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quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

silêncio de um cipreste - cartola - um outro olhar

 


numa primeira postagem (julho, 2022) comentando o samba "silêncio de um cipreste", do rei cartola, afirmei o seguinte:    

(...) parece mesmo que existe culpa, nessa letra de cartola. então, a solução para o defeito seria mudar o pensamento – ao invés de tentar fazer alguma coisa. o pensamento, segundo o texto, é folha do cipreste que o vento leva, não tem peso. uma ação, pelo contrário, fica, tem peso, pode ser julgada. (...)

      [ clica aqui pra ler o texto todo ]

hoje, releio, estudo, converso, então, resolvo fazer ressalva. 
assim: a questão, no texto de cartola, não seria apenas o contraste entre o pensar e o fazer. lidar com pensamento não significa necessariamente deixar de fazer uma ação.  pode ser, mas nem sempre. olhem, a letra é introspectiva, revela arrependimento, é fato. agora, mudar o pensar também pode ser uma maneira nova de encarar o passado, ou seja, rever aquilo que o poeta diz não ter realizado, mas sem o peso. insisto: se o pensamento é como folha leve, então pode-se ver o passado de outra forma: com menos mágoa.

a letra está aqui:

  SILÊNCIO DE UM CIPRESTE
          Cartola [ 1908 - 80 ]

    Todo mundo tem o direito
    De viver cantando
    O meu único defeito
    É viver pensando
    Em que não realizei
    E é difícil realizar
    Se eu pudesse dar um jeito
    Mudaria o meu pensar
    O pensamento é uma folha desprendida
    Do galho de nossas vidas
    Que o vento leva e conduz
    É uma luz vacilante e cega
    É o silêncio do cipreste
    Escoltado pela cruz

. . . . . .  .  .  .  .  .  .  .  .

  saiba mais


segunda-feira, 15 de novembro de 2021

10 coisas para fazer antes de morrer

 

                                                [ rob gonsalvez ]

corria o ano de 2004 e maria rita kehl, convidada pelo jornal "folha de s paulo", listou dez coisas a fazer antes de morrer.

instigado por ela, também fiz uma lista.
logo depois, se tiver paciência, você pode ver a dela e comparar.

  10 COISAS PRA FAZER ANTES DE MORRER
  esta é a minha:

 1. filmar "abolição via vargas", romance histórico e surreal

 2. fazer um soneto só de consoantes

 3. ter algum controle sobre todas as partes do corpo

 4. criar um decreto acabando com sentimento de culpa

 5. ler os lusíadas de trás pra diante

 6. invadir lisboa, recuperar ouro todo, deixando espelhinhos no cais

 7. publicar "a moreninha de mary shelley", um arraso gótico pornô

 8. escrever palíndromos em tupi-guarani

 9. criar escola para terraplanistas sem mesa nem cadeiras, lousa no chão e nenhum teto

 10escrever um livro engraçadíssimo somente feito de listas com as dez coisas que pessoas fariam antes de morrer.

e tu? faça sua lista!
. . . . . . . .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .   .   .

confira os itens da psicanalista:

10 COISAS PARA FAZER ANTES DE MORRER --    Maria R Kehl 

1. Viver a vida de uma outra mulher, muito diferente de mim. Uma mulher da roça, como eu gostava de brincar na infância. Das que acordam antes do sol, trabalham na horta, dormem ao escurecer, sem luz e sem televisão.

2. Descobrir, em qualquer parte do Brasil, uma reserva de escuro e silêncio absolutos. Caminhar no escuro no meio das estrelas uma noite inteira. Com um pouquinho de medo: o medo é uma espécie de embriaguez.

3. Gravar um CD cantando, sozinha, as músicas que mais gosto de cantar. Ou, radicalizando, mudar de profissão. Virar cantora. De boate, se é que ainda existem.

4. Ficar amiga do Chico Buarque. Só amiga. Andar a pé pelo Rio conversando com ele, horas a fio. Recordar letras de música, sambas antigos. Contar e ouvir coisas da vida.

5. Conhecer um compositor  (não precisa ser o Chico Buarque) que me peça letras para as músicas dele. Virar parceira, ouvir nossos sambas no rádio.

6. Virar artista plástica. Trocar a noite pelo dia em um ateliê enorme, brincando com os materiais, com as tintas, com o peso e a densidade da matéria.

7. Virar escritora de ficção. Acordar todos os dias com saudades de meus personagens, ansiosa para entrar mais uma vez na vida deles.

8. Queimar -isso é urgente- todos os meus diários, dos 15 aos 45 anos. Uma fogueira e tanto.

9. Ir a um pai ou mãe-de-santo para me iniciar no candomblé; virar mãe-de-santo também, receber entidades, aprender a jogar búzios. Gostaria de ter acesso à experiência do inconsciente pré-freudiano - o inconsciente revelado a contrapelo da psicanálise.

10. Saber como é a morte. Ficar acordada até o fim. Despedir-me de tudo. Dizer a meus filhos, como o Coelho, de John Updike: "Não é tão mau assim".

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