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sábado, 6 de agosto de 2022

sim - cartola - comentário

 


           SIM
         Cartola [ 1908 - 80 ]

  Sim,
  Deve haver o perdão
  Para mim
  Senão nem sei qual será
  O meu fim
  Para ter uma companheira
  Até promessas fiz
  Consegui um grande amor
  Mas eu não fui feliz
  E com raiva para os céus
  Os braços levantei
  Blasfemei
  Hoje todos são contra mim
  Todos erram neste mundo
  Não há exceção
  Quando voltam a realidade
  Conseguem perdão
  Porque é que eu Senhor
  Que errei pela vez primeira
  Passo tantos dissabores
  E luto contra a humanidade inteira
    . . . . . . . . . . . . .  .  .

samba com jeito de relato pessoal. o poeta está indignado porque não foi perdoado em função de sua blasfêmia, ou seja, culpou os céus e o "senhor" pela infelicidade amorosa. pessoas à sua volta criticam esta má ação, o que gera revolta, uma vez que todos são perdoados quando erram, menos ele. o poeta argumenta ao "senhor" que fez promessas, porque era de um grande amor que necessitava. reparem que o eu poético não se diz arrependido pelas blasfêmias, mas busca o perdão. o "sim" solitário do primeiro verso indica que deve haver esse perdão: é uma afirmação contudente, praticamente intimando os céus a livrá-lo da culpa.
cartola: agenor de oliveira, nascido no rio de janeiro, 1908. falecido na mesma cidade, 1980. torcedor do fluminense e um dos fundadores da escola de samba estação primeira de mangueira. o apelido "cartola", veio dos tempos em que trabalhou como pedreiro e, para proteger-se, usava chapéu.