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caminho de pedras - rachel de queiroz - resumo

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  caminho de pedras - romance, 1937 rachel de queiroz   (1910  fortaleza - 2003  rio de janeiro) na década de 1930 ligou-se ao partido comunista. a ideia era combater o varguismo e suas posturas antidemocráticas.  foi presa. teve livros queimados em praça pública, assim como jorge amado, na mesma década. na cadeia, escreve "caminho de pedras". sempre é bom lembrar que rachel -- apesar desse enfrentamento à era vargas -- apoiou o golpe militar de 1964 e deixa isso claro em algumas entrevistas, incluindo o famoso "roda viva", tv cultura, em que discute com caio fernando abreu a esse respeito. voltando ao "caminho de pedras".  o enredo: fortaleza. roberto está de volta à cidade, dez anos depois. enquanto espera alguém, em um café, olha para a rua tentando reconhecer a cidade de antes de sua partida.  Roberto sentou-se melancolicamente à banca do café. O balanço do mar ainda Ihe ecoava doloroso na à cabeça. Esperava alguém.  O sol queimava nas c...

greve de vida - amèlie

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  há livros que me chamam atenção pela capa, e este é assim : uma menina, de vermelho, sentada na cama, entristecida, diante de uma gaiola com um passarinho igualmente entristecido e vermelho. historinha simples, chamada "greve de vida", de amelie couture . a  garotinha é lucie, de oito anos, está morando com o pai há pouco tempo, desde que sua avó falecera. era esta que cuidava da menina e a educava com carinho. entristecida, ela precisa aprender a conviver com a nova esposa do pai e seu pequeno bebê, luca.  nada a faz sentir-se feliz, daí resolve não mais sair do quarto. faz isso por semanas seguidas, é quase assustador, tendo apenas a companhia de um passarinho em sua gaiola. mas o leitor experiente logo detecta a ponte para o desfecho possível. e não não vou contar aqui porque seria bobagem.  mesmo que você já tenha passado a adolescência, vai se entreter com a novelinha e as ilustrações do marc boutavant. boa leitura.  . . . . .  .   .  ...

o caminho da arte

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  já fui um quadro empoeirado, esquecido na parede rachada de um casarão mofado. se bem que não era exatamente um casarão, porque não havia capelinha no quintal, nem piano dentro da sala. era só um terreno grande, piso de tijolo, coberto de telhas marrons. muita gente morou ali. gerações de plantadores de cana, pescadores, donos de supermercado, um casal de encantadores de serpente aposentados, um youtuber com depressão e duas bailarinas cegas. todos entraram, saíram, mas eu fiquei. quadro. parede, preguinho, pó. fiquei. ninguém sabia quem me pintara nem o que exatamente eu retratava porque, aliás, mudava o tempo todo. pela manhã, aparecia um rosto deformado; à tarde, um campo florido; à noite, um bicho esquisito querendo sair de dentro da tela, como se o óleo ainda estivesse fresco. a moldura era circular o que facilitava a crença em supostas mudanças na imagem. diziam que quem passava tempo demais olhando para mim começava a ouvir sussurros, ou, pior, enxergar partes de si mesmo ...

um céu líquido

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                                                                                                                     [ picasso, mulher chorando, 1937 ] em "v estido de noiv a " (n. rodrigues), a personagem alaíde sofre alucinações em cama de hospital, vê figuras do passado, revive realidades.  a criatura de "f rankenstein " (shelley) com certeza deve ter sofrido um tanto, logo após abrir os olhos amarelos, na alemanha. há outros aqui, na estante, sofrendo do mesmo mal, como naziazeno (os ratos), luís (angústia), quixote (d quixote), mersault (o estrangeiro), sidonio rosa (venenos de deus, remédios do diabo) ou mesmo capitão celestino (a visão das plantas). a depressão é a primeira curva ...

resignação - narcisa amália - comentário

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      RESIGNAÇÃO  - Narcisa Amália   No silêncio das noites perfumosas, Quando a vaga chorando beija a praia, Aos trêmulos rutilos das estrelas, Inclino a triste fronte que desmaia. E vejo o perpassar das sombras castas Dos delírios da leda mocidade; Comprimo o coração despedaçado Pela garra cruenta da saudade. Como é doce a lembrança desse tempo Em que o chão da existência era de flores, Quando entoava o múrmur das esferas A copla tentadora dos amores! Eu voava feliz nos ínvios serros Empós das borboletas matizadas... Era tão pura a abóbada do elísio Pendida sobre as veigas rociadas!... Hoje escalda-me os lábios riso insano, É febre o brilho ardente de meus olhos: Minha voz só retumba em ai plangente, Só juncam minha senda agros abrolhos. Mas que importa esta dor que me acabrunha, Que separa-me dos cânticos ruidosos, Se nas asas gentis da poesia Eleva-me a outros mundos mais formosos?!... Do céu azul, da flor,...

teresa teresa

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                                                           [ tereza em êxtase - detalhe - ] o conjunto de mármore e bronze "êxtase de santa tereza"  ( bernini, séc 17 ), dá conta de um estado marcante de contraste, no estilo barroco. um jovem risonho como um escobar machadiano, segura uma seta fálica bem acima da figura feminina, envolta em panos teocêntricos. ela parece mesmo em êxtase. está na igreja santa maria da vitória, roma. "estou-me a vir", como dizem as portuguesas, seria bom nome para essa obra escandalosa aos valores do século 17.  o jovem, apesar das asas cristãs, bem lembra cupido, filho de vênus, figura tão cara aos amantes universais.  tereza é dita "santa". viveu no século 16 e registrou em texto seus encontros intensos e divinos com jesus -- ou similar. é o "libro de la vida". pesquisa e crê. [ êxtase de ...

robô selvagem - animação

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  assisti " robô selvagem " (peter brown), 2024, animação que contém as vozes de pedro pascal  -- para a raposa -- e mark hamill -- urso pardo -- dentre outros. lupita nyong'o faz a voz do robô.  fábula quase distópica, " robô selvagem " navega entre a esperança e o caos com rara leveza, porque é dado ao robô a capacidade de aprender alguma coisa, graças a "astuto" -- a raposa -- e ao ganso "bico vivo", figuras que, em princípio, repelem o robô que caiu na floresta por acaso, mas depois o que se vê é uma simbiose entre esses três e, mais tarde, com todos da floresta.   com o tempo, os animais vão demonstrando que, apesar das diferenças, estão ali para ajudas mútuas. é um aprendizado que se dá graças às funções do robô. estranho, mas é verdade. é ficção, enfim. com final previsível, " robô selvagem " sugere debate não só sobre preservação da natureza, como a necessidade de convivência com essas tais inteligências artificiais que, na ...

amor é um fogo que arde sem se ver - camões - comentário

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                                                                        [ luiz vaz de camões 1524 - 80 ]    Amor é um fogo que arde sem se ver;   É ferida que dói, e não se sente;    É um contentamento descontente;   É dor que desatina sem doer.    É um não querer mais que bem querer;   É um andar solitário entre a gente;    É nunca contentar-se e contente;    É um cuidar que ganha em se perder;   É querer estar preso por vontade;    É servir a quem vence, o vencedor;   É ter com quem nos mata, lealdade.    Mas como causar pode seu favor    Nos corações humanos amizade,   Se tão contrário a si é o mesmo Amor?      . . . .  .  .    .     . soneto pub...

uma historiadora obstinada - chimamanda adichie

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  " uma historiadora obstinada"  -  conto do livro "no seu pescoço" de chimamanda adichie " Muitos anos depois que seu marido morreu, Nwamgba ainda fechava os olhos de vez em quando para reviver suas visitas noturnas à cabana dela e as manhãs seguintes, quando ela caminhava até o riacho cantando uma melodia, pensando no cheiro de fumo dele, na firmeza de seu peso, (...) Outras lembranças de Obierika continuavam claras — seus dedos grossos envolvendo a flauta quando ele tocava à noite, seu deleite quando ela servia suas tigelas de comida, suas costas suadas quando ele voltava com cestos cheios de argila fresca  (...)  Okafo e Okoye, os primos de Obierika, faziam visitas demais. Eles ficavam maravilhados com a habilidade de Anikwenwa para tocar flauta (...) mas Nwamgba via a malevolência incandescente que seus sorrisos não conseguiam esconder. Ela temia pelo filho e pelo marido e, quando Obierika morreu — um homem que estava saudável, rindo (...) — ela soube que ...

marinar pernil com osso

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  os amigos  tati e henrique precisam fazer um pernil suíno. assado, creio eu. pediram dicas.  aqui vão. em um aparelho de som qualquer, selecionar músicas do milton nascimento, lô borges, natiruts, anavitória, melin, os gilsons e liniker. marinar o bicho: numa vasilha grande, a mais funda possível, colocar o porco dentro. se conheço pernil vendido por aí, costuma ter 1 kg e xis... então,  para este volume, recomendo um copo americano de azeite ou similar.   dá pra espremer um limão inteiro também, de preferência o siciliano.  despejar um copo e meio, pelo menos, de vinho branco.  polvilhar páprica defumada, algo perto de duas colheres de sopa cheias.  lemon pepper vai também. quanto de lemon pepper? não sei. um tanto bom. sal também vai, claro. enquanto pensa no tanto de sal, vire o bicho no meio dessa gororoba que se constriuiu na vasilha.   feito isso, o sal:  melhor é polvilhar  o equivalente a umas três colheres de so...

aparição - sophia de mello bryener andresen - comentário

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                                             Aparição   Devagar devagar um homem morre   Escura no jardim a noite se abre   A noite com miríades de estrelas   Cintilantes límpidas sem mácula   Veloz veloz o sangue foge   Já não ouve cantar o moribundo   Sua interior exaltação antiga   Uma ferida no seu flanco o mata   Somente em sua frente vê paredes   Paredes onde o branco se retrata   Seus olhos devagar ficam de vidro   Uma ferida no seu flanco o mata     Já não tem esplendor nem tem beleza   Já não é semelhante ao sol e à lua   Seu corpo já não lembra uma coluna   É feito de suor o seu vestido   A sua face é dor e morte crua   E devagar devagar o rosto surge   O rosto onde outro rosto se retrata   O rosto desde sempre pressentido   Por aquele que ao viver o ...

teatro de bonecos popular potiguar - andré carrico

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                                                           " o boneco quanto mais feio, mais bonito fica"                                        [ shicó do mamulengo ] te atro de bonecos popular potigua r, editora escribas andré carrico  lançou seu livro em 2024. natal, rio grande do norte. professor na universidade federal, andré -- além de doutor em artes cênicias -- é estudioso desta arte popular: o teatro de formas animadas. arte típica do nordeste. esses bonecos -- as formas animadas -- são conhecidos também como mamulengos e, quem os manipula, os brincantes ou calungueiros(as). basicamente, o material mais usado para criação dos bonecos é a madeira do mulungu, árvore do nordeste. " Ele é feito , geralmente, por meio da manipulaçã...

começo do fim

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                                            [ a rte c. h. carne iro - via i. a . - 20 2 5 ] ultimamente, rotina da vida é me desculpar. fiz isso algumas vezes, em conversa direta com quem eu acreditava que deveria pedir desculpas. com outras pessoas não consegui... por isso,  tenho pedido desculpas mentalmente. parece hipocrisia. deve ser.  faço isso com certa regularidade: a cada vez que respiro, mais ou menos.  noutras situações, tento desculpar a mim mesmo, porque também sou vítima de minhas escolhas. tudo fica difícil quanto mais elaboro a coisa toda dentro da cabeça. fora dela, tento pedir desculpas.   deve haver quem sinta raiva ainda ou quem quer simplesmente que eu me exploda. entendo. errei com várias pessoas. escolhas minhas. buscava acolhimento ou algo similar que, talvez, nunca me deram no início da vida, fazer o que. nunca me deram ou ...

a rosa - narcisa amália - comentário

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            A ROSA    -    Narcisa Amália         Que ímpia mão te ceifou no ardor da sesta          Rosa d'amor, rosa purpurea e bela?                             Almeida Garrett     Um dia em que perdida nas trevas da existência Sem risos festivais, sem crenças de futuro, Tentava do passado entrar no templo escuro, Fitando a torva aurora de minha adolescência. Volvi meu passo incerto à solidão do campo. Lá onde não penetra o estrepitar do mundo: Lá onde doura a luz o báratro profundo, E a pálida lanterna acende o pirilampo. E vi airosa erguer-se, por sobre a mole alfombra. De uma roseira agreste a mais brilhante filha! De púrpura e perfumes - a ignota maravilhal! Sentindo-se formosa, fugia à meiga sombra! Ai, louca! Procurando o sol que abrasa tudo Gazil se desatava à beira do caminho; E o sol, ébrio de amor, no ...