágico. mas cada um, cada um.
tem lá seu "máquina do mundo", bom texto. fez aquele "no meio do caminho", no primeiro livro que o fez popular. nem "áporo" -- seu melhor poema -- é tão comentado quanto esse da pedra. é pouco, convenhamos.